domingo, 31 de agosto de 2008

EMBLEMA DO LOBO MAU.


396-António Damaso
Sargº.Mor Paraquedista (Aposentado) Guiné
Odemira




Boa tarde companheiro Barata
Como sabes agora estou aposentado, que é mais fino do que reformado, sendo assim o ócio ataca-me ferozmente.
Não posso puxar pelo físico por causa do coração, limito-me a dar umas voltas de bicicleta, tenho um apetite devorador, tenho de me contentar com uns grelhados, aqui na minha zona há muito peixe fresco de boa qualidade, mas nesta altura do ano o preço está muito inflacionado por causa dos veraneantes que preferem as nossas praias do litoral alentejano, de modo que esta tarde tive de me contentar com umas sardinhas para o almoço, muito saborosas e em cima um daqueles bagaços, de São Pedro do Sul que me foi oferecido por um parente.
Quando estava a saborear o dito, lembrei-me da origem e de Vouzela, daí a razão de ser deste contacto.
Agora fora do contexto, acerca do Lobo Mau do nosso companheiro,
Américo Silva, estou de acordo com ele no que diz respeito ao fundo do emblema,



porque o verde simboliza a paisagem do nosso lobo ibérico, se bem que o fundo cinzento dá maior aspecto de ferocidade.
Também sobre as as notas do Biafra, estava lá na altura, e tinha alguns exemplares, que guardava na carteira e me foram furtados de dentro do carro em frente ao centro de Saúde por um drogado.
Saudações aeronáuticas

Dâmaso

HOMENAGEM AOS ATIRADORES DO HELICANHÃO.


395-Manuel Lanceiro
Esp.MMA 3ª/69 Guiné
Lisboa











Pronto foram boas mas acabaram-se.
Espero que tenha corrido tudo bem à rapaziada.
Há algum tempo a esta parte, que ando para prestar homenagem, a um grupo muito especial dos nossos "Zés".




Os atiradores do Heli-Canhão.




É que fala-se muito de pilotos, de enfermeiras/os, de pára-quedistas, de comandos, de fuzileiros, de todas as tropas, mas eles merecem uma referência especial.
Foram uns valentes, que em horas de aperto, nunca viraram a cara a nada.
Lembro-me particularmente do Menezes; do Cardoso; do Lobo; do Wilson; do Oliveira e do Castro.
Espero que os outros não me levem a mal, mas estes estão gravados na minha memória.
Fiz muitas evacuações à "zona" com vários tipos de protecção: Uma com os "Fiats" (que mal os vi), outras com os T6 e até pela DO 27 armada com roquetes, não queiram saber a angustia que era.
Mas meus amigos, com "Lobo Mau" era outra coisa, estávamos a jogar em casa, víamo-lo ali por cima às voltas e tínhamos a garantia que estávamos a ser protegidos.
E sempre que era preciso lá estavam eles a bater a zona ou a flagelar o "IN".
Foram os nossos Anjos da Guarda.
Era realmente um alívio ouvir aqueles dois estrondos seguidos, as balas do canhão como eram explosivas, incendiárias e estilhaçantes, faziam duas explosões (à saída e com o impacto).
Mais uma vez digo, foram uns valentes.
E a eles, muitos de nós, devemos com certeza, a vida.
É com esta singeleza que quero publicamente agradecer a todos que pertenceram ao "LOBO MAU".
Bem hajam!
No nosso almoço lá tenho que beber um copo com cada um deles (para meu prazer), só o Menezes é que não tem aparecido com muita pena minha.
Julgo que todos que pertenceram à linha da frente dos "Helis" partilham deste sentimento. Muita saúde e longa vida para todos.

Manel Zé Lanceiro




VB:Bom-Dia,Lanceiro.
Espero que tenhas tido umas boas férias e que tudo esteja operacional para retomares a LINHA DA FRENTE,no lugar a que nos habituaste.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

"EMBLEMA DO LOBO MAU"



394-Américo Silva
Esp.MARME 1ª/69 Guiné

Angola


O Emblema do “Lobo Mau”

Caros amigos

Muitas vezes, participamos ou fazemos coisas, que no próprio momento não lhes damos o seu verdadeiro valor, ou as desvalorizamos até e só muito mais tarde, é que finalmente as avaliamos na sua devida proporção.
Isto vem a propósito do distintivo ou emblema do “Lobo Mau”, nome de código do Allouete III equipado com um canhão MG 20mm.
Como bem sabem, tanto os pilotos como os atiradores/metralhadores que operavam no “heli-canhão”, careciam de prévio treino específico, pois as condições operacionais do manejo do aparelho (helicóptero), assim como daquela arma, obedeciam as normas algo diferentes dos voos em operações quer de colocação ou recuperação de tropas ou feridos em combate.
No período em que cumpri o serviço militar na BA12 – Bissalanca, precisamente entre Julho.1970 a Julho.1972, principalmente na classe dos cabos esp. MAEQ, apenas uns quantos operavam como atiradores da temível arma (canhão MG 20mm).
Era por assim dizer, como que uma elite e esse “estatuto” só era alcançado ao fim de uns bons pares de meses de comissão, como se fosse o prémio da “velhice”...
Quando cheguei à BA12, fui trabalhar nos primeiros tempos para a “manutenção”, passando de seguida para a “linha da frente”, tal como a maioria do pessoal.
Nessa altura, recordo-me apenas que eram atiradores de canhão o Lourenço, o Pedro e o Casaca.
Mais tarde, avancei eu, lembro-me também do Pimentel Figueiredo, do Carlos Meneses e que me perdoem os restantes, não consigo lembrar dos outros nomes.
Estávamos no ano de 1971, cerca de um ano após ter chegado à Guiné, quando tive a oportunidade de vir à “Metrópole” de férias.
Cerca de um mês antes, já fazendo parte da equipa do heli-canhão, desenvolvi a matriz do emblema que seria o distintivo de todos aqueles (pilotos e atiradores) que operavam em tal função.
Emblema de formato redondo, como tantos outros, com o fundo verde, as 3 pás do rotor de cauda do All.III e a cabeça do lobo (que mais parecia um pastor alemão, agressivo), com os dizeres: G.O. 1201 e Esq. 122.
O comando do grupo operacional aprovou a matriz feita por mim em papel vegetal e depois de acertarmos os valores e quantidades (acho que apenas 30 unidades), lá parti eu para férias com a incumbência de, no regresso trazer os emblemas.
E assim foi. Mandei-os fazer em Lisboa, numa casa de artigos militares e bandeiras, ali na “baixa”, os ditos 30 emblemas que mais tarde já na BA12, foram sendo distribuídos pelo pessoal, penso que de uma forma mais ou menos criteriosa.
Eu ainda tenho o meu, que o guardo como uma peça de estimação e agora dou-lhe o real valor que antes não dei, não só pelo facto de ter sido eu a criá-lo como também pela carga histórica que de alguma forma ele é detentor.
No livro da história da FAP, aparece também representado numa colecção de emblemas de esquadras, perpetuando assim a sua criação e a sua componente histórico-militar.
Gostaria de saber quantos mais ex-camaradas que, tal como eu também o envergaram, ainda o possuem.
A finalizar, numa visita a um stand de vendas de artigos militares aquando da exposição da FAP nas comemorações dos 50 anos, vi uma cópia desse emblema, mas com o fundo em cinzento.
Apenas por graça, dirigi-me ao militar que os vendia e informei-o - esse emblema não tem as cores correctas, ao que ele perguntou - mas porquê ?, então eu disse-lhe que os originais pertenciam à BA12 e tinham todos o fundo verde.
Ele olhou para mim de forma algo duvidosa e perguntou - como é que você sabe isso ? então eu respondi-lhe: - é que fui eu o seu autor.
Sorriu, achando interessante a minha observação e ali ficámos a conversar um pouco sobre aqueles tempos do período da guerra colonial.

