João Carlos Silva
Esp. MMA
Sobreda
Companheiros,
No
recente encontro da Tertúlia Linha da Frente onde visitámos a BA5, no Briefing a
que gentilmente tivemos acesso, na Esquadra 201 Falcões “Guerra Ou Paz Tanto Nos
Faz”, retive uma frase que, até sem pensarmos nisso, muitos de nós utilizamos
nas nossas vidas. A frase era algo semelhante a esta:
“Relembrar
o passado para fortalecer o presente e pensar o futuro”
Assim,
indo um pouco mais atrás que anteriores voos aqui no nosso Blog onde já se
escreveu sobre os nossos precursores Especialistas na era FAP, até um pouco
mais atrás e onde relatei o encontro com o Capitão Artur Lemos meu instrutor no
curso de especialistas MMA em 1979/80 na BA2 Ota na disciplina de Tecnologias e
que é do tempo da Aviação Naval. Alistou-se voluntário para Mecânico de Avião
da Aviação Naval Portuguesa, tendo iniciado a sua carreira no Centro de Aviação
Naval de Aveiro, Escola de Aviação Naval Gago Coutinho, São Jacinto,
posteriormente Base Aérea nº7.
Hoje, lembrando
a frase acima referida, gostaria de ir ainda um pouco mais atrás e trazer
alguma informação sobre um dos ramos ancestrais da “nossa” Força Aérea
Portuguesa. Neste caso a Aviação Naval.
A partir de
um texto do Comandante Vilhena e de algumas fotografias com várias origens, publicados
na página “Aviação Naval Portuguesa/Portuguese Navy Aviation” no Facebook, tentei juntá-los e aqui partilho convosco essa compilação de parte da história
da Aviação Portuguesa. Agradeço desde já aos administradores dessa página e a todos os que contibuíram com estes valiosos documentos.
“AVIAÇÃO
NAVAL PORTUGUESA/PORTUGUESE NAVY AVIATION
 |
Aviação Naval
Foto: Em Aviação Naval Portuguesa, Facebook |
A Aviação
Naval nasceu em 1917 e foi extinta em 1952.
Em
28 de Setembro de 1917, pelo Dec. 3395, foi criado o Serviço de Aviação da Armada com
a Escola anexa, subordinada à Majoria General da Armada. Esta decisão
governamental deveu-se, em grande parte, à iniciativa do Comandante Sacadura
Cabral, já então brevetado como aviador-naval, e sendo o verdadeiro inspirador
e impulsionador da nascente Aviação Marítima, depois designada Aeronáutica
Naval.
Em
27 de Maio de 1952 foi publicada a Lei n.º 2055, estabelecendo a estrutura orgânica
do recentemente criado Subsecretariado de Estado da Aeronáutica, prevendo-se a
unificação das Forças Aéreas (do Exército e da Marinha), na dependência desse
departamento governamental.
Em
01 de Janeiro de 1953 já não existia Aviação Naval como ramo da Marinha de Guerra.
(...).
OS
CENTROS OPERACIONAIS DA AVIAÇÃO NAVAL
O Decreto
que criou o Serviço de Aviação da Armada previa o estabelecimento de Centros de
Aviação Marítima, subordinados a um Director, na dependência da Majoria General
da Armada. O Comandante Sacadura Cabral foi encarregado de estudar a
localização de um Centro na região de Lisboa, tendo seleccionado a zona do
Alfeite, beneficiando do excelente espelho de água do Mar da Palha e utilizando
terrenos do Estado para as infra-estruturas. Porém não foi possível ocupar essa
posição privilegiada, tendo-se então optado pela utilização da Doca do Bom
Sucesso, a título provisório.
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Centro de Aviação Naval de Lisboa - Doca do Bom Sucesso
Foto: Em Aviação Naval Portuguesa, Facebook |
Em
14 de Dezembro de 1917 entraram na Doca do Bom Sucesso os dois primeiros hidroaviões
da Aviação Naval, os FBA, de fabrico francês.
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FBA
Foto: Em Aviação Naval Portuguesa, Facebook |
A
situação provisória do Centro do Bom Sucesso manteve-se até à extinção da
Aviação Naval em 1952. Apesar disso, e não obstante a modéstia das suas
instalações e equipamentos, e das desfavoráveis condições do rio para as
operações de descolagem e amaragem, o Centro do Bom Sucesso adquiriu, ao longo
dos anos, uma aura de Base-mater da Aviação Naval. Isto, porque ali operaram os
nossos pioneiros – pilotos-aviadores, mecânicos, artífices – e ali foram
recebidos outros pioneiros da aviação mundial. E foi no Bom Sucesso que se
planearam e dali partiram alguns dos voos mais notáveis da nossa Aviação. Até
1935 funcionou também no Bom Sucesso a Escola de Aviação, embora com actividade
intermitente. Naquele ano foi transferida para S. Jacinto. Embora sem grandes
planos operacionais por falta de orientações estratégicas a alto nível, e com
meios aéreos modestos ou inadequados, o Centro do Bom Sucesso merece permanecer
na memória histórica em posição privilegiada, por estar ligado às origens e a
factos relevantes da Aviação Naval.
