sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

O REGRESSO DO GUERREIRO.

120-Mensagem do Augusto Ferreira
Ex.-Fur. Mil.Mel3º769c/Inst./Av.





Augusto Ferreira

3ª/69 –Melec





REGRESSO

Grandes companheiros e amigos, depois desta Aterragem de Emergência, com grandes fugas de combustível a bordo e depois de feitas as devidas reparações, pela equipa de manutenção, eis que estou agora mesmo a sair do hangar, para o regresso á linha da frente.
Foi difícil o control da máquina na altura e as TOs, não davam indicação da avaria, mas tudo se resolveu.
Um GRANDE ABRAÇO DO TAMANHO DO MUNDO, para todos aqueles que se preocuparam pelo meu estado de saúde e pela evolução da doença ( pelos vistos rara ). Veio mostrar mais uma vez, a força incrível que une os ZÉS ESPECIAIS. A vida tem coisas, das quais nunca encontraremos explicações, mas que o coração resolve.

Mais uma vez, o meu reconhecimento, pelas vossas preocupações sobre o meu problema de saúde, mas foi só, mais uma história da vida com final feliz.

Até breve, pois tenho que regressar ao trabalho.Um grande abraço.

Augusto Ferreira

CHEGOU A POLÍCIA AÉREA.


119-Mensagem de João Oliveira

Sold.PA 067450-J

BA 3/ BA2






Caro Victor Barata.
Começo por anuncia que não nos conhecemos, nem estive na guerra colonial, pois sou um pouco mais novo. Não que vos ache velhos, mas o tempo tem sempre a sua medida e como nasci mais tarde, não me estava destinada.
Fiz tropa na Força Aérea de 1984 a 1986, na BA3(curso PA) e restante tempo na BA2.
Também não fui especialista, Fui soldado.
À partida, nada aponta para que me identifique convosco. A única “cunha” seria o ter nascido em África, mais precisamente em Angola, no ano de 1963.
Mas nem a minha terra conheci, pois a minha família veio para o continente em 1964.
Continua-se a não encontrar valores comuns, a não ser o da “Casa Mãe”: a Força Aérea.
Mas…
Há sempre um mas em qualquer história e esse deve-se à casualidade e passo a explicar:
Eu e alguns ex camaradas da Polícia Aérea decidimos criar uma associação que desse continuidade ao sentimento de amizade, união, entre valores que conhece, certamente.
Não me equiparo a quem sofreu amarguras bastas como vós; talvez não tenhamos tanta lágrima para partilhar; talvez não sejamos tão unidos no que toca a sentimento de perda de camaradas; talvez…
Encontrei este Vosso Blog ao procurar informação relativa á minha especialidade militar e deparei-me com este canto. Há informação vossa que fala da PA e num universo por mim desconhecido, como o de mortos em combate ( não que isso me faça sentir mais orgulhoso como PA ou ansiasse imenso que alguém tivesse falecido na guerra para orgulhosamente o divulgar, convém dizê-lo!) e fiquei com um sentimento de admiração e até de inveja pela maneira como se vivem, lugar comum a quem padeceu males comuns em ocasiões e situações que não consigo imaginar.
Perdi-me a ler muito e atentamente e muito mais ficou para ler e que faço questão de o fazer. Assim mo permitam!
Dou-vos os meus parabéns pelo que são, pelo que fazem e principalmente como o fazem: desinteressadamente!
Dou-vos os parabéns pelo Blog e pelo conteúdo, que sem ele nada seria.

Abraços respeitosos!


PS. Não querendo ser abusador e creia-me que não o pretendo ser e porque também temos um Blog a funcionar, embora mais recente, venho aproveitar para pedir autorização para usar do vosso espaço artigos ou outros que à PA e à guerra colonial digam respeito, ou na impossibilidade, poder colocar o link do Vosso Blog nosso espaço.
Mais vos garanto que não havendo autorização, não o farei à revelia.


http://policia-aerea.blogspot.com/

João Oliveira
Sold PA 067450-J
BA3/BA2





VB: Companheiro João,este espaço foi criado com a intenção de congregar todos os elementos que estiveram na BA 12,Bissalanca,assim como todos os elementos da Força Aérea Portuguesa,independentemente de ter estado ou não na guerra colonial.
Por fim,é também com muita alegria que gostamos de receber as notícias dos companheiros do exército e marinha que estiveram na Guiné.

Ficas desde já autorizado a retirar do nosso Blog o que entenderes ser-te útil,pedindo o favor de identificar as fotos ou artigos"especialistas da BA12",bem como publicares o que bem entenderes.

PARTIDA COM DESTINO...



118-Mensagem dos "HUC´s"(Hospitais da
Universidade de Coimbra
"Exmºs.Srs: ZÉS ESPECIAIS" vimos por este meio informar que o Sr. Augusto Ferreira deixará hoje esta "base hospitalar",ao principio da tarde,com destino à "base" de Stº.António dos Olivais.
A duração do voo é de cerca de 20 min.,as condições atmosféricas são excelentes,destacando-se as belíssimas instalações da "unidade"para onde se desloca.
Haverá reforço no reabastecimento somente ao Augusto.
Coimbra,29 de Fevereiro de 2008
O Comandante da Base
Jorge Mendes

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

O QUE VOCÊ FARIA?



117-Mensagem do Fernando C.Branco
1ºSars.MMT
2ª/69
AMIGOGostei de saber do Augusto; dá para lhe perguntar"é como o TOYOTA que veiopara ficar?"...Estou feliz por Ele e pelos Seus, este e-mail além de serpara Ti, também é extensivo a Ele, muitos anos de vida e que Nós possamosestar sempre a ouvi-lo?!...Um abraço, com espírito da formação de "GANSOS"...Fernando Castelo Branco

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

AUGUSTO.


11116-Henrique Cerqueira
Fur.Mil.(Exército)
Guiné

O verdadeiro espirito de camaradagem,a sensibilidade humana e o amor ao próximo,definem os HOMENS!
Esta mensagem do Henrique certamente que vai deixar muito sensibilizado o Augusto,pois ele diz-lhe que não precisa de o conhecer para se congratular com a sua vitória travada nesta grande batalha contra a doença.É bonito!

Camarada Victor:
Antes de mais uma boa noite para ti e restantes Zés
Este e-mail tem o único Propósito de demonstrar os meu parabéns ao Camarada AUGUSTO que acaba por vencer mais uma batalha na vida.Não sei se será muito agradável viver mais 50 anitos mas o que é mesmo bom é que saia pronto para viver um dia de cada vês com todas as pessoas que ele mais ama.
Augusto ,não te conheço mas isso pouco importa ,sou camarada da Guiné e faço parte desta tertúlia e como tal tenho sentido as tuas adversidades que pelos vistos tiveram o dão de te demonstrar que neste mundo "macaco"ainda é bom termos os verdadeiros amigos.
Um muito grande abração para ti e melhora depressa.
Henrique Cerqueira
P.S: Camarada Victor se possível gostaria de entender essa dos "Zés" acho um piadão e como não fiz parte da vossa "Guerra com asas" estou fora, mas acho que é mesmo um tratamento cheio de significado não?

NOTÍCIAS DE ÚLTIMA HORA!!!

115-Jorge Mendes
Abast.
1ª/68


ATENÇÃO:

Companheiros,a notícia acabada de chegar do Jorge em relação à situação do Augusto Ferreira,é esta:


- "O MÉDICO DISSE QUE TEMOS COMPANHEIRO POR MAIS 50 ANOS!!!!


Oportunamente esclarecerei melhor ,por agora,quando lerem esta notícia,brindem à saúde deste nosso GRANDE ZÉ"


Saudações ESPECIAIS!

Victor Barata

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

OBRIGADO SR.GENERAL MOURA DE CARVALHO!


113-Mensagem do Fernando Castelo Branco
Ex. 1ºSarg.MMT
2ª/69



AMIGO Victor

Sem me cansar, continuo a desejar que estejas bem e mais uma vez, utilizo o Teu,”nosso” cantinho, para transportar do pensamento, Recordações da nossa passagem pela FAP, quando Militares e eu agora como Civil ao serviço da Mesma.

Não seria de mais se em cada Parágrafo utilizasse a expressão:”Obrigado Senhor General...” (mas, não quero ser repetitivo), acho melhor no fim desta repetir...