Américo Silva
VB: São uma autêntica riqueza história estas intervenções deste Grande Companheiro com quem tive a felicidade de conviver na Guiné quando nos roubaram alguns anos à nossa juventude para hoje termos um miserável Pais!
Pois Américo,és realmente um ZÉ ESPECIAL,embora estejas temporariamente em Angola não deixaste de te munir do teu álbum de recordações da Guiné para nos poderes presentear com estes magníficos episódios vividos na nossa BA 12.
Obrigado Companheiro,continuamos a ansiar mais e mais!

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

"QUERIDO COMANDANTE"

393-Jorge Félix
Alf.Pilav. Allouette III Guiné
Braga








Caro Vitor:
Estou a "aterrar" em VN Gaia depois das férias.
Fui me pôr em dia com as noticias e fiquei emocionado com a foto do "Querido" Comandante Diogo Neto e do "Senhor" Pierre Fargeas.
Tenho a certeza que o Mons Pierre nos deve estar a "ver",e gostaria de com ele trocar uma recordação dos idos anos de 69 (Agosto), quando teve que se deslocar a Galomaro porque um Heli que eu pilotava tinha "gripado" a turbina, quando eu fazia um "quick Stop" .
Chegaram á conclusão que uma "palheta" da turbina tinha partido e de seguida a mesma deu o "berro".
Ficam estas breves palavras para tentar trazer para o nosso Blog as muitas historias que o Sr Pierre terá de Bisslanca.
Victor , trata de encontrar o homem grande da linha da frente.

Um grande Abraço

Jorge Félix

VB: Nunca pensei que os Allouette's tivessem uma autonomia tão grande,realmente fizeste um voo muito prolongado.
Como foram as férias,Jorge?
Espero que tenha corrido bem e agora passes a fazer uns "RVIS"assíduos aqui por cima do Blog.
Achei interessante esta procura que fiz deste "velho companheiro e amigo",tenho uma quantidade significativa de fotos e slides que me enviou para publicar,mas
"grande"experiência informáticas ainda o me não permitiram fazer.

SLIDE SHOW





392-Manuel Lema Santos
2ºTen. Reserva Naval Guiné


VB: No dia 25.08,o Sr.Pierre,velho companheiro da linha da frente dos Allouett III,como civil,enviou-nos um poster com 14 slides,que por incompatibilidades de programas,não consigo publicar no Blog,referente a uma cooperação entre a Marinha e a Força Aérea.




De imediato fiz chegar essas imagens ao nosso companheiro de Tertúlia Lema Santos que nos agradeceu assim:






Meu caro Victor Barata,
Salvé pela lembrança e amizade.

Receio não ter dimensão aeronáutica para vos poder acompanhar ainda que, num ou noutro episódio pontual das LFG's como a "Orion" fossem relevantes os relatos de colaboração mútua, sobretudo no apoio indispensável para que nos sentíssemos "mais tranquilos", sobretudo nas passagens do Cumbijã e do Cacheu lá mais para montante...
Felizmente mais raros foram os casos que envolveram evacuações de pessoal das LFG's.
Estou a lembrar-me da LFG "Lira" que, em 13 de Janeiro de 1968, pelas 20:30, foi atacada no Tancroal, rio Cacheu, quando escoltava para Bissau a LDG "Alfange" que transportava 2 companhias estacionadas em Farim e 1 de Binta.
Atingida na ponte por 2 granadas de RPG7 e 1 very-light o navio sofreu 1 morto, 4 feridos graves e três ligeiros.
Os feridos foram evacuados por helicóptero já no dia 14 pelas 02:30, depois da LFG "Lira" conseguir chegar a Cacheu.
Outros 3 foram evacuados já de manhã, pelas 07:30 por um DO27.
Meu dia de sorte, esse dia 13, porque a LFG "Orion" esteve indicada para esta acção e só não a fez por uma avaria no motor de estibordo que impediu a saída.
O meu camarada e colega de curso, imediato da LFG Lira, foi violentamente projectado ao solo e ficou surdo de um ouvido.
Haverá alguma possibilidade de ajudar a saber quem efectuou as evacuações de Cacheu, quer de heli quer de DO no dia 14 de Janeiro de 1968 e nos horários indicados?
Bela pergunta a 40 anos de distância!