Quando
Portugal foi envolvido na 1ª Grande Guerra em 1916, devido à declaração de
guerra pela Alemanha, os governos português e francês acordaram em estabelecer
bases aéreas para vigilância anti-submarina das nossas costas.
Dos
estudos efectuados, resultou o estabelecimento de um centro em S. Jacinto,
guarnecido pela Aeronavale francesa, a que foi atribuída a vigilância para
norte de S. Martinho do Porto, ficando toda a restante costa a cargo do nosso
Centro do Bom Sucesso, equipado com hidroaviões Tellier e DD8. Admitiu-se ainda
a possibilidade de um outro Centro na Ilha da Culatra, vigiando a costa
algarvia. Embora tivessem sido aí construídas algumas instalações, não chegaram
a ser utilizadas operacionalmente.
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Centro de Aviação Naval de Aveiro - São Jacinto
Foto: Em Aviação Naval Portuguesa, Facebook |
 |
Tellier T-3
Foto: Em Aviação Naval Portuguesa, Facebook |
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Donnet-Denhault DD8
Foto: Em Aviação Naval Portuguesa, Facebook |
Após o
armistício, o Centro de S. Jacinto foi entregue pelo comando francês à Aviação
Marítima portuguesa, em Dezembro de 1918. Em 1935, a Escola de Aviação que
funcionava no Centro do Bom Sucesso foi transferida para S. Jacinto, com a
designação de Escola de Aviação Naval Almirante Gago Coutinho. A partir de
então, desenvolveram-se e aperfeiçoaram-se os cursos de pilotos-aviadores,
engenheiros, mecânicos e artífices de aviação. A instrução de descolagens e
amaragens era efectuada na ria da Torreira, beneficiando da maior área de
manobra. Alguns anos depois, iniciou-se a construção de um campo de aviação
contíguo ao Centro de S. Jacinto, tendo passado a ser aí executada uma parte da
instrução de pilotagem em aviões de rodas
A partir
dos anos 40, a Escola, além da ampliação de toda a sua infra-estrutura, foi
alvo de uma dinâmica de modernização, que lhe permitiu atingir um elevado nível
de eficiência e qualidade.
Na fase
final da existência da Aviação Naval, foi estabelecida em S. Jacinto uma
unidade anti-submarina (A/S) constituída por 12 aviões Curtiss Heldivers,
coexistindo com as actividades da Escola. Esta unidade A/S, operando como força
de cooperação com as forças navais, atingiu excelente nível organizativo e operacional,
merecendo elogios de entidades americanas ligadas à NATO.
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Curtiss SB2C5 Helldiver - Pilotado pelo Cmdt Cyrne de Castro durante a visita do Presidente do Brasil, em 1955. Terreiro do Paço, com as tropas em formatura.
Foto: Em Aviação Naval Portuguesa, Facebook |
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Curtiss SB2C5 Helldiver - Bombardeiro de Mergulho
Foto: Em Aviação Naval Portuguesa, Facebook |
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Curtiss SB2C5 Helldiver - 1º Cabo Mecânico de Avião Rogério Horta dos Santos - CAN Aveiro, 1951
Foto: Cedida pelo seu filho, Francisco Santos. Em Aviação Naval Portuguesa, Facebook |
Em 1927,
por necessidade de vigilância das águas territoriais, face à pirataria e às
contingências da guerra civil na China, foi estabelecida uma Secção da Aviação
Naval em Macau subordinada ao Chefe dos Serviços de Marinha. Três hidroaviões
Fairey (incluindo o F – 17 Santa Cruz) ficaram baseados na Ilha da Taipa,
efectuando voos de reconhecimento até à extinção dessa unidade em Abril de
1933.
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Centro de Aviação Naval de Macau - Porto Exterior
Foto: Em Aviação Naval Portuguesa, Facebook |
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Fairey III D
Foto: Em Aviação Naval Portuguesa, Facebook |
Em 1937,
face à situação criada pela invasão da China pelos japoneses, foi decidido
reforçar a defesa de Macau, incluindo o restabelecimento da vigilância aérea.
