Fabricio Marcelino
Esp.MMA
Leiria
Como eu te compreendo Nuno Almeida! O relato que fazes no VOO Nº1962, fez-me recuar muitos anos e relembrar coisas antigas e horríveis.Como é do conhecimento de todos,eu era da linha da frente dos F-86F.
 Por tal  motivo, eu não ia fazer evacuações. Sempre reconheci os  perigos de vida a que eram expostos os colegas que o faziam. Refiro-me a  todos, sem excepção,pilotos,mecânicos e enfermeiras.Embora não fosse  fazer evacuações,pelos motivos apontados,não me inibiu, de ter que  agarrar por variadas vezes, em feridos graves e esventrados.Passaram 48  anos, mas dos muitos que me passaram pelas mãos, recordo ainda hoje o  dia 8 de Dezembro de 1962.Era o dia da mãe nessa altura.Tanto os  pilotos,como mecânicos éramos poucos e os ataques constantes. Os mesmos  tinham-se intensificado uns dias antes,os aviões só estavam parados o  tempo suficiente para as inspecções,abastecer e municiar. Nós andávamos  todos derretidos, com falta de descanso e, passávamos de uma escala para  outra, sem interrupção.Recordo, que nesse dia tinha deixado o alerta de  24 horas,em que tivemos várias saídas durante a noite e, por tal  motivo, também não dormimos,de novo.Às 9 horas entrei de mecânico de dia  à Base.O Broussard, andava constantemente a sair, para fazer  evacuações.
Por tal  motivo, eu não ia fazer evacuações. Sempre reconheci os  perigos de vida a que eram expostos os colegas que o faziam. Refiro-me a  todos, sem excepção,pilotos,mecânicos e enfermeiras.Embora não fosse  fazer evacuações,pelos motivos apontados,não me inibiu, de ter que  agarrar por variadas vezes, em feridos graves e esventrados.Passaram 48  anos, mas dos muitos que me passaram pelas mãos, recordo ainda hoje o  dia 8 de Dezembro de 1962.Era o dia da mãe nessa altura.Tanto os  pilotos,como mecânicos éramos poucos e os ataques constantes. Os mesmos  tinham-se intensificado uns dias antes,os aviões só estavam parados o  tempo suficiente para as inspecções,abastecer e municiar. Nós andávamos  todos derretidos, com falta de descanso e, passávamos de uma escala para  outra, sem interrupção.Recordo, que nesse dia tinha deixado o alerta de  24 horas,em que tivemos várias saídas durante a noite e, por tal  motivo, também não dormimos,de novo.Às 9 horas entrei de mecânico de dia  à Base.O Broussard, andava constantemente a sair, para fazer  evacuações.
 Dos muitos feridos que chegavam e, que recebi,recordo um  oficial da Marinha, que tinha uma perna decepada um pouco abaixo do  joelho,apenas presa por um tendão na parte traseira.Mas aquele que  recordo com muita mágoa, é a de um soldado do exército, que vinha  esventrado, com as vísceras de fora, com um colega a segurar.Para se  poder tirar do Broussard, e colocar na ambulância, tive que agarrar  também as mesmas, para as colocar no abdómen.Recordo igualmente,  os gritos de horror daquele homem,que não tinha ainda tomado qualquer  medicamento, a gritar pela mãe e a pedir-nos por Deus que o salvássemos.  Logo que a ambulância foi para o hospital eu fechei-me dentro de um  F-86F e chorei como uma criança,porque o horror vivido foi tal, que era  impossível aguentar sem chorar.E volto a repetir,para mais era o dia da  mãe!
Dos muitos feridos que chegavam e, que recebi,recordo um  oficial da Marinha, que tinha uma perna decepada um pouco abaixo do  joelho,apenas presa por um tendão na parte traseira.Mas aquele que  recordo com muita mágoa, é a de um soldado do exército, que vinha  esventrado, com as vísceras de fora, com um colega a segurar.Para se  poder tirar do Broussard, e colocar na ambulância, tive que agarrar  também as mesmas, para as colocar no abdómen.Recordo igualmente,  os gritos de horror daquele homem,que não tinha ainda tomado qualquer  medicamento, a gritar pela mãe e a pedir-nos por Deus que o salvássemos.  Logo que a ambulância foi para o hospital eu fechei-me dentro de um  F-86F e chorei como uma criança,porque o horror vivido foi tal, que era  impossível aguentar sem chorar.E volto a repetir,para mais era o dia da  mãe!
 Esp.MMA
Leiria
Como eu te compreendo Nuno Almeida! O relato que fazes no VOO Nº1962, fez-me recuar muitos anos e relembrar coisas antigas e horríveis.Como é do conhecimento de todos,eu era da linha da frente dos F-86F.