Um abraço amigo para todos,

Manuel Lema Santos



PS - A LFG Orion já tinha sido igualmente brindada no mesmo local no Cacheu com um ferido grave em 1965, atingido por um projéctil de MP num pé.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

ORATÓRIO.

391-António Correia

SargºMMA 1ª/69 Negage

Mem Martins








Amigo Victor;


Mais uma vez fui ao meu Báu Militar e para espanto meu encontrei esta foto que anexo, que achei muito curiosa, pelo facto de ser uma pequena Capela embutida no tronco de uma árvore, com uma inscrição também curiosa, só que não me lembro de todo onde poderá ser a sua localização, será que algum ZÉ poderá ajudar-me a localizá-la?


Aquele abraço para todos





António Correia







VB: Vamos ficar à espera que alguém ajude o Correia.

domingo, 24 de agosto de 2008

O MEU BAPTISMO DE VOO!



390-Américo Silva
Esp.MARME 1ª/69 Guiné
Angola











Caro Victor


Todos nós temos estórias para contar dos tempos em que servimos a FAP.
Uns com mais, outros com menos jeito para as contar.
Eu, de quando em vez, sou "picado" pela musa da inspiração e quando assim é, agarro-me ao computador e só paro quando acabo.
Por vezes acontece levantar-me da cama, por falta de sono, vir bater uma palavras e de seguida, aí sim, voltar para a cama e adormecer com facilidade.
A testemunhar o que acabo de descrever, aqui te envio mais uma "estória" minha, cujo título é:

O MEU BAPTISMO DE VOO.







O meu baptismo de voo.

Era um domingo calmo como quase todos os domingos em que não haviam movimentações de aeronaves em operações.
Tal como naqueles dias em que se resolvia “fechar as portas da guerra”, como dizia o Raul Solnado.
A manhã estava calma, solarenga, permitindo “passear” pela placa, frente aos hangares e poder comer uma sandes de queijo e beber uma coca-cola gelada, vendida pelo pessoal que explorava o pequeno bar “adaptado” num dos recantos do hangar dos Fiats e gastar assim o tempo de serviço à linha da frente.
Também de serviço estava o meu amigo 2º Sar. MMA Olímpio Pascoal.
Vi-o dirigir-se a mim e perguntou: - queres dar uma volta de T6 ?
Eu que nunca tinha voado, para além da viagem da Metrópole até Bissalanca num Douglas DC-6, dos T.A.M., nem perguntei mais pormenores e respondi – quero, pois!
-Então vai lá abaixo ao Comando, pedes um para-quedas e vem no jeep com o piloto, que entretanto eu digo-lhe que tu vais com ele.
Assim foi.
Com o entusiasmo que baste, estava satisfeito em ter finalmente o meu verdadeiro baptismo de voo, até ao momento em que ele me ajudou a ajustar os “suspensórios” e o cinto da cadeira e me disse:
– olha que isto é um voo de experiência deste avião, após a inspecção.
Era tarde demais para recuar no convite. O motor estava já a trabalhar, o hélice rodava e os calços estavam a ser tirados para a aeronave avançar para o taxi-way.
Bom, pensava eu, meio entusiasmado, meio expectante, será o que Deus quiser.
O T6 alinhou-se no centro da pista, rapidamente começou a ganhar velocidade e a primeira sensação foi de temor, pela constante movimentação que a cauda transmitia, ora para a direita, ora para a esquerda, até se elevar no ar e ganhar altura.
Agora a sensação era outra, ultrapassados que foram os primeiros minutos pelo desconhecimento. A paisagem era magnífica. Enfim, comecei a pensar que, afinal valeu a pena..., mas foi por curto tempo, até o piloto dizer:
- agora vamos testar as capacidades do motor da aeronave, prepara-te.
De seguida uma brusca queda de asa com uma picada terrível, uma recuperação poderosa com saída para o lado direito. A força da gravidade (Gês) era tão forte que eu quase desmaiava, permanecendo o meu corpo sem qualquer hipótese de reacção.
Isto passou-se por largos minutos até voltarmos para a base.
Acho que naquele momento, Deus ouviu o meu pedido em pensamento...
Eu vinha talvez com as cores do arco-íris, com preponderância para os amarelos, brancos...
A palavra de ordem era: Aguentar!
Já na final, com o trem de aterragem baixo, a alguns metros de tocar na pista, foi o limite da minha capacidade de aguentar e foi tudo “carga ao mar”..., e nem sequer “saquinho de plástico” levei comigo.
Quando saltei para fora do avião, as minhas pernas fraquejaram e só pedi que me levassem para a camarata, todo sujo e envergonhado.
O bom do Pascoal, só se ria e me dizia:
- a multa é no mínimo uma grade de cerveja. É da praxe. Isto claro, para além de ter de limpar por dentro o avião.
Enfim, “o prometido é devido” e “praxes são praxes” !
Lá tive que pagar a grade e fazer de faxina limpando o avião não fosse o Sarg. Ajud. Não gostar da conversa e ainda me aplicar o respectivo “correctivo”...
Naquela altura fiquei muito frustrado, mas serviu-me de lição. Disse para mim próprio:
- Para a próxima, faz primeiro o “briefing” , prepara-te para não seres surpreendido.
Hoje, 38 anos depois, relembro com saudade esses momentos únicos que todos passamos.

Américo

sábado, 23 de agosto de 2008

O MEU ALBUM DE RECORDAÇÕES.

389-Salgado Gonçalves
Sargº.Chefe MMA Guiné
Olá amigos e camaradas.
Hoje fui ao "álbum das recordações" sacar algumas fotos para por aqui no nosso blogue, não que tenham algum interesse especial ou história para contar, são simplesmente "retratos velhos" que quero compartilhar,a maior parte desta rapaziada não vejo há quase quarenta anos. Para todos vai um abraço forte de amizade, estejam onde estiverem...
Para aqueles que andam por aqui (no Blogue) vai também um abraço amigo do
Salgado Gonçalves
Eu ainda aluno.

BA 12,Bissalanca,Guiné,Linha da Frente das DO 27.

No clube de Especialistas da BA 12,Esq/Dir. Semião,Marinho,Eu e Nabiço.