Depois de “visitar” um Álbum de muitas fotos e recortes de Jornais que temos no nosso Serviço (Edifício de Comando do Exercito dos Estados Unidos), e neste Porto Militar; trabalho vai para vinte e sete anos como Civil, depois de ter sido sujeito a Provas de Admissão e quando Apto (graças á Especialização que a FAP, me deu), tive que assinar um Contrato de Carácter Permanente que para alguns Colegas “infelizmente”, (dizem agora que alguém andou mal??...) não tem LEGALIDADE, quando sabemos desde o Primeiro dia, que pertencemos ao Comando da Zona Aérea dos Açores; (na minha altura e para mais; Comando Aéreo dos Açores) seria a Nossa Entidade Patronal; além de sermos “obrigados” a prestar serviços ao Exercito dos Estados Unidos, (Terminal Portuário de Carga) para as Tropas USAF em Destacamento nas Lajes, Ilha Terceira, AÇORES...

Ao ter oportunidade de ver a foto que envio em anexo, depressa me recordo com Saudade e “Amizade”o Senhor General; (na altura Brigadeiro) que devido a Si; hoje nós Trabalhadores Civis “ao Serviço” das Forças Armadas Americanas, tivemos uma melhoria de vencimentos que actualmente “alguém” se sente incomodado e esquecido; de certeza que não é o Senhor; que já por algumas vezes que nos encontramos, sente que foi “uma das suas vitórias” !?...Pois voltando á foto, eu, nesta altura, já era Civil e destacam-se nela O Senhor General e um Senhor Coronel Americano, do Exercito dos Estados Unidos (infelizmente já Falecido; Paz á Sua Alma); mas que para mim, deixou boas recordações; muitas tinha que enumerar,... Mas as existentes hoje são duas árvores que admiro com SAUDADE a intenção de “elas morrerem de pé”...

Mas, o principal desta, é quando Militar: estava em vésperas de frequentar novamente o CFS, (para mim, será sempre o Curso de Furriéis), como da minha parte, os conhecimentos de Matemática eram do antigo 1º Ciclo Liceal, não sabia que a FAP, me iria exigir saber e aprender “a formula resolvente”, que a decorei, mas nunca foi preciso para apertar parafusos;...mas que, muito bem o Senhor me ensinou, mesmo com uma perna partida, deslocava-se de Sua casa para nos aturar, mas sem ESTRELAS; dá para recordar; quando para a aliviar “os números”, o Senhor nos dizia e se agora fôssemos tomar um café?!... (não me recordo de quem pagava, ou se ficava na conta do Senhor GENERAL)?..., mas, lá íamos e tomávamos o dito e dava para conversarmos. Mas sempre (com um comandante desfardado, mas muito Humano), até o Almeidinha; “Zé Especial” MMA, estava farto de comer ovos estrelados???...

Meu General, quem quiser saber mais, fale comigo;fiz vários rascunhos acerca desta; mas cheguei á conclusão que será melhor “ás vezes aeronauticamente, voarmos por instrumentos”, como daquela viagem que eu como Mecânico Civil, saí com o Senhor na Barcaça dos Americanos”ARMY” e fora da baía da Praia da Vitória, ficamos sem visibilidade e com a Sua calma, o Senhor deixou de ser General e passou a “ser” tripulante...Mas chegamos a bom porto...

Meu GENERAL, (ainda não me esqueci como se faz continência...), mas se como Civil estou aqui a dizer “OBRIGADO MEU GENERAL” devo ao “FUNDADOR” deste Blog, que com a EXPRESSÃO; vamos nos tratar por tu, a “Vossa Escola”, está agora a dar frutos antes de partirmos?!

Mais uma vez: OBRIGADO MEU GENERAL...e que Deus permita, muitas vezes O cumprimentar...

Fernando Castelo Branco

domingo, 24 de fevereiro de 2008

FORÇA AUGUSTO;REZAMOS POR TI!


112-Fernando Castelo Branco
Ex-SargºMMT
2ª/69


Do outro lado do Atlântico,o Fernando está também a "torcer"por ti Augusto:

Amigo Victor

Cá estou e depois de ligar o PC, e estar na NET, visitei logo o BLOG, para saber o que dizias do Nosso Augusto?!...Não o fiz mais cedo porque como te disse hoje de manhã; tirei o fim-de-semana para o passar com o meu filho, pelo menos”mudamos de ares” além de a distância que nos separa seja a cerca de sete Km, daí eu estar um bocado ausente de Vós...Mas agora estou mais “animado” em saber que o Nosso Augusto está a recuperar, o que não acontecia ontem, depois de estar a ouvir via Telemóvel o Nosso Nogueira...Ele estava preocupado em me dar a notícia; estamos aqui no meio do MAR mas ao mesmo tempo, com vontade de estar aí!?...

Pois do coração, desejo que Nossa Senhora dos Milagres esteja com Ele, “Esta Senhora” é aquela que tu tiveste oportunidade de ver a Devoção destas Gentes que faz bastantes Kms, para “liquidarem” a divida para com Ela....

Um forte abraço para o Augusto e agora é altura ou não de dizer “guitarra toca baixinho”...Também para os Seus Familiares respeitosos Cumprimentos e enviamos daqui do Atlântico um grande ramo de Hortênsias...

Para ti Grande Amigo, mais uma vez, o meu muito OBRIGADO, por saberes dizer, o que é a Família Especial...

Fernando Castelo Branco

EI MALTA,O AUGUSTO ACABA DE ME LIGAR!!!

111-VICTOR BARATA

Deixem que limpe os meus olhos...
Agora sim,é verdade,o GRANDE AUGUSTO acaba,ele mesmo ainda deitado numa das camas que lhe reservaram no Serviço de Cirurgia 2 no Hospital da Universidade de Coimbra,de me ligar a dizer o que TODOS nós queriamos ouvir,está a recuperar muito bem!Que alegria.

É POR ISTO QUE SOMOS...ESPECIAIS!!!




110-Mensagem do Rogério Nogueira


Dos Açores,Angra do Heroísmo, este nosso companheiro quer manifestar a sua preocupação em relação à saúde do Augusto:


"Ilustre Victor

Boa noite. Só hoje consegui ter acesso à internet. Tenho tido problemas com o pc.
Porém, tendo entrado agora no blog, deparei-me com a notícia sobre o nosso Augusto. Fiquei estupefacto. Ainda te devo a descrição do "encontro " com ele. Mais tarde darei conhecimento dele. Também acabei agora de informar o Fernando Castelo Branco do sucedido.
Ao Augusto e Família desejo tudo de melhor e que a sua recuperação seja rápida e sã. Certamente que Deus está com o Augusto e não o abandonará.
Cordiais cumprimentos.
Rogério R. Nogueira"


VB:Somos realmente ESPECIAIS! Não consigo expressar-me pelo método da escrita,o que tem sido preocupante para a malta Zé esta situação do Augusto Ferreira.O meu telemóvel não tem sido poupado na procura de resultados positivos na evolução do estado de saúde dele,que, graças a Deus,é mesmo positivo.
Augusto,por favor,sai dai para fora,trás a viola(que tão bem manuseias),para eu cantar,estam todos os ZÉS à tua espera.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

GRANDE AUGUSTO!!!

109-Victor Barata

Companheiros,espero não ser cansativo com a situação do Augusto Ferreira,se o for assumo a responsabilidade ,prefiro perder a assiduidade deste nosso espaço a perder a amizade dele!
Acabei à instantes de saber notícias, 12 horas pós-operatórias ,e satisfatórias!
Já acordou,debilitado devido à perda de sangue,
compreendedor da situação e...emocionado!?...
Também nós!
Quero,em nome deste GRANDE COMPANHEIRO,manifestar o agradecimento a todos,e não vou falar em nomes com o receio de me esquecer de alguém,as diversas mensagens de apoio que a todo momento chegam ao meu telemóvel,transmitindo a VERDADEIRA UNIÃO DOS
ZÉS!
Ele saberá,com a graça de Deus,no devido tempo retribuir este tempo de "malandrice",levanta-te companheiro e escreve para NÓS!

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

O GUIOMAR ESTÁ CONTIGO,AUGUSTO!