 Por tal  motivo, eu não ia fazer evacuações. Sempre reconheci os  perigos de vida a que eram expostos os colegas que o faziam. Refiro-me a  todos, sem excepção,pilotos,mecânicos e enfermeiras.Embora não fosse  fazer evacuações,pelos motivos apontados,não me inibiu, de ter que  agarrar por variadas vezes, em feridos graves e esventrados.Passaram 48  anos, mas dos muitos que me passaram pelas mãos, recordo ainda hoje o  dia 8 de Dezembro de 1962.Era o dia da mãe nessa altura.Tanto os  pilotos,como mecânicos éramos poucos e os ataques constantes. Os mesmos  tinham-se intensificado uns dias antes,os aviões só estavam parados o  tempo suficiente para as inspecções,abastecer e municiar. Nós andávamos  todos derretidos, com falta de descanso e, passávamos de uma escala para  outra, sem interrupção.Recordo, que nesse dia tinha deixado o alerta de  24 horas,em que tivemos várias saídas durante a noite e, por tal  motivo, também não dormimos,de novo.Às 9 horas entrei de mecânico de dia  à Base.O Broussard, andava constantemente a sair, para fazer  evacuações.
Por tal  motivo, eu não ia fazer evacuações. Sempre reconheci os  perigos de vida a que eram expostos os colegas que o faziam. Refiro-me a  todos, sem excepção,pilotos,mecânicos e enfermeiras.Embora não fosse  fazer evacuações,pelos motivos apontados,não me inibiu, de ter que  agarrar por variadas vezes, em feridos graves e esventrados.Passaram 48  anos, mas dos muitos que me passaram pelas mãos, recordo ainda hoje o  dia 8 de Dezembro de 1962.Era o dia da mãe nessa altura.Tanto os  pilotos,como mecânicos éramos poucos e os ataques constantes. Os mesmos  tinham-se intensificado uns dias antes,os aviões só estavam parados o  tempo suficiente para as inspecções,abastecer e municiar. Nós andávamos  todos derretidos, com falta de descanso e, passávamos de uma escala para  outra, sem interrupção.Recordo, que nesse dia tinha deixado o alerta de  24 horas,em que tivemos várias saídas durante a noite e, por tal  motivo, também não dormimos,de novo.Às 9 horas entrei de mecânico de dia  à Base.O Broussard, andava constantemente a sair, para fazer  evacuações. Dos muitos feridos que chegavam e, que recebi,recordo um  oficial da Marinha, que tinha uma perna decepada um pouco abaixo do  joelho,apenas presa por um tendão na parte traseira.Mas aquele que  recordo com muita mágoa, é a de um soldado do exército, que vinha  esventrado, com as vísceras de fora, com um colega a segurar.Para se  poder tirar do Broussard, e colocar na ambulância, tive que agarrar  também as mesmas, para as colocar no abdómen.Recordo igualmente,  os gritos de horror daquele homem,que não tinha ainda tomado qualquer  medicamento, a gritar pela mãe e a pedir-nos por Deus que o salvássemos.  Logo que a ambulância foi para o hospital eu fechei-me dentro de um  F-86F e chorei como uma criança,porque o horror vivido foi tal, que era  impossível aguentar sem chorar.E volto a repetir,para mais era o dia da  mãe!
Dos muitos feridos que chegavam e, que recebi,recordo um  oficial da Marinha, que tinha uma perna decepada um pouco abaixo do  joelho,apenas presa por um tendão na parte traseira.Mas aquele que  recordo com muita mágoa, é a de um soldado do exército, que vinha  esventrado, com as vísceras de fora, com um colega a segurar.Para se  poder tirar do Broussard, e colocar na ambulância, tive que agarrar  também as mesmas, para as colocar no abdómen.Recordo igualmente,  os gritos de horror daquele homem,que não tinha ainda tomado qualquer  medicamento, a gritar pela mãe e a pedir-nos por Deus que o salvássemos.  Logo que a ambulância foi para o hospital eu fechei-me dentro de um  F-86F e chorei como uma criança,porque o horror vivido foi tal, que era  impossível aguentar sem chorar.E volto a repetir,para mais era o dia da  mãe!Soube  no dia seguinte que aquele homem tinha falecido.Mais um bravo militar  que deu a vida pela Pátria.A mesma pátria que o esqueceu até hoje, como a  tantos milhares de militares!
Termino porque as lágrimas já brotaram.Um abraço a todos
Fabrício Marcelino
Voos de Ligação:
Voo 1962 Memórias que não devo esquecer - Nuno Almeida
            Voos de Ligação:
Voo 1962 Memórias que não devo esquecer - Nuno Almeida
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