No clube de Especialistas da BA 12 Esq/Dir.Victor Garcia(já falecido),António Garcia,Eu,Semião,Costa e Lucas.



Na camarata





Instalações da FAP em Nova Lamego



Bajuda de mama...descaída!






O PIRISCAS FOI PROMOVIDO...A AVO!


388-Arlindo Piriscas
2ºSargº.MMA Tete


Victor isto é que é pontaria, estou a utilizar o PC da filha, pois neste momento encontro-me em Sabrosa , porque ela se encontra no Hospital de Vila Real, para participar no aumento da família Pereira (está para dar à luz). No que diz respeito à minha saúde as perspectivas são boas vamos aguardar pelo próximo mês que é quando vou mostrar os exames pós tratamento .
Quanto a ti continuo a granjear grande admiração por tudo o que tens feito em prol da família dos ZÉS, que DEUS te continue a dar vitalidade para manteres este ritmo e proporcionares momentos de felicidade para muitos de nós.
Um grande abraço para ti , com a esperança de que um dia seja possível nos encontrar-mos, até breve.
Arlindo Pereira
VB: É verdade,como é que acertei na munge?!
Arlindo espero que tenha corrido tudo bem com o nascimento do teu/tua neto,vem enriquecer a tua família e dos ZÉS.
Sugeria a ideia,uma vez que estás em Vila Real,quando passares para Lisboa fala.
Boas Férias.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

REENCONTRO DE VELHOS AMIGOS.





387-Fernando C.Branco
1ºSargº.MMT 2ª/69 Tete
Terceira-Açores










VB: No dia 17 de Agosto,recebemos uma mensagem do nosso
companheiro Salgado a apresentar-se ao Blog.
O Fernando,depois de a ler,enviou-nos outra nestes termos:











Amigo Gonçalves

Ao visitar o “nosso” blog ;há momentos; reparei no teu artigo?!...
Suponho que estivemos na Ota a frequentar o primeiro CFS,( Curso de Furriéis, para os que já eram)?!...
Eu reprovei, por ter desistido, algumas vezes fomos almoçar juntos?! Será?
Se não estou em erro, tinhas um Datsun 100 A azul?
Eu, sou o Castelo Branco e na altura estava colocado na BA4!....
Caso não sejas, peço desculpa e um bom descanso de guerreiro...
Um abraço e tudo bom para ti e para os Teus.

Fernando Castelo Branco





VB: Face a isto,o Salgado disse:



Olá amigo Castelo Branco
Acertaste, de facto frequentamos o 1º CFS, penso que não te correu bem, mas não tenho a certeza.
A tua especialidade era MMT?
Depois de finalizar o curso fiquei lá colocado na instrução até 1995,ano em que fui transferido para a BA1, saí em 2000 e desde então tenho estado a gozar a reserva e agora a reforma.
Até agora tem corrido tudo bem, mas como estamos a ficar mais pra lá,que para cá espero que continue assim.
Gostei de saber que vai tudo bem contigo e com os teus.
Para ti e para os teus vai um abraço do amigo ao dispor.
José Salgado Gonçalves





VB: Estava consumado mais um intercâmbio entre velhos companheiros que o destino separou sem lhes ter proporcionado o encontro tão desejado.
Então o Fernando,com aquele "timbre" que lhe é tão característico,respondeu:


Grande Amigo Gonçalves (era assim que Te tratava)
Começo por te dar um FORTE ABRAÇO de Satisfação e Amizade.
Como se costuma dizer o mundo é pequeno; já se passaram quase trinta e um anos e voltamos a nos encontrar...
Realmente, eu, devido a problemas familiares, porque tinha os filhos pequenos e a mulher estava sozinha nos Açores; e a situação que estávamos a atravessar como Milicianos NÃO era justa, desisti...
Voltei a frequentar novamente o segundo curso, mas a Física arrumou-me...
Passei á disponibilidade como Primeiro-sargento e optei por ficar aqui nos Açores, mas, continuo ligado á FAP, como civil, primeiro como Mecânico no Porto Militar, agora, como guarda civil, porque houve redução de pessoal e eu não quis viver a mesma situação de quando Militar...
Voltando a Ti, recordo-me de boas passagens que tivemos, desde o almoçarmos juntos, o sairmos á noite e o jogar do poker...
Eras um Amigo de contar; como tal, espero que tenhas sido reconhecido pela Tua maneira de ser?!...
Um abraço e escreve sempre.
Fizeste bem teres entrado na "nossa nova casa", aonde se encontra o "BAÚ" da Saudade e da Amizade; ou seja OBRA do Victor Barata; que nos tem dado a chave a todos...
Fernando Castelo Branco

BISSALANCA E A GUERRA DO BIAFRA.