108-Mensagem do Joaquim Guiomar


Mais um companheiro que vem manifestar a sua solidariedade para com o Augusto neste seu "voo nocturno":




"Amigo Victor:
Antes demais, um grande abraço para ti e toda a família especialista. Serve este para, desejar rápidas melhoras ao nosso camarada Augusto Ferreira e mandar um abraço ao Manuel Rebocho, pára, que esteve comigo no BCP 12. Vi a foto dele no mato e reconheci-o de imediato.
Grande abraço para todos.

joaquim06"


NOTÍCIA ACABADA DE CHEGAR E...MUITO BOA!

107.Victor Barata


Acabo neste preciso momento de receber a informação do Jorge Mendes de que a intervenção
cirúrgica a que o Augusto foi submetido esta tarde nos HUC(Hospitais da Universidade de Coimbra) correu muito bem. Aguardemos com serenidade os próximos acontecimentos.
Saudações ESPECIAIS

Victor Barata

A HORA É DIFÍCIL...ESTAMOS UNIDOS A TI!

106-VICTOR BARATA


Companheiros recebi à momentos,através de um Email do Jorge Mendes,as últimas notícias relativas ao estado de saúde do nosso Augusto Ferreira.
São as seguintes:

"Caro Amigo:
O nosso Amigo Augusto continua na Unidade de Cuidados Intensivos dos Serviços de Gastroentologia dos HUC e a ser acompanhado de forma exemplar.
Ontem e hoje esteve sujeito a intensos exames e através de um novo que e a introdução de uma cápsula com câmara de filmar (oito horas a percorrer o intestino delgado)foi detectado o problema que esta a provocar a enorme e permanente perda de sangue.
Vai ser operado ainda hoje e tudo parece indicar que a situação não é tão má como se pensava.
Vamos continuar unidos com o Augusto e pedir a Deus que o ajude.
Logo que tenha mais noticias informo.
Um abraço
Jorge Mendes


VB:Companheiros,o Augusto provavelmente estará deitado numa marquesa rodeado de médicos e enfermeiros , enfrentando todos os utensílios inerentes a intervenção cirúrgica a que está a ser sujeito,a seu lado a protege-lo está...DEUS!Deste lado estamos NÓS a fazer FORÇA para que a sua descolagem à vertical dos HUC com a chegada prevista rapidamente à sua CASA!
Continuamos a aguardar as mensagens de solidariedade,neste momento muito importante de todos os ZÉS!


quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

GUERRA HUMANA.




105-Mensagem de Manuel Robocho
SargºMor Paraq.(Reserva)
Guiné 72/74 (BCP 12 Bissalanca)

Doutorado em Sociologia da Paz e Conflitos,pela
Universidade de Évora



CamaradasEntendeu o camarada Luís Graça individualizar, de um texto meu, a expressão “a guerra em que eu participei foi violenta, nas humana”. Deixei a frase “à solta”, sem a explicar, o que parece que se impõe agora, face às opiniões, entretanto surgidas.A questão “Guerra Humana” é “fracturante”, sem dúvida alguma. Contudo, este assunto não fica limitado aos combatentes da Guiné, é extensivo a todo o mundo e a todos os tempos. Sobre ele já foram escritos inúmeros tratados e se debruçaram pensadores, como Chris Argyris, Raymond Aron, T. B. Bottomore, Carl Von Clausewits, Lewis Coser, Gaston Courtois, Ortega Y Gasset, autor da célebre frase “eu sou eu e as minhas circunstâncias”, Samuel Huntington, Adriano Moreira, Sun Tsu e tantos outros, sem que chegassem a uma posição unânime. Estes ilustres pensadores não conseguiram uma definição que a todos satisfizesse ou enquadrasse todas as situações que uma guerra provoca. Também não vamos nós consegui-lo, seguramente.Não me querendo, tão-pouco, assemelhar com qualquer destes pensadores, tenho a minha própria definição sobre a matéria.Guerra violenta:Corresponde ao que acontece durante os combates, que podem ser mais ou menos frequentes; ter uma maior ou menor duração; as baixas podem ser maiores ou menores; cada combate de per si pode conter uma maior ou menor perigosidade, consoante o número de homens envolvidos, armamento utilizado e distância entre os combatentes, entre outros aspectos (não pretendo escrever nenhum tratado). No que às minas se refere, dou-lhe total equivalência a um combate.Neste sentido há duas considerações a seguir: uma diz respeito à guerra que cada um de nós enfrentou, que corresponde à componente individual (e eu falei da minha); outra consideração diz respeito à resultante de todas as componentes individuais, a qual define a guerra que travamos.Guerra humana:Por guerra humana entendo a maneira como são tratados, pelos vencedores, os inimigos feridos ou aprisionados e a própria população das zonas ocupadas militarmente por forças alheias aos territórios, onde as guerras se desenvolvem.
Um pouco para demonstrar que o meu pensamento não é de hoje, nem foi escrito levianamente, transcrevo, na íntegra, a página 346 da minha tese de doutoramento:“A 1 de Maio desse ano de 1973, no decurso da operação “Tabica Texuga”, (relembro que tenho os relatórios das operações em meu poder) em Caboxanque, empenhando o 2.º e 3.º Pelotões (da CCP 123), Sousa Bernardes revelou mais uma vez a sua capacidade criativa, quando detectou, atravessando uma bolanha, um grupo de 10 Guerrilheiros e, numa inteligente manobra táctica, surpreendeu-os no seu aquartelamento. Do contacto resultou a morte de três dos Guerrilheiros, vários feridos e a captura de diverso material e armamento.Mulheres e crianças que estavam misturadas com os Guerrilheiros fugiram dos combates para a bolanha. Os Pára-Quedistas, em mais uma manobra de rigor, preferiram deixar fugir alguns Guerrilheiros a matar inocentes e nenhuma mulher ou criança foi atingida.Uma idosa doente, que não conseguiu fugir, foi tratada pelo Enfermeiro Aguiar e foi deixada no seu tabancal. As nossas tropas não sofreram qualquer consequência.Se entre o grupo dos Sargentos havia um que já se distinguira e diferenciava dos restantes, Sousa Bernardes, com mais esta atitude, mostrava que os Oficiais também se diferenciavam pela sua criatividade. Neste ponto, não se pode deixar de fazer uma referência. Houve, durante a Guerra, quem conseguisse grandes êxitos militares, mas à custa de consideráveis baixas para as nossas tropas, a esses não os apelido de criativos, mas de aventureiros que arriscam a vida dos seus homens, mas sem consciência do que estão fazendo. Sousa Bernardes não foi assim, arriscou com prudência, cautela e autoridade, concebendo criativamente as manobras, pelo que pode afirmar que as estrelas que usa são «suas», ninguém lhas deu.No relatório do Comando sobre esta operação consta a seguinte passagem: “por informações dadas pela população a identificação de 2 dos mortos é a seguinte: Ancanha, Comandante de bigrupo, natural de Fabrate, e Bunhé, natural de Flaque Injã”, ambos reputados combatentes nas hostes inimigas. Sousa Bernardes não se tinha enfrentado com milícia vulgar, o que deixa evidente que a qualificação do combatente depende do valor humano e da experiência. Os conhecimentos adquiridos na Academia Militar eram iguais aos de todos os outros Oficiais de carreira e nenhum, dos que me comandaram e fui comandado por 6 Capitães, 4 na Guiné e 2 em Angola, era como ele.
Esta mesma opinião teve o Comandante do Batalhão, quando escreveu no seu relatório acerca de Sousa Bernardes: “...A sua posição na primeira linha incutiu confiança e galvanizou os seus subordinados...”. É aqui que os combatentes se diferenciam: no fazer, porque no mandar são todos iguais. Recorrendo a uma afirmação que circula nos meios militares de uma frase atribuída a Napoleão: “os exércitos ou se puxam ou se empurram”, julgo que se puxam pela competência, pelo exemplo e pela liderança, e se empurram pela autoridade repressiva.”Nesta 346.ª página, que foi escrita há anos e pode ser consultada na dezena de locais onde as teses são disponibilizadas, observam-se as duas situações: a guerra violenta reflectida no combate que se travou entre um bigrupo de Pára-Quedistas e um bigrupo de forças do PAIGC; e a guerra humana reflectida no risco que se correu, ao deixar-se fugir guerrilheiros para não atingir nem mulheres nem crianças e, mesmo depois, ao tratar-se a idosa doente. Diferentemente seria se o ataque tivesse sido indiscriminado e se tivessem matado as mulheres, as crianças e a idosa. Neste caso estaríamos perante uma guerra desumana.Admito que nem todos vejamos as diferenças, e que haja quem considere que “guerra é guerra”, mas também penso que tenho o direito de pensar e descrever a guerra em que eu participei. Que foi esta. No campo do individual, cada um de nós fala da guerra em que participou.A este propósito recebi uma carta do Padre Pinho, Capelão dos Pára-Quedistas, durante o tempo da Guerra, na qual me manifesta a sua concordância pela abordagem que eu faço à guerra humana, referindo-me que os Pára-Quedistas tinham efectivamente esta doutrina.Um abraçoManuel Rebocho

HORAS DE ANGUSTIA!