Foi enviado o aviso de 1ª classe Afonso de Albuquerque com o seu avião Osprey,
levando também o análogo do Bartolomeu Dias. Em 1938 foi formalmente criado o
Serviço de Aviação de Macau, tendo-se estabelecido o quadro do pessoal e
adquirido mais 4 hidroaviões Osprey, perfazendo uma esquadrilha de 6 idênticos.
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Aviso Afonso de Albuquerque com o seu avião OSPREY
Foto: Em Aviação Naval Portuguesa, Facebook |
Porém,
por vicissitudes ocorridas, tanto com o material de voo como com vários
impedimentos dos oficiais aviadores, este Serviço de Aviação foi encerrado em
1942.
É de
referir que o hangar que havia sido construído no Porto Exterior, viria a ser
bombardeado por aviões americanos em Janeiro, Fevereiro e Junho de 1945,
alegadamente por suporem estar o território ocupado pelos japoneses. Em 1950,
reconhecendo o erro, o Governo dos EUA indemnizou Portugal num montante
superior a 50 milhões de USD.
Em 1918,
ainda em tempo da 1ª Grande Guerra, foi considerado necessário estabelecer
serviços aéreos nos Açores, não só para a vigilância das águas territoriais,
mas também para apoio à navegação transatlântica, mediante assistência
radiotelegráfica e meteorológica. Relativamente ao serviço aéreo, planeou-se a
instalação de um Centro em Ponta Delgada, tendo-se adquirido nos EUA 4
hidroaviões Curtis-HS, e um grande hangar metálico, que veio desmontado, com
todas as peças devidamente marcadas para a subsequente montagem. Mas este
material, desembarcado em Ponta Delgada em 1919 (já finda a guerra), quedou-se
por largo tempo sujeito à intempérie, tendo enferrujado e perdido as marcas de
montagem.
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Centro de Aviação Naval dos Açores - Ponta Delgada
Foto: Em Aviação Naval Portuguesa, Facebook |
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Curtiss HS-2L
Foto: Em Aviação Naval Portuguesa, Facebook |
Em 1921
todo o pessoal regressou a Lisboa, procedendo-se à transferência dos aviões
para o Bom Sucesso, seguindo as peças do hangar para S. Jacinto.
A
história deste hangar atingiu então o seu ponto rocambolesco. As peças estavam
todas desordenadas, sem marcas e sem plano de montagem. Contratada uma empresa
de construção do Porto, esta limitou-se a construir as fundações, desistindo do
restante trabalho, face ao enigma que se lhe apresentava. Então, o Eng.º
Pereira Bastos, em serviço em S. Jacinto, pondo à prova as especiais capacidades
individuais dos portugueses perante situações destas, mais a lucidez da sua
própria inteligência, abalançou-se a resolver o “puzzle”. Com a ajuda de um
carpinteiro e um serralheiro, lançou-se na reprodução em cartão de todas as
peças do granel, uma a uma, em escala reduzida. Seguidamente, ensaiou-se a
montagem, procurando a sequência e correlação das peças, até se conseguir
completar uma maqueta em miniatura. A partir daí com a ajuda de mais dois
sargentos e meia dúzia de marujos, procedeu-se à montagem do hangar, com 40m de
vão, 60m de comprimento e 20 de altura (o maior da Península Ibérica), que
ficou pronto em 4 messes! Em 1941, no decurso da 2ª Guerra Mundial, foi
novamente instalado em Ponta Delgada o Centro de Aviação Naval dos Açores (CANA),
para vigilância das águas territoriais.
Este
Centro foi equipado com hidroaviões Grumman G-21 e Widgeon G-44 anfíbios, estes
sem poder militar e com pequeno raio de acção. Os voos de reconhecimento com
estes aviões limitavam-se às águas do grupo oriental das ilhas. Com os G-21
efectuaram-se dezenas de voos mais longos em busca de náufragos dos navios
torpedeados. Em 1946, terminadas as missões de tempo de guerra, o Centro de
Aviação Naval dos Açores foi encerrado, regressando a Lisboa todo o pessoal e
material de voo.
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Grumman G-21 B Goose
Foto: Em Aviação Naval Portuguesa, Facebook |
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Grumman G-44 Widgeon
Foto: Em Aviação Naval Portuguesa, Facebook |
Em 1943,
como compensação de apoios prestados no contexto da nossa “neutralidade
colaborante”, a Inglaterra forneceu a Portugal, para reforço do equipamento
aeronaval, 16 aviões Blenheim, bimotores bombardeiros, de rodas.