386-Américo Silva
Esp.MARME 1ª/69 Guiné

Angola



Para além de ser um coleccionador de tudo que é coleccionavel, também faço modelismo estático, desde 1970, altura em que fui colocado no DGMFA em Alverca, pois era lá que comprava os kits da Airfix a um civil que trabalhava nas OGMA.
Foi lá que ganhei o vício por deste hobby.
Desde essa altura até agora, comprei já tantos kits que, nem que vivesse três reencarnações, arranjaria tempo para montar todos os kits que possuo ainda nas suas caixas originais (por montar).
De certeza que muitos dos camaradas que frequentam este blog, também têm a mesma "pancada" que eu...Normalmente segue-se uma orientação temática.
Eu começei por fazer os modelos das aeronaves da FAP, depois iniciei também o tema: I Guerra Mundial; II Guerra Mundial e assim por diante.
Um dos temas que ainda continuo a desenvolver e a dedicar o meu tempo, é sobre a Guerra do Biafra, guerra civil na Nigéria que terminou em genocídio, entre 1967 e 1969, se a memória não me falha.
Portugal participou com algum apoio logístico, para não falar noutras contribuições..., consentindo que as aeronaves de apoio humanitário e não só..., utilizassem principalmente o aeroporto de S. Tomé pela sua posição geoestratégica, para além da Portela, Bissalanca, etc.
Recordas-te daquele avião "esquisito", comprido, que estava estacionado a seguir às DO's na ligação entre a base e a placa civil dos TAGP, (lá, meio esquecido)?
Pois esse avião, um Gloster Meteor NF14 (foto anexa, de modelo), com a designação na fuselagem: "Enterprise Films", para "despistar", foi um de dois aviões que a FA do Biafra comprou na Europa para operar contra a FA da Nigéria.
Fizeram escala no aeroporto de Faro, tendo um deles que amarar por falta de combustível, ficando perdido no fundo do mar e aquele que estava na BA12.
O piloto após ter aterrado, decidiu abandoná-lo na placa, apanhando o primeiro avião que conseguiu e regressou à Europa.
Finalmente indo directo ao assunto, em 1968, aterrou um Super Constellation que tinha partido de Lisboa, transportando no seu interior, para além das asas de um caça "Fouga Magister", provavelmente também armamento e com certeza dinheiro do Biafra, para futura circulação (foto anexa em baixo).
Esse avião de carga foi sabotado por um dos seus tripulantes e explodiu, quando todos tinham ido almoçar.
Dizem aqueles que presenciaram a ocorrência, que a explosão provocou uma chuva de notas, caindo do ar.
Há muitos anos, tive uma nota dessas, com uma ponta queimada, que me desapareceu. Felizmente, consegui arranjar outra, em melhor estado de conservação, que me foi oferecida e que ainda guardo a "sete chaves", como uma relíquia.
Agora vem a questão principal: Será que alguém tem imagens desses momentos?








Quando no outro dia vi uma imagem no registo do blog, onde se avistava ao longe, lá para os lados do aeroporto civil, uma nuvem de fumo, fiquei com a ideia que seria o registo fotográfico dessa explosão, apesar da legenda dizer que era um T6 a arder.
É que o ângulo da imagem (aceito estar enganado), mostra a posição do fumo num local que não era o estacionamento normal dos T6, que ficavam virados para os 2 hangares principais, na chamada "linha da frente".
Deixo aqui o repto a todo o pessoal que esteve na BA12 nesse ano (1968), para colocarem aqui os seus comentários e imagens, se as tiverem, sobre a ocorrência relatada.

Cordiais cumprimentos.


Américo Silva



VB: As tuas histórias continuam a ser um autêntico recanto de emoções.
A realidade dos factos e o entusiasmo com que nos relatas esses acontecimentos,são emocionantes.
Fica então e repto à malta que esteve na BA 12,para emitirem os seus comentários.
Pessoalmente estou de acordo que naquele local não estacionavam os T6,mas como esta informação do nosso companheiro Costa Ramos remota a 1968,não tenho conhecimento de causa para poder corrigir.


O SEU A SEU DONO:


386-António Correia
2ºSargº MMA 1º/69 Guiné


Mem Martins

VB:Ainda relacionado com esclarecimento que o nosso companheiro Américo Silva nos forneceu em face aos equívocos do Jorge Mendes e António Correia
relacionado com a aeronave Beechcraft DS 18/C-45,quis este também agradecer, com a mensagem que se segue,a devida rectificação ao Américo.
Assim se vêm os ESPECIALISTAS!






Amigo Victor;
Na sequência das mensagens dos companheiros Américo Silva e Jorge Mendes, fui verificar o que nelas se refere e concluí que também eu cometi uma imprecisão, porque eu não voei no Beechcraft AT-11 "Kansan", mas sim no Beechcratf DS18/C-45 Expeditor, conforme consta da minha Caderneta de Registo de Serviço Aéreo.
Mais uma vez retirei uma foto do Site do Museu do Ar, do avião em que realmente voei no Negage.
A todos as minhas desculpas com um grande abraço.

António Correia





Beechcraft DS 18/C 45 Expeditor da FAP Matª.2508


quinta-feira, 21 de agosto de 2008

DO-27


385-António Dâmaso
Sargº.Mor Paraquedista Guiné

Odemira


Boa noite camarada Barata!

Há dias disse que me considerava um especialista da FA, hoje pensando no assunto, lembrei-me que provavelmente,Apesar de estar reformado como sargento mor de Infantaria, sou mesmo um especialista:
Tenho um curso de sargento enfermeiro tirado no NEFA1 (Hospital da Força Aérea) com a duração de 18 meses, equivalente a dois anos lectivos,Conforme OA n.º 45 3.ª Série, pág. 579, exerci enfermagem no mesmo Hospital até 1981.
Sou técnico de radiologia também diplomado no Hospital da Força Aérea com o aval da Escola Superior de Saúde Pública.
Exerci Radiologia no HFA e durante 26 anos no Centro de Saúde de Odemira.
Agora falando de aviões, tenho muitas horas de voo em aviões da FAP, fiz uma viagem com regresso Lisboa- Luanda em DC6,cerca de 7viagens Lisboa- Bissalanca e vice -versa,uma viagem de ida de Bissau para Lourenço Marques em DC6, mais uma viagem de Lourenço Marques a Nampula, não me lembro o tipo de avião, regressei de Nacala em SKaimaster para Lisboa, regressei da Guiné em Boeing, viajei para a cimeira dos Açores em DC6 mais tarde viajei para os Açores em C130.
Saltei e lancei pessoal de JU52,Dakota, Nordatlas, Aviocar, C130,etc.
Em Moçambique, andei a fazer segurança em voos para Marrupa Porto Amélia, etc, num bimotor a turbo-hélice, que não me lembro o nome, fica aqui o pedido a um especialista na matéria.
Quanto a versátil DO27, foi um pequeno grande avião tanto táctico, sanitário e logístico, bastava um campo de futebol para aterrar e descolar.


Um abraço,


Dâmaso

RECORDAÇÕES DO BCP 12,BISSALANCA,GUINÉ.


384-Joaquim Guiomar Silva

2ºSargº Melec./Centrais 1ª/68 Guiné
Moita



Guiomar SilvaEx 2ºsarg MELEC 1ª de 68.Sardoal, Abrantes e Moita Amigo e companheiro Victor:
Têm 'aparecido' aqui neste nosso espaço muitos relatos passados com camaradas do BCP12 em vários pontos da Guiné e essencialmente envolvendo páras das companhias 121, 122 e 123.