105-Mensagem do João Sousa

Ou não tivéssemos nós sido ESPECIALISTAS DA FAP!...
Pois é,companheiros,logo após a divulgação do estado de saúde do nosso ZÉ Augusto Ferreira no Blog,começaram a surgir as primeiras manifestações de solidariedade para com ele neste momento muito difícil com que ele e sua esposa e filhas se debatem.
Eis o João de Sousa:

..."Amigo e companheiro Victor Barata: saudações!!!

Fiquei estupefacto com a notícia publicada no blog acerca de nosso colega Augusto Ferreira.

Como é possível que um indivíduo que, aparentemente, goza de uma saúde de ferro se veja confrontado com problemas gastro-intestinais?

A máquina humana é mesmo uma caixinha de surpresas.
Logo no princípio de Janeiro estive com ele, sua esposa e uma filha, em Vila Verde e nada, mas mesmo nada, fazia prever uma situação deste tipo!

Nesta hora de aflição, endereço as rápidas melhoras para o nosso camarada de armas, amigo e companheiro Augusto Ferreira e que se recomponha rapidamente a fim de darmos início a mais um ano de muitos e saborosos encontros.

AUGUSTO FERREIRA: UM ABRAÇÃO DO SOUSA."

VB:Hoje sou eu que te agradeço,em nome do Augusto,a tua manifestação de solidariedade para com ele,mas Deus há-de trazê-lo aqui muito rapidamente para, com a sua humildade que sempre o caracterizou e nos habituou,agradecer-nos. FORÇA COMPANHEIRO,ESTAMOS À TUA ESPERA!

A HORA É DE ESTARMOS TODOS COM O AUGUSTO FERREIRA!

104-Mensagem do Jorge Mendes


Companheiros,abri o nosso Email à minutos e sou "fuzilado" com esta notícia do Jorge:

Caro Amigo:
Há momentos em que temos que estar muito , muito mas mesmo muito unidos.
Os grandes amigos sao para os momentos bons , mas muito mais nos momentos menos bons.
O nosso grande amigo AUGUSTO FERREIRA esta na unidade de cuidados intensivos dos serviços de gastroentologia dos H.U.C..
Esta a passar um momento complicado, mas com a sua forca , da Madalena(sua esposa) e das filhas vai conseguir vencer esta etapa.
Sugiro que todos nós especialistas e AMIGOS criemos uma corrente de união para com ele.
Como católico não o esquecerei nas minhas orações.
Cada um com a crença em que acredita , não nos iremos esquecer do nosso Amigo e se Deus nos ajudar haveremos de o ter em breve a confraternizar , sempre com a sua boa disposição e disponibilidade para com os amigos.
Amigo Victor sempre unidos com o Augusto.
Um abraço.
Jorge Mendes"

VB:Os meus olhos não me permitem escrever com a frequente normalidade...sou interrompido pelas constantes e significativas gotas de água que deles brotam.O Augusto faz da minha vida como ser humano...não consigo...

Companheiros,as vossas mensagens de solidariedade para com o Augusto são muito importantes para ELE!



segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

AINDA O AB 1 NOS ANOS 60!












103-Mensagem do João Coelho

MMA

2ª/63















Foto da Caderneta Militar do João Coelho






Amigo Barata, vamos então com mais recordações dos idos de 60...A vida no AB 1, se esquecermos o cap. Infante do Carmo, ( que Deus o tenha ) decorria com tranquilidade, naqueles anos de 63 e 64, numa rotina mais ou menos igual; chegada e partida dos TAM, manutenção dos aviões, escala de serviço, gozo dos fins de semana.De vez em quando, acontecia qualquer coisa que quebrava a ronceirice..Por exemplo, quando o Batalha, furriel OCART, fazia treta...Alentejano, de Beja, grande companheiro, amigo do petisco e do copo, tinha por hábito acabar as noites no bar dos Bombeiros daPortela.Conversa puxa conversa, ficava no paleio com o barman e, para não deixar o assunto pelo meio, " palravam " mesmo depois do encerramento do bar...e foi assim que uma bela manhâ, ao acordarmos, damos com um novo "camarada": o homem do bar dormindo numa das nossas camas..de casaco branco, lacinho e calças pretas, sem cobertor, muito esticado,barriga pra cima, deve ter adormecido logo que caiu na cama... trazido pelo Batalha que depois nos dizia que, dado o adiantado da hora, já não havia autocarros, tinha tido pena do homem e acabara por o abrigar nos nossos aposentos..Este Batalha, que era de facto uma figura - não havia nada que o aborrecesse, nada que chateasse aquela alma - traz-me à memória um outro OCART, o Gil - encontrei-o há dias no Colombo, "pastando" os netos - que, já como civil, na Torre do Aeroporto de Ponta Delgada,recebeu um voo da Força Aérea americana, versão militar do"Stratocruiser", um matacão quadrimotor, com dois ou três andares, que trazia uma nova espécie de peixe para largar na lagoa das Furnas, em S. Miguel ( os camones das Lajes gostavam de vir pescar aos fins desemana naquela lagoa ) . A pista era recente, aquele tipo de avião estreava-se ali, e o piloto, apesar do tempo óptimo, não devia estar muito à vontade...Pergunta ao Gil o comprimento da pista, os ventos,mais isto e mais aquilo, faz uma passagem, dá a volta, nova passagem,mais perguntas ao Gil, até que decide vir para o chão - não sem antes demandar, de novo, o controlador... se estava tudo OK, se achava que não havia problema... e aí o Gil não se aguentou, e diz-lhe " porra,aterra que logo vês...! " .. e correu tudo bem..Voltando ao AB 1, as nossas camaratas, em 64, ficavam relativamente próximas de um dos cabeços da pista, no lado nascente, de Camarate, e eram um bocado rudimentares, umas paredezitas com telhado de zinco..Já estàvamos habituados ao som dos aviões - quer os da FAP, que vinham ensaiar os motores depois da manutenção numa zona perto de nós, quer dos Caravelle e Super Constellation ( os famosos "trimotores", já que era frequente parar um dos 4 motores ) da TAP, quer dos Boeing e DC-8estrangeiros que aterravam ou descolavam...Até nos embalava, aquela "música ".Mas eis que, numa madrugada, já tudo ferrado no sono, Jesus, Maria,José! o que é isto, o tecto estremecia, as chapas pareciam ir voar, o pessoal salta das camas, tudo prá rua, um som terrível e uma ventania de temporal..! e ainda vimos um avião a terminar a volta que tinha dado, no chão, ali ao lado.. Explicação: era a primeira escala emLisboa de um VC - 10, da BOAC ( antecessora da British Airways ) um aparelho que tinha os 4 reactores na cauda, em jogos de dois de cada lado..e que puxara pelos motores ali, junto às nossas "tabancas"...No meu trabalho, na Secção Técnica, a produtividade era grande:desenhos ( até do emblema do AB 1, em tamanho grande - as ondas do mar, a Torre de Belém, um avião em voo - para uma festa onde veio cantar a Mara Abrantes, casada com um oficial paraquedista ) cópias de plantas, impressão das OS da Base, enfim, foi necessário mais pessoal.Primeiro, chegou outro MMA, o Laureano, de Pero Pinheiro e, a seguir,um cabo SG, com um nome estranho, Paiágua, dois bons camaradas de quem nunca mais soube nada para minha pena.Em dada altura, aparece-me o Cap.Pil.Av. Victor Campos, Oficial deSegurança de Voo dos TAM, trazia uma pergunta: seria possível fazer um Manual de Segurança de Voo dos DC-6 na Secção Técnica? ( por incrível que possa parecer hoje, não existia nenhum documento do tipo, em português ) Disse-lhe que sim, pela minha parte faria o possível para o ajudar. E assim foi, durante alguns meses, demos o litro, no fim fez-se um pequeno livro, cheio de explicações, ilustrado, e que foi depois distribuído pelas tripulações, pessoal de terra e serviços de emergência.Este trabalho tinha uma componente interessante, já que, não existindo todo o equipamento necessário no AB 1, tinhamos de ir a Tancos e a Alverca, com frequência, usar as máquinas que lá tinham...o que significava sair no "Broussard" - um monomotor francês, de asa alta,tipo DO-27, mais corpulento e mais pesadão a voar, mas muito confortável - o capitão no comando, eu ao lado, o avião tinha manche duplo, e o piloto deixava-nos levar a máquina, quando ela estava estabilizada lá em cima, que belos bocados passàmos, naquele Outono de 64, dias lindos, nada de turbulência, na maior, chiça, eramos aviadores mesmo..!Resumindo, o trabalho saiu bem, a Segurança de Voo fez um brilharete e fui louvado, mesmo com a oposição do sr. cap. Carmo - sempre ele - que não aceitava que um "corrécio" como eu merecesse elogio.Soube depois que foi necessário meter os galões ao barulho, o comandante do AB 1, ten-cor. pil.av. Norton Afonso impôs-se e o louvor saíu - e dele ainda hoje me orgulho.Era uma Força Aérea diferente, essa, dos anos 60, pouco sofisticada,cheia de improvisos, com grandes técnicos lidando com material gasto,DC-4 e DC-6 já com muitas horas de voo, alguns dos DC-6 tinham pertencido aos Transportes Aéreos da India Portuguesa, até à invasãode Goa, Damão e Diu; na manutenção, tudo se reparava, em qualquer condição climatérica, nada se substituía por novo..O motor tinha problemas, desmonta, repara, está OK, monta.. nada como os americanos,está avariado, tira e põe outro, saído da fábrica. As tripulações tinham piloto, co-piloto, navegador, mecânicos de bordo, rádio-telegrafista - a dar ao dedo, no Morse - e, nos voos com passageiros, um "hospedeiro" ( normalmente um especialista MMA ) a distribuir uns morfos, cafés e sumos que vinham da Messe de Monsanto..Um camarada meu, o Vilaça, grande figura, lisboeta malandreco e meio apanhado dos carretos, foi mobilizado para a Guiné, andou lá nos Alouettes, levou com um tiro no rabo, foi-lhe às nádegas, felizmente,não há problema, instala-se uma chapa de metal por debaixo, tá feita a blindagem, tudo OK...Outro, o Herberto, de que já falei, era conhecido pelo Perna Longa por ser de baixa estatura, mostrou-me uma foto do Dakota que tripulava na Guiné, afocinhado numa espécie de pista, no interior, quase 40 graus de inclinação, o nariz na lama e a cauda lá em cima, o piloto pensou que a terra estava seca, não estava...ninguém se magoou seriamente, foi só susto, repara o que havia a reparar, e está a andar, de novo...Aliás, a maior prova da competência deste pessoal, de voo ou de terra,está na TAP, na SATA e noutras empresas (da África então portuguesa)que se fizeram com esta gente da Força Aérea, habituada a arranjar soluções para tudo, a trabalhar no duro para garantir que as coisas andavam.Há meia dúzia de anos, fui a à Bósnia, a Sarajevo, num C-130 da FAP,dava gosto, todo o pessoal com macaco de voo, intercomunicadores, com cabo extensível, por todo o lado, beliches para dormir, rações de voo à pipi, tudo nos trinques..e ainda bem... Mas, com todo o respeito pelo pessoal d'hoje, faltava ali o picante doutros tempos - como vi uma vez, num Dakota, o Sarg. Mec. ir ao cockpit e voltar para abrir um alçapão no chão, dizendo que havia um curto-circuito em qualquer lado,e que era preciso procurar a sua origem..ou então, noutro Dakota, vero Bandarra, Cabo MMA, a ter que passar um cabinho de aço à volta do manípulo da porta, porque ela não fechava bem.
Um abraço para o amigo Barata e para o resto do pessoal
Até breve
João Coelho