Eu também estive lá 24 meses no BCP12 e apesar de ser o chefe da secção eléctrica tinha muitos amigos páras da classe de sargentos e praças estando por isso a par de todos os acontecimentos... Mesmo que não se quisesse, acabávamos por estar envolvidos em todo aquele clima de guerra acompanhando ,bem de perto, todos os momentos dramáticos que envolviam mortos, feridos e situações graves.
De todos os militares que aqui já foram citados conheci-os todos, sargentos, oficiais e comandantes.
Fui várias vezes a Nova Lamego e pude verificar como era difícil a vida daqueles militares (e Nova Lamego, comparada com outras zonas era uma colónia de férias...).
Com tudo isto quero dizer que envio um abraço a todos aqueles que nos anos de 72/74 estiveram no BCP12, páras e especialistas e que partilharam comigo um quotidiano pleno de amizade e camaradagem.
Junto envio algumas fotos para recordarem alguns amigos que decerto irão reconhecer.















Um Abraço.

Joaquim 06



VB:Seja bem aparecido Sr.Joaquim!!!
Onde é que o Companheiro tem andado? Esperamos por uma maior assiduidade a partir de agora.

INCIDENTE NA MACHAMBA.


383-Augusto Ferreira
Esp.Melec. Inst./Av. 3ª/69 Tete
Coimbra



AB7 – Tete – "Incidente na Machamba"




Aqui estou de novo Victor, para procurar aos nossos companheiros, que passaram pelo AB7-Tete, entre os anos de 72/74, se recordam ou não da "machamba", que existia mesmo em frente á porta de armas?
Parece um tema sem interesse, mas a verdade é que era de lá, que vinha alguma hortaliça e fruta que consumíamos no aérodromo.
Além de bananeiras e papeieiras, ainda existia lá uma plantação de algodão, como podes verificar, pela fotos que te envio. Em duas delas com o furriel Rafael MMA.
Era um verdadeiro oásis por aquelas bandas.





Ora aconteceu um dia, naqueles períodos de grande calor e seca, em que a vegetação desaparecia completamente por aqueles sítios, que um jovem do aldeamento próximo, andava a pastar umas vacas na zona e resolveu aproximá-las da referida machamba, onde tudo estava verdejante, pelo cuidado permanente que lhe era dedicado.
O pessoal que estava à porta de armas, logo que detectou a presença dos animais, já no meio das plantações, alertou os superiores no interior, que lhes deram ordens para os abaterem de imediato.
O incidente terminou, com a recolha das referidas vacas, para dentro do aeródromo.
O " Bufana",que era o cozinheiro africano do aeródromo, acabou por ficar com mais opções, para os menus que tinha que preparar nas messes, para os dias que se seguiram.
Foi só mais um episódio, à margem da guerra, daqueles tempos em que por lá passámos e que também fizeram parte, do nosso dia a dia.
Por agora é tudo, daqui te envio o grande abraço habitual, assim como para todos os Zés desta nossa linha da frente.

Até breve


Augusto Ferreira








VALE A PENA PERTENCER À CLASSE DOS ZÉS ESPECIAIS!


382-Jorge Mendes
2ºSarg.Mil.EABT 1ª/68 Moçambique

Coimbra



Amigo Victor:
Fiquei reconhecido e grato pela correcção feita pelo nosso Companheiro Américo Silva.
Não tem nada que me pedir desculpa, eu sim fico bastante grato pela sua mensagem., pelo conteúdo da correcção , pela delicadeza e elegância como o fez.
Vale a pena ter companheiros destes.
Obrigado Américo Silva.................. e já agora gosto da tua t-shirt.

Um abraço

Jorge Mendes
VB: Obrigado meu Deus por me teres dado o privilégio de conhecer e conviver com pessoas como estas!
Realmente é sensibilizante a moderação do diálogo escrito entre estes nossos dois Companheiros.

O SEU A SEU DONO.


381-Américo Silva
Esp.MARME 1ª/69 Guiné
Angola



Caro Victor

Sem pretender ser inconveniente ou deselegante, por isso o nosso ex-camarada Jorge Mendes, 2º Sar.Mil.Abast. 1ª/68, que me perdoe.

Ao percorrer o blog, deparei com a sua mensagem e achei que deveria fazer este reparo, ao ver no seu trabalho, apresentado em Abril'08, com o título "Relíquia da FAP", a imagem de um Junkers Ju52/3m com o nº 109, de fabrico alemão (anterior à fundação da FAP em 1952), referenciada com a designação de Beechcraft AT-11 "Kansan" , de fabrico Norte Americano.

Curiosamente, a aeronave que o António Correia, no mês a seguir, Julho'08, refere ter feito o seu baptismo de voo, apresentando a respectiva imagem.

Costuma-se dizer que: "mais vale tarde que nunca" e o "seu a seu dono", daí o meu simples reparo.



Foto 1- Enviada pelo Jorge Mendes em Abril 2008




Foto 2 - Enviada pelo António Correia em Agosto de 2008



Cumprimentos.
Américo Silva


VB.Este espaço também tem esta virtude,ou seja,repor a verdade dos factos que ás vezes a memória tenta em atraiçoar-nos.

QUEM TEM CÚ...TEM MEDO!


380-Manuel Pereira

Esp.EABT 1ª/67 Negage
França






FOI DE MORRER A RIR:
UM CERTO DIA CHEGAM UNS MENINOS AO NEGAGE.
TRES DELES FORAM PARA O NOSSO QUARTO ,AS TANTAS DA NOITE HÁ UMA RAJADA DE PEDRAS NO TELHADO EM ZINCO, " SALVO ERRO".
RAPAZES, SÓ VISTO, QUANDO ENTRAMOS NO QUARTO ESTAVAM TODOS DEBAIXO DA CAMA AI....AI.....
UM GRANDE ABRAÇO

MAIS UM ZÉ CHEGOU ATÉ NÓS.

379-José Salgado
Sargº.Chefe MMA 1ª/68 Guiné



VB:Recebemos esta mensagem do nosso Companheiro Salgado que esteve na Guiné, na Linha da Frente das DO 27.
Quem se recordar dele,faça o favor de entrar neste espaço ou através do seu Email.
Já agora aproveito para te dizer que faltam as fotos,militar e actual, para seres membro da Tertúlia.