domingo, 17 de fevereiro de 2008

MATIAS GRILO...ONDE PÁRAS?


102-Mensagem do Abilio Ferreira
O Abilio,depois de ver a nossa mensagem nº78 e,após
35 anos passados,enviou-nos esta foto própria de
quem na realidade tem sentimentos de amizade,onde
evoca o nosso ZÉ Matias Grilo no passado e presente.
São realmente estes momentos que caracterizam o espirito deste Blog.
Caro Victor.

Em referência a msg 78 publicada em Janeiro, resolvi fazer uma brincadeira com ajuste comparativo no tempo (35 anos), ao Matias Grilo, velho companheiro do tempos da Ota e da Guiné.
Gostaria de contactá-lo, mas para isso é necessário um alerta e só tu o podes fazer através do nosso blogue.


Um grande abraço.
Abílio Ferreira

sábado, 16 de fevereiro de 2008

ERAMOS SARGºSMIL. E FOMOS TIRAR O CURSO DE FUR. PARA O QP!...

101-Mensagem do Fernando Castelo Branco
MMT
2ª/69

Foto - O Fernando Castelo Branco e o Rogério Nogueira,no Centro de Saúde de Angra do Heroísmo


AMIGO Victor

Hoje é Sábado, temos o Atlântico cheio de “carneirinhos”, ou seja MAR bravo...logo, apetece-nos estar em casa e frente ao PC.
Já Te visitei e como sempre com Saudade recordo as nossas andanças por Terras de Além Mar...Bem Hajam os Nossos Camaradas que nos “vão” avivando Tempos Passados e Situações, aonde novamente irei usar a expressão; seja como escrever na areia, para o mar limpar e a SAUDADE e AMIZADE, estas sim, seja como Escrever na PEDRA...
Pois Amigo, tudo começou na BA4, quando por “direito próprio”, tivemos que ir frequentar o Curso de Furriéis, para o Quadro Permanente: Eu era MMT, Primeiro-sargento; o Nosso Rogério Nogueira, era Segundo Sargento MMA; chegados á OTA, ficamos no mesmo quarto, fomos colegas de Turma, comíamos todos os dias juntos, estudávamos juntos, e até fazíamos o percurso para as aulas, (como quando éramos Soldados Alunos, só com a diferença de não sermos Praças ou aspirante a Especialistas nem termos formatura), sempre bem ataviados e uniformizados,...estávamos no “ano lectivo” 1979-1980, mas; porque não soubemos Física, tivemos que sair da Força Aérea; hoje, somos CIVIS, ambos com percursos diferentes, mas somos MUITO AMIGOS; optamos por ficar por estas bandas; não estamos arrependidos, (tomo a liberdade de falar pelo Nogueira), e também era de minha vontade tirar esta foto, para testemunhar uma Sincera AMIZADE que começou na FAP e certamente não terminará quando a terra nos cobrir...porque tanto eu como o Nogueira, temos sempre vontade de recordar a FAP; “vivendo” os bons e maus momentos que passamos. Muitas vezes, eu o procuro porque sempre que preciso de alguma coisa relacionado com a Saúde é ele que me Auxilia...
O Nogueira, felizmente está bem colocado, “quase que é o Chefe do Centro de Saúde de Angra do Heroísmo”; ainda não é mas não lhe faltam qualidades, porque quem sabe calibrar bem umas pás do Puma, de certeza que sabe ser Chefe?!...
Como estamos para estas bandas e não podemos ter um Encontro de Especialistas, estamos em Vistas de um dia destes, irmos passar o dia á BA4r a E
os dois para recordarmos o “porto” de partida para a nossa vida Civil...
Um forte abraço sempre com sabor especial, porque foi daqui que partimos para sargentos...

Fernando Castelo Branco

O MEU AMIGO RUI!


100- Rui Alexandrino Ferreira
Coronel do Exército(aposentado)
Ex.Cap.Mil.na Guiné

Autor do livro"Rumo a Fulacunda" cuja 2ªEdição está a esgotar.