Caros camaradas.
Ao "passear" pela net deparei-me com este blog.
Quero saudar o camarada Victor Barata pela sua criação e aproveitar para saudar também todos os camaradas que passaram pela BA 12 onde estive entre 69/71,(linha da frente DO 27) e também toda a rapaziada da minha recruta 1ª/68 cujo meu número era o 330, não esquecendo todos os camaradas especialistas e não especialistas da FAP.
Sou o:José Alexandre Salgado Gonçalves SCH/MMA-
Ref.salgadogoncalves@iol.pt
Manter-me-ei em contacto por este meio.
Um abraço para todos.

domingo, 17 de agosto de 2008

A MINHA 2ª COMISSÃO NA GUINÉ.


378-António Dâmaso
Sargº.Mor Paraquedista Guiné

Odemira



Boa tarde camarada Barata

Umas vezes trato-te por camarada e outras por companheiro, tudo tem uma explicação, ai vai:

No meu tempo, na Força Aérea dos especialistas, o tratamento entre militares de posto inferior para superior, era de senhor em vez de meu e entre classes iguais era de companheiro.

Hoje o meu pensamento vai para o soldado desconhecido, digo eu, refiro-me àquele militar com ou sem patente, que estava lá, contribuía com o seu esforço para o conjunto, como formiga obreira, mas que, por não ter cunhas, não ser engraçado nem engraxador, via as benesses passar-lhe ao lado, não havia prémios do Governador da Província, nem promoções a cabo, nem férias, em resumo nada de nada, no entanto lá iam procurando manter-se vivo, com a agravante de passarem uma comissão a viverem em buracos sem as mínimas condições.

As minhas palavras valem o que valem, sabemos que dois observadores colocados no mesmo ponto, cada um tem a sua visão dos acontecimentos e depois na narração, cada qual compõe o ramalhete à sua maneira.

Por outro lado, a sensibilidade para suportar a dor e outras situações traumáticas, varia de indivíduo para indivíduo.

Vou falar da minha comissão na Guiné e dos motivos que me levaram a ir para lá segunda vez:Quando regressei da primeira comissão, depois das férias apanhei a escala de serviço, com cinco fins-de-semana seguidos com começo à sexta ao render da parada e fim na segunda à mesma hora.

Depois foi uma instrução de Combate, seguidamente uma recruta, com três instruções nocturnas por semana que me impediam de ir a casa embora só morasse a cerca de 10 KM, depois foi a informação de que estava à bica para ser nomeado para Moçambique, isto levou a que me oferecesse novamente para a Guiné por já conhecer e estar convencido de serem só 18 meses.

Cheguei à Guiné BCP12, em 20MAR69, ia a contar ir para uma companhia operacional, mas devido à minha especialidade, fui aumentado ao efectivo da CMI, (Companhia de Material e Infra-estruturas) passando a desempenhar as funções de chefe de movimento na secção de transportes auto.

Como não ia para o mato, mandei ir a família, estava tudo a correr bem, até que um dia escalei umas viaturas para irem transportar uma companhia que regressava do mato, os militares saíram da viatura e de imediato colocaram-se uns à frente e outros atrás e procederam à acção de desarmar, o material de guerra.

O condutor apitou para que o deixassem passar mas em vez disso, um jovem Tenente comandante do pelotão foi à viatura, sacou o condutor e deu-lhe valente tareia, eu tinha assistido à parte final e quando o condutor chegou junto de mim a chorar informei-o de que lhe assistia o direito de se queixar tendo a obrigação de previamente lhe dar conhecimento de que se ia queixar.

O condutor argumentou que não sabia fazer a queixa, como ele estava debaixo das minhas ordens directas, armei-me em Chico esperto e redigi logo a queixa e lá foi o condutor de queixa na mão, dar conhecimento ao senhor tenente de que se ia queixar, este matreiro, deu a volta ao rapaz, que não apresentou queixa nenhuma e eu passados três ou quatro dias sem que ninguém me tivesse dito nada, fui transferido para a CCP122 e com a G3 nas unhas e mochila às costas colocado no pelotão do citado senhor oficial isto a 29MAI69 em 30 marchei para Mansabá onde estava a Companhia, sem que eu o soubesse começou aqui uma perseguição que me deu cabo da vida militar para sempre com graves reflexos para a vida privada e familiar, só vim a saber em 1975, pelo facto do mesmo se ter gabado do feito, com alguns ouvintes que depois me deram conhecimento.

A missão da Companhia na altura era fazer segurança à estrada que estava a ser construída entre Mansabá e Farim, dar protecção às colunas auto efectuadas entre Mansabá-Mansoa e vice-versa, para descansar íamos fazendo uns Heli-assaltos.

Foi assim que tomei parte na Operação «Orféu», juntamente com a 15.ª C. Comandos, na zona de Bula no dia 13JUN69, onde se fizeram alguns mortos, prisioneiros e se apanhou muito material de guerra, nesta operação fui colocado na segunda vaga, no outro estremo da mata, tendo como missão a limpeza e destruição.

No dia 20JUN69 tomei parte na operação «Nestor» também na zona de Bula, Choquemone mais uma vez 2.ª vaga, destruição e limpeza, mais prisioneiros, mais material, vi coisas que me chocaram entre elas, o cavalheiro Tenente estar a dar um "tratamento" a um prisioneiro, pelos vistos, gostava de "malhar"nos mais fracos.

No inicio de Julho fui com a C.ª para Teixeira Pinto, via auto e os cicerones lá iam informando o periquito que era eu, dos locais onde tinham havido emboscadas às nossas tropas, confesso que aquela mata metia respeito.

Depois de três dias em Teixeira Pinto, a caçar umas perdizes junto à pista, pombos verdes nas mangueiras, apanhar algum marisco, estava a ambientar-me, até que, no dia 08JUL69, enfiaram-me numa DO27 rumo a Bissau.

Chegado ao BCP12, estava lá uma CCP que passaram a chamar de CCP123, esta C.ª tinha sido formada em Tancos com destino a Angola, mas à última hora, foi parar à Guiné como reforço.

Recebi ordens para integrar a mesma o Comandante já o conhecia da 1.ª comissão, tinha lá estado como Alferes, alguns dos Sargentos também lá tinham estado até aí tudo bem.

De armas e bagagens, embarcamos no Cais de Bissau numa LDM, Geba acima até Bambadinca, se não estou em erro, chegados aí, viaturas até Bafatá ficamos asilados no Esquadrão de Cavalaria FOX.No dia 11JUL69 embarcamos nas viaturas com destino a Galomaro e aí tomamos os helis para a operação «Sátiro» que durou dois dias na zona de Palada-Jábia além da CCP123, participou a C.ª Caç 5, no dia 12, fomos recuperados de Heli para Nova Lamego de onde seguimos via auto para Bafatá, quando estávamos a chegar vimos os Helis a aterrar pela ordem de aproximação e o Heli-canhão a dar mais uma volta tendo tocado com a ponta da Hélice numa das antenas rádio, enrolou vindo a despenhar-se no solo.

Como se incendiou, as munições do canhão começaram a rebentar em todas as direcções sem que nada se pudesse fazer para os tirar daquele inferno de chamas, aquela cena lancinante, causou-nos a todos grande consternação e pesar, ali ficaram mais duas vidas a do piloto e do apontador do canhão.

VB:Já estranhávamos a tua ausência mas como estamos em período de férias...
Para mim Companheiro ou Camarada,cada um interpreta-as à sua maneira,para mim em termos de aplicação,é igual.
Muitas vezes pretende-se arranjar algumas incompatibilidade através destas palavras,arranjando significados que são apenas de utilização pessoal.
Já agora gostava de te perguntar se conheces alguma aeronave com maior comodidade que a DO 27? Que grande máquina,tenho bastantes horas de voo nesse lindo passarito(teco-teco),e também grande saudade de não poder tornar a saborear um tiro que levei na asa esquerda junto ao deposito de combustível,uma sensação...do "caraças"!

DESTA VEZ CHEGA UM ZÉ DO NEGAGE,SEJAS BEM VINDO.

376-Manuel Pereira Marques
Esp.EABT 2ª/67 Negage
EU MANUEL PEREIRA MARQUES ESP. FAP SEGUNDA 1967 PASSAGEM POR AÇORES E EM SEGUIDA ANGOLA NEGAGE ACABANDO EM PORTUGAL ALVERCA AQUI FICA UM GRANDE ABRAÇO PARA TODOS OS QUE PARTILHARAM COMIGO AS MESMAS REFEIÇÕES DORMITÓRIOS E OS MESMOS COPOS E NÃO SÓ. AGUARDO NOVIDADES XAU...XAU
Foto militar no Negage



Foto actual




VB: Como habitualmente aqui estamos a dar-te as boas vindas a este espaço que a partir de agora é teu.Como já deves de saber,uma das particularidades deste Blog,entre outras,é o reencontro com companheiros que connosco conviveram horas boas e más e dos quais nunca mais soubemos nada.
Esperamos que assim aconteça contigo.
Bem,Manuel,para seres Tertuliano da LINHA DA FRENTE,ainda nos terás que enviar o teu contacto e as tais "estórias" que tens para nos contar(calculamos que sejam muitas e divertidas).

sábado, 16 de agosto de 2008

NOTÍCIAS DE ANGOLA COM O AMÉRICO SILVA.


375-Américo Silva
Esp.MAE 1ª/69 Guiné

Angola


Caro Victor,
Obrigado pelo teu mail.
Tenho que confessar que só após ver a foto em que estás com o Victor Garcia, é que fiquei 100% convencido sobre a tua pessoa.
É que passar de "peso pluma" para "pesados" e ao fim de 30 anos não é fácil por vezes ser-se reconhecimento e imediato, como deves calcular.
Fiquei surpreendido com a tua informação sobre a morte do Garcia.
Gostaria de saber mais pormenores sobre esta questão.
A última foto que me mandas, onde estão para além de ti, o Wilson (não estou a ver quem é !?), uma senhora e o Pessoa.








Diz-me, este Pessoa é o mesmo Pessoa, Mec. de Armamento ? O que está comigo nesta foto ? Se assim é, nunca mais eu iria reconhece-lo.
Quando estava em Portugal, mesmo antes de ir trabalhar para a Alemanha, onde estive 6 anos antes de vir para cá, fui a alguns almoços do pessoal.
Certa vez, num desses almoços, enquanto esperávamos pelo resto do pessoal, fizemos uma roda de conversa e eu perguntei pelo Analídio (Armamento) que era um companheiro nosso que eu conheci antes de irmos para a FAP.
Todos riram e eu não sabia porquê, até que um disse: éh pá, o Analídio é esse que está aí mesmo ao teu lado. Bom, imaginas a risada que foi a seguir.
É que ele era um tipo de estatura normal, passados todos aqueles anos aparece forte como tu...
Enfim, são daqueles momentos que nunca mais esqueceremos.
Acerca de mim.
Estou em Angola desde Março de 2006.
Trabalho na área da Construção civil. Anteriormente na Alemanha estive a fazer direcção de obra, aqui estou a fazer fiscalização de obras e consultoria a uma empresa angolana.
Vim por 6 meses, mas vou ficar até final do próximo ano, até concluir a construção de um edifício de 30 apartamentos no sul de Luanda, na zona de expansão dos condomínios fechados.
Sempre que posso, viajo, quer de avião quer de carro e isso permite-me registar tudo o que vejo, pois levo sempre comigo a minha máquina.
Vai mandando notícias, sim?

Um abraço

Américo
VB: Não,não é o Pessoa MAE a que me refiro,mas sim a um Piloto de Fiat-G91,que
foi atingido por o míssil "Strella" e se ejectou caindo de paraquedas e recuperado no dia seguinte,lembras-te?
A senhora,é a Enfª.Para. Giselda que é hoje sua mulher.
Quanto ao Wilson,está numa das fotos que me enviaste assistir a uma partida de futebol.