Companheiros,à algum tempo que tento falar neste nosso espaço, dentro da minha simples e modesta análise,de um grande AMIGO,Rui Alexandrino Ferreira! Não é fácil.
Conheci-o à pouco mais de três anos apresentado por um companheiro meu,Alf.Mil.Licínio Vaz,no sentido de poder adquirir a sua obra literária intitulada: "Rumo a Fulacunda".
Fomos almoçar e desde logo deu para entender que estava na presença de uma pessoa que,apesar de a sua saúde não ser a melhor,mantém uma postura que "canta e encanta"quem com ele convive.No final do repasto,fez o favor de me ofertar o a sua obra com dedicatória e assinada.
Depois desse dia temos mantido uma relação com um grau de assiduidade muito bom,o Rui é um
GRANDE COMPANHEIRO!
Senhor de uma cultura e humorismo próprios de quem é natural de Angola.
Com um visionamento da Guerra Colonial invejável a qualquer pessoa que por lá andou,a sua leitura desse acontecimento deixa qualquer um imobilizado pelas suas vivências na época e como ultrapassou alguns casos mais delicados.
Reportando-me a um enxerto do seu livro,"Rumo a Fulacunda"na pág.nº.77,faz uma alusão a nós da Força Aérea Portuguesa que transcrevo:

..."Felizmente que as viagens aéreas na Guiné eram curtas.As distâncias que eram penosas,perigosas e excessivamente longas ao tráfego terreste,dad0 o estado intransitável das estradas,mal cuidadas,mal tratadas,ou simplesmente abandonadas por causa das minas e emboscadas,eram de minutos pelo ar.A província era mesmo muito pequena.
Antes de aterrar em Fulacunda fez a avioneta escala em Tite,como aliás era norma,pois iniciava sempre o percurso pela sede do Batalhão.Ai,como nas demais guarnições militares(pois praticamente todas tinham),com pista de aviação,dia de «São Avião» era dia de festa.Era dia de Correio e ainda o avião não se ouvia ou mal se ouvia e já nas paradas se gritava«
pista,pista»alertado para a urgência da montagem da segurança.
Todo o mundo disponível,do mais graduado ao mais simples soldado,motorizados uns,apeados outros,se deslocava à pista,quanto mais não fosse para ver o avião.
Compreendi então,o que significava realmente a expressão«
ver os comboios passar»,com que de alguma maneira superior e com uma certa sobranceira o pessoal da cidade se refere às gentes do interior quando estas param e acenam aos comboios que passam. Só que ali a expressão poderia ser«ver o avião poisar»...
Era de facto um acontecimento,o dia em que havia avião.Perdidos no meio do mato,isolados do resto do mundo,às vezes semanas e meses consecutivos,aquele era o único elo da ligação à civilização."....


Na passada 5ªfeira,estivemos juntos num jantar,em Alcofra,de onde a esposa do Rui é natural,onde estiveram presentes diversos companheiros da Guiné, Martins Julião, Frederico Farreca, Baltazar Farreca,Licínio Vaz,Armando e o genro do Rui que não me recordo do nome.Estes três últimos não estiveram na Guiné mas nem por isso não quiseram deixar de ouvir os nossos episódios de "guerrilha".O Carlos Santos faltou à chamada por motivos de saúde.

Bem-Haja,RUI!

Victor Barata

DIA DE S.VALENTIM,A MORTE NA GUERRA.


99-Manuel Bastos
Ex.Fur.Mil.Exército
(Ferido em Combate)
Moçambique


Problemas afectos ao meu PC,obrigaram-me a só hoje retomar
as publicações de mensagens.
Embora o Dia de S.Valentim já tenha passado,não posso ficar impune à publicação desta magnífica obra literária que só o Manuel Bastos sabe tão bem redigir.
A sua capacidade literária
é,simplesmente,invejável,faz-nos ficar preso ás letras por si desenhadas nos seus textos.
A sua mensagem é a seguinte:


A título de contributo para a celebração do Dia dos Namorados anexo um texto que publiquei em tempos no meu blog(Cacimbo-Episódios de Guerra Colonial). Se achares de algum interesse e o quiseres publicar basta copiar o texto que leva os códigos de html para exibir uma foto e colá-lo directamente no separador de html do editor de texto para uma nova mensagem do bloger.
Um abraço
Manuel Bastos

Mueda, 10 de Março de 1972

Meu amor,
Hoje morreu o Rivelino. Disseram que morreu. É irremediável, mas queria falar disto a alguém.
Sabes? Quando morre alguém nós ficamos um pouco mais sós. Por isso te escrevo, um dia quando te conhecer, quando nos amarmos e quando eu precisar de dizer isto outra vez a alguém, entrego-te este aerograma, para me fazeres companhia.
Aqui onde estou, a meio mundo de ti e a meia vida de te conhecer, há uma guerra e todos os dias morre alguém, é como se deus fizesse connosco o que eu estou a fazer agora com aquelas latas de cerveja alinhadas na vedação. Hoje a lata em que deus acertou chama-se Rivelino e eu precisava de chorar um pouco.
Eu choro sempre que morre alguém, mesmo que morram várias pessoas por dia. É a minha maneira de não aprender a morte; mesmo que não me apeteça chorar, choro. É uma espécie de exercício para não me esquecer que sou humano.
De vez em quando interrompo este aerograma e dou um tiro numa lata de cerveja e não vejo que prazer pode dar isso. É por pura curiosidade que o faço, para ver o que pode ter sentido deus quando o Rivelino morreu.
Falhei. Não é fácil acertar numa lata de cerveja com uma G3 a esta distância. Se aquela lata fosse o Rivelino eu hoje talvez não tivesse chorado, talvez não estivesse a escrever este aerograma e talvez não te viesse um dia a conhecer.
Mas o Rivelino morreu e eu sinto que é imperioso não deixar que isso passe em vão.
Aponto de novo a G3 e a lata de Laurentina aguarda ao longe que a minha pontaria volte a falhar. Eu enchi as latas de areia e quando lhes acerto em cheio elas explodem. É mais divertido assim, pensei eu, do que com uma lata vazia. Mas quando se trata de destruição e de morte não vejo que o espectáculo divirta mais.
Será por isso que dizem que deus pôs uma alma dentro de nós, será que é para ela explodir quando morremos, para ser mais divertido?
Não faças caso. Eu sei muito bem que não é deus que faz connosco o que eu faço com as latas de cerveja; são pessoas como eu que fazem isso, pessoas que aceitaram a missão de nos irmos abatendo uns aos outros por um motivo de que já nem sequer nos lembramos.
Quando esta guerra acabar ninguém se lembrará mais do Rivelino, então um dia, quando eu me sentir tão só como hoje e me apetecer dar tiros em latas de cerveja, eu hei-de encontrar este aerograma e dar-to-ei como se tu fosses a minha correspondente de guerra e nessa altura a solidão desvanecer-se-á um pouco.
Mas tenho que te encontrar primeiro, tenho que ir tentando pela vida fora até ter a certeza que és tu a destinatária deste aerograma.
Saberei que és tu se ao olhar-te não me apetecer chorar ninguém, como se não tivesse havido uma guerra, como se eu não tivesse feito com homens como eu, o que agora faço com as latas de cerveja.
E então sentirei um apelo enorme para te contar tudo isto, como se a música de um piano se soltasse, retinindo pérola a pérola sobre o pesado mármore do silêncio e acordasse em mim o riso e a inocência.
Se fores tu, lembraremos o Rivelino como uma criança inocente antes de lhe terem dado a missão que só é costume desculpar aos deuses e que na verdade nos transforma a todos em predadores ou em presas, em projécteis ou em alvos.
Se fores tu, terei a certeza que não aprendi a lição da morte, e este aerograma terá finalmente a sua destinatária.
Com todo o meu amor,

Manuel

MONUMENTO NA GUINÉ.



98-Mensagem de A.Marques Lopes
Coronel do Exército(Ferido em Combate)


Guiné-Bissau: Liga Combatentes portuguesa vai construir Monumento ao Soldado Desconhecido


Bissau, 14/02 - Uma missão da Liga dos Combatentes portuguesa está naGuiné-Bissau para proceder, sexta-feira, ao lançamento da construção domonumento ao Soldado Desconhecido e da Casa da Amizade, no âmbito de um protocolo assinado com as autoridades guineenses.
Com a Casa da Amizade, a Liga dos Combatentes portuguesa pretende
desenvolver acções de carácter humanitário, que beneficiem ex-combatentes
portugueses e guineenses.
Segundo fonte da missão, a Casa da Amizade vai funcionar como uma delegação
da Liga dos Combatentes na Guiné-Bissau e estará aberta a todos os militares
e ex-militares.
O monumento ao Soldado Desconhecido será construído em Bissau em homenagem a
soldados portugueses e guineenses.
No âmbito dos protocolos, que foram assinados com as autoridades guineenses
em Dezembro, a Liga dos Combatentes estabeleceu também um programa para os
seus sócios para organizar viagens turísticas à Guiné-Bissau que se
enquadrem nos objectivos do seu programa de conservação e partilha de
memórias.

AngolaPress, 14.02.08

NOTÍCIA DA MINHA IDA PARA A GUERRA,GUINÉ!

98-Mensagem do Fernando Castelo Branco
MMT
2ª/69
Foto da central eléctrica da Base Aérea nº4,Lajes-Terceira,Açores


Amigo Victor:
Como sempre,um forte abraço.
Há já algum tempo,que eu tinha na ideia de com esta foto de "completar"a tua expressão:
" foi aqui que soube da minha nomeação para a Guiné"...Muito "sorrateiramente",consegui tirar esta foto,(não quero nem por nada alterar a sistema de segurança da unidade,porque os quase doze anos que servi a FAP,soube aprender os significados das palavras Segurança e Conficionalidade...),mas sim,dar continuidade ao teu tão Nobre Blogue,que nos tem aproximado e recordar os "JOVIAIS TEMPOS",que por muito e voltas que dermos,nunca mais voltarão...
Um abraço e espero que gostes e um bom dia para ti e continua,que NÓS estamos atentos.

Fernando Castelo Branco


VB:
É verdade,foi realmente neste local (foto de cima) que eu soube que IA PARA A GUERRA!Quando acabei a sub-especialização de Inst/Av.,na Ota,fui colocado na BA 4,sabendo antecipadamente que iria para a Guerra de Ultramar,quando é que era a incógnita,mas quanto mais tempo estivesse naquela unidade açoriana,mais longo e massacrador se tornava o meu afastamento da família,por isso desejava com grande ansiedade a minha mobilização,fosse para onde fosse,por isso todos os dias procurava aos meus companheiros OPC de já tinham recebido alguma mensagem anunciando a notícia por mim tão desejada.
Eis que passados dezassete dias após a minha chegada,pelas 22h,estava eu na central eléctrica,entra o "tal"OPC e diz-me: -Barata,aqui tens o pretendes,a tua mobilização,vais para a Guiné! Fiquei radiante,queria lá saber se ia para a Guiné ou para Angola ou Moçambique,já só pensava no dia seguinte para ir ao comando formalizar o meu embarque para o continente para fazer as inspecções médicas exigidas ao pessoal navegante que, normalmente,duravam cerca de dois meses,tempo esse que ainda ia desfrutar em Lisboa,era a época dos Santos Populares.


sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

QUEM PODE INFORMAR DE ONDE FOI MOBILIZADO O RUI MADEIRA?

97-António Pires
Editor do Blog ultramar.terrab.biz


Este nosso companheiro,solicita-nos uma informação sobre o nosso malogrado companheiro Rui Madeira,MMA,falecido em 12 de Agosto de 1972,em Bambadinca, vítima de acidente aéreo.
Da esq./dir. Quintas,Rui Madeira e Victor Barata




"Boa tarde, Caro Victor Barata,

Temos conhecimento que o Alferes Pilav VICTOR MANUEL CALDEIRA PINTO foi mobilizado pela BA3 – Tancos, só não sabemos qual foi a Unidade Mobilizadora do 1.º Cabo Especialista MMA ANTÓNIO RUI DE SOUSA MADEIRA.

Há possibilidades de nos facultar essa informação.

Os elementos que possuímos sobre o trágico acidente:

Ambos estavam colocados na BA 12 – Bissalanca quando, no sábado 12AGO1972, ao fazer a aproximação à pista de Bambadinca, a DO27 em que seguiam se despenhou e provocou a morte de ambos.”

Desde já os meus agradecimentos

António Pires"


Sinceramente que para mim falar neste malogrado companheiro é...doloroso! Para além de conviver com ele diariamente durante ano e meio,despedi-me dele pela última vez, estava dentro do avião para fazer a sua última viagem somente de...ida!
Peço-vos desculpa mas não consigo mesmo continuar.
Quem poder satisfazer o pedido deste companheiro agradeço que o faça utilizando o nosso correio electrónico ou seja este Email.

Saudações Especiais

Victor Barata


domingo, 10 de fevereiro de 2008

GRUPO MUSICAL.











96-Mensagem do Augusto Ferreira
Fur.Mil.Melec/Av./Inst.
3ª/69












GRUPO MUSICAL

Amigo Barata,cá estou de novo a apresentar-me ao serviço.
Hoje venho a este espaço,falar de um tema diferente dos anteriores,desenvolvido em Tete e ele é a música.É verdade,durante o tempo que estivemos no AB 7,demos corpo a um grupo musical,residente dentro do próprio Aeródromo.
No fundo,seguimos um pouco a tradição,dos Zés Especiais que no passado passaram por esta unidade.
Entre 67/68 estiveram os Skymaster's,depois 68/70 o Quarteto + 1 e entre 72/74 o nosso agrupamento,sem nenhum nome especial,conhecido simplesmente como o grupo da Base Aérea.
O equipamento sonoro que usávamos,pertencia a um 1º Sargº.Não sei se seria o mesmo,que teria sido utilizado pelos outros agrupamentos.
Bom,depois daqueles dias calorentos,com as temperaturas a rondar por vezes os 40º,ainda arranjávamos ânimo,para os ensaios à noite,nas instalações das oficinas dos MMT.É evidente,na companhia das "médias"da MANICA e LAURENTINA
Tínhamos um reportório muito variado,indo da Música Portuguesa ao Bob Dylan.
Para este último,tinha que tocar a viola e claro a harmónica,fixa no suporte pendurado nos ombros.Era fixe.
Lá fizemos vários bailaricos,alguns deles na cidade de Tete,naquele ambiente permanentemente poeirento,pois as estradas da cidade não eram alcatroadas e à noite,quando vinhamos na camioneta da base para a cidade é que esta nuvem de pó,com as luzes da cidade,se tornava mais evidente,á medida que nos íamos aproximando.Esta situação está bem gravada,seguramente,na memória de todos os que por lá passaram.
Dessa nova actividade artistica da altura,seguem-se algumas fotos:


Foto 1 - Em Tete,1973,Baile de Finalistas

Foto 2 - Durante um ensaio nas oficinas da Base.






Foto 3 - No Clube Ferroviário de Moçambique

Foto 4 - Aeroclube de Tete
Esta,tem uma história muita engraçada.Nós estavamos para entrar,no recinto aonde se iria realizar o baile e fomos impedidos,pelo facto,de não irmos de fato e gravata.Repara só,numa zona em que as temperaturas eram altas,os rigores que a comunidade colonial,colocava nestas alturas!
Respondemos simplesmente,que se não entrassemos não haveria baile,pois éramos nós que
estavamos ali para o fazer.Lá entrámos e, como podes ver pela foto,actuamos bem fresquinhos.
Dos elementos do grupo só me lembro do nome do baterista que era o Cavaco e um dos violas que era o Leão.
A viola acústica que levei de Coimbra,acompanhou-me sempre durante toda acomissão e penso voltar aqui,um dia destes,com outras narrativas com ela presente nas fotos.
Acho que já chega da música por hoje,vou meter a viola no saco e despedir-me de todos os grandes Zés-Especiais desta Linha da Frente com um até breve.
Para ti Barata,aquele forte abraço de sempre.
Augusto Ferreira

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

PORQUE TERÁ SIDO!?...

95-Mensagem do Fernando

Castelo Branco
MMT
3ª/69


Graças a ti,com Saudade quando
"ELES"usavam na sua farda amarela e na cinzenta as "asas de mecânicos
e NÓS "pupilos",com a farda nova,
(que muito sinceramente nunca gostei dela,a não ser pelo azul de que ela era feita,porque dizia alguma
coisa com a cor do Céu),porque sempre gostei da farda de terilyn
cinzenta com camisa azul e o respectivo boné.Impediram-nos de usar as referidas asas,(tambem não era o meu caso,porque era MMT(mecânico de material terreste)...mas hoje,até se usam as asinhas nas platinas,e novamente as referidas asas para os MMA(mecânico de material aéreo) e para as outras especialidaes um simbolo com asas e o emblema da Especialidade que têm...assim como o Dolmen,a destoar com uso do bivaque,sendo Praça...
Pois aconteceu uma vez,vi chegar um Sr.SargºAjud. ao meu Serviço,na decada de 90 e quando olhei para as suas platinas reparei,que era SargºAjud.,mas,junto ao Simbolo Hierárquio,vejo as ditas asinhas,comentei com interrogação:-Como é que ainda à Sargº.Pilotos se foram todos para Oficiais?!...
Vim mais tarde a saber,da "ligação"que houve no RUMFA(Regulamento de Uniforme da Força Aérea).
Voltando ao assunto desta,porque terá sido?Quando nós sempre soubemos distinguir as distâncias"entre alunos pilotos,tanto para o curso de Sargentos como para o de Oficiais.Sendo Cabos-Especilalistas,não nos deixavam usar boné e até o Dólmen,quando se fosse Músico,mesmo Praça podiam usá-los?
Termino,com Saudade e votos para que o nosso "Velhinho"Zé Especial Coelho nos traga mais histórias e os mais recentes Zés deem continuidade à NOSSA existência que muito nos dignificou e fez com que a FAP,passasse Além Fronteiras.
Um abraço sempre ESPECIAL
Fernando Castelo Branco

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

A VIDA DE UM ZÉ ESPECIAL.





94-Mensagem do João Coelho
MMA
3ª/63
Amigo Barata,cá vai uma 3ªintervenção sobre a
vida na FAP,de 1964 a 1966,no então AB 1,na Portela,em Lisboa.

Foto da AB 1,hoje AT 1, Lisboa




Vivia-se bem,nos primeiros tempos a messe era excelente,até leitão se comia,depois foi piorando ao ponto de um pequeno grupo de especialistas ter ido falar com o 1ºSarg.Manuel Ferreira,responsável pelo refeitório.Estou a vê-lo,sempre à civil,e sempre com um cigarro pendurado nos lábios,ouro nos dedos,um tipo estilo porreirão-dizia-se que era muito querido pelas vendedoras do Mercado da Ribeira-e que aceitou com muita naturalidade a nossa conversa,muito afável,mas...lá nos disse das dificuldades,dos apertos financeiros,e mais coisa e tal...ou seja,nada melhorou.Fico a ganhar o bar da Base,que o Bento,tambem Cabo-Especialista explorava,com a venda das latas de atum,misturado com batata frita de pacote...
Para além da alimentação,a unidade tinha um outro problema,e,esse sim,dos grandes:o célebre Cap.Carmo,oficial do SG(Serviço Geral) e responsável pelo Comando da Formação,um homem de paranoias terriveis e que era um autêntico cão de fila,sempre atras da mais pequena infracção.
Estando na Portela,em plena cidade de Lisboa,com o 45 da Carris a passar ali à beira,era natural que o pessoal apreciasse sair à civil...e,durante algum tempo tudo correu normalmente.De repente,o sr.Cap. achou que não,só se saia fardado e calhou-me a mim a estreia:10 dias de detenção simples por uso de traje civil...Passaram uns meses e,como sempre aconteçe,julgou-se que as coisas teriam "amolecido"...engano meu,mais 10 dias de detenção,de novo por estar à civil e ser reincidente...Esta custou-me um bocado,por estar já na cancela,lá em cima,a caminho de uma tourada no Campo Pequeno,na companhia do meu camarada de curso e conterrâneo Herberto Machado,colocado em Bissalanca e que tinha chegado nesse dia como mecânico de um "Dakota"vindo da Guiné(passando por um susto,já que depois da aterragem viram que o hélice de um dos motores,por qualquer razão,estava quase a soltar-se do motor...).Mesmo assim ainda conseguimos ir aos touros,dado que o Cap.Carmo ia de saída quando nos encontrou,era tarde,e a efectividade da punição só se verificou no dia seguinte.
Este oficial-que morreu atropelado em Lisboa, anos mais tarde-voltou a dar que falar,agora por causa da gasolina.
Quando chegamos ao AB 1,em Setembro de 1964,era vulgar o pessoal servir-se do combustível que ficava nos depósitos dos aviões,depois dos voos.Aliás,os oficiais até abasteciam directamente,traziam o carro para a placa,estacionavam debaixo de uma das asas e,com um tubo colocado no dreno pequeno,enchiam o tanque da viatura;os Sargentos aproveitavam o bidon,montado sobre pneus,que fazia a limpesa das águas do avião,para trazer gasolina;nós,cabos-especialistas,arranjavamos uma lata de 20 litros,abertas em cima,e com um arame a fazer de pega...e lá íamos,de vez em quando,fazer a nossa colheita.
Sei que depois alguém a vendia a 3$50 o litro,a civis-cá fora estava a 5$00 o litro-e,com isso melhoravamos o vencimento.
Ninguém se ralava,depois de um voo de milhares de Kms,mais 500 ou menos 500 litros nos tanques do avião,tanto fazia.
Até que... um dia,um "Skymaster"brasileiro passa a noite no AB 1- oBrasil tinha então um Destacamento ao serviço da ONU,no Egipto,devido à crise no canal do Suez.A tripulação foi para o hotel descansar e,no dia seguinte de manhã,Sarg.Mec.brasileiro,o primeiro a chegar,sobe ás asas e vai "checkar"os depósitos,com uma vara de medição...abre a entrada de um dos tanques,mete lá a vara e pum!...Som de batida no fundo,ali só havia secura,nada mais.Ora o Sarg.sabia que tinha ficado gasolina nos depósitos-não recordo a quantidade,mas
era significativa-e ao ver que ela se tinha"evaporado"durante a noite,não achou graça.Vai de participar,a coisa podia ganhar foros de incidente diplomático,investigação prá aqui e prá acolá,mas nunca se conseguiu provar nada,toda a gente se fechou em copas.
Mais tarde constou-se que tinha sido um "velhinho"especialista o responsável pela cena,incluia uma pequena rede,dentro e fora da base,com a coloboração de sentinelas e alguns civís,sócios do camarada,uma pequena camioneta com bidons de 200 litros na caixa,estacinada junto à rede,no lado exterior,e uma mangueira estendida até ao dreno grande do avião...E depois até se dizia que o autor da proeza já era veterano no esquema,que comia lagosta na Solmar todas as semanas e que tinha posse para ir ás meninas de luxo...
Verdade é que a partir dai acabaram as facilidades no respeitante à gasolina,e ficou o Cap.Carmo encarregue de fiscalizar as tropas e,diga-se que com sucesso,pois acabou por apanhar dois imprudentes Sarg.que arriscaram usar o tal bidon das águas,e que foram topados em pleno o dia,no meio da placa,com a mão na massa-neste caso,na gasolina.Deu treta,punições e transferência de unidade...
Mas foram grandes tempos esses-quando ainda tinha a farda de"terylene"em condições,ir até ao terminal ou dar uma volta pela Baixa,com o nosso "brevet"de mecânicos,nesse tempo semelhante ao dos pilotos-a diferença era termos uma hélice entre as asas,em lugar do escudo nacional-as miúdas julgando que pilotavamos"caças"e nós que ás vezes,etc. e mais isto e mais aquilo,o uniforme era bonito,na verdade,e dava "sainete".
De resto,a minha minha vida passava-se entre o trabalho da Secção Técnica,o serviço na Escola de Mecânico de Dia,vendo partir e chegar quem ia e vinha da guerra,aproveitar as saídas de fim de semana,estar a pau com o Cap.Carmo,e fazer uns voos de vez em quando,na companhia do Cap.Pilav.Victor Campos, um piloto de mão cheia e oficial responsável pela Segurança de Voo dos TAM(Transportes Aereos Militares).
Matéria que deixarei para uma próxima e derradeira intervenção aqui,se houver paciência da vossa parte.


Um abraço para o amigo Barata e para todos os que aqui vêm.

João Coelho


VB:Companheiro,quero desde já agradecer-te as tuas intervenções,são de uma riqueza invejável,toda a permonorização que empregas nesta descrição da tua vida ao serviço da nossa FAP ,no fim destes anos todos,fazem-nos sentir orgulhosos por termos um ZÉ ESPECIAL como tu!
Pois bem,João,nós vamos ter sempre "paciência"para ler as tuas mensagens,só te pedimoas que não a percas tu para nos descreveres!?...


Saudações ESPECIAIS!