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Bristol Blenheim MK V
Foto: Em Aviação Naval Portuguesa, Facebook |
A
recepção deste equipamento implicou a instalação de uma infra-estrutura mais
que modesta na Portela de Sacavém, ficando essa unidade designada por
Esquadrilha B. Os aviões eram já muito usados, criando constantes problemas aos
mecânicos e preocupações em voo aos pilotos. A agravar esta situação, os
bimotores Oxford, para instrução avançada, só foram entregues posteriormente,
pelo que os pilotos foram forçados a aceitar esta inversão de tarefas e
enfrentar todas as dificuldades da operação dos Blenheim sem a devida preparação.
Mais
tarde, ainda dentro das referidas compensações da colaboração portuguesa, foram
recebidos na (malfadada) Esquadrilha B, 17 bimotores bombardeiros Beaufighter,
já usados e tão mal tratados como os anteriores. Estes últimos chegaram mesmo a
registar um grave acidente, fatal para 3 tripulantes.
Tudo isto
caracteriza a Esquadrilha B como a mais lamentável situação histórica da
Aviação Naval.
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Bristol Beaufighter TF MK X
Foto: Em Aviação Naval Portuguesa, Facebook |
Ao longo
dos anos, manteve-se a aspiração da Aviação Naval de conseguir uma alternativa
adequada para a situação provisória do Bom Sucesso. A ideia inicial de Sacadura
Cabral de utilização do Alfeite foi definitivamente posta de lado desde que
essa zona foi destinada ao Arsenal de Marinha. Desde 1933 foi então estudada a
localização de um novo Centro no Montijo. Durante anos desenvolveu-se o
programa, envolvendo uma vasta área terrestre para a operação de aviões de
rodas, e uma área de instalações, com rampas para acesso de hidroaviões. A
primeira fase deste plano ficou concretizada antes de 1952, ano em que foi
extinta a Aviação Naval. As Forças Aeronavais, suas sucessoras, ocuparam então
a partir de 1953 essa infra-estrutura, designada Base Aeronaval do Montijo,
mais tarde convertida em base Aérea N.º 6, BA-6, ocupada pela Força Aérea. É
lícito considerar esta infra-estrutura como produto da concepção e
concretização dos aviadores navais, com especial mérito do seu coordenador,
Comandante Telo Pacheco.
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Centro de Aviação Naval Sacadura Cabral - Montijo (actualmente Base Aérea nº6)
Foto: Em Aviação Naval Portuguesa, Facebook |
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Centro de Aviação Naval Sacadura Cabral - Montijo (Hangar que veio do CAN Lisboa na doca do Bom Sucesso e aqui já BA6 veio a albergar a Esquadra 301 Jaguares)
Foto: Em Aviação Naval Portuguesa, Facebook |
OS AVIÕES
DA AVIAÇÃO NAVAL
Nos seus
35 anos de existência, a Aviação Naval utilizou 251 aviões de 31 diferentes
modelos, fabricados em 6 países, com a seguinte repartição:
·
42 aviões
de 6 modelos de fabrico francês
·
112 de 14
modelos ingleses
·
6 de um
modelo italiano
·
5 de um
modelo holandês
·
86 de 9
modelos americanos
Destes
251 aviões, 126 eram hidros de 19 modelos e 125 de rodas de 12 modelos. Os
hidroaviões, quanto à configuração, eram:
·
56 de
flutuadores de 9 modelos
·
125 de
casco (coque) de 9 modelos.
Por tipos
de missões a que se destinavam, a distribuição foi a seguinte:
·
Aviões de
instrução e treino – 109 unidades de 12 modelos
·
Aviões de
reconhecimento e patrulha – 43 unidades de 6 modelos
·
Aviões de
combate (bombardeiros, torpedeiros) – 99 de 12 modelos.
Para além
deste material de voo, é de referir a curta existência de um Short Sunderland,
grande hidroavião quadrimotor inglês, amarado em emergência no Sado em
Fevereiro/1941, com um motor inoperativo e fustigado pelo violento ciclone que
assolou Portugal nesse mês. Este avião foi internado, e depois oferecido ao Estado
Português. Tendo sido sujeito a grande reparação no Bom Sucesso, foi com ele
tentado um voo à Guiné, interrompido a meio caminho por avaria de 2 motores,
tendo regressado à base, mercê da perícia da sua tripulação, sob o comando do
Comandante Paulo Viana.
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Short Sunderland MK I
Foto: Em Aviação Naval Portuguesa, Facebook |
O avião
foi depois abatido em 1944. A assistência de manutenção aos aviões e seus
equipamentos foi sempre garantida nas próprias oficinas dos vários Centros,
guarnecidos por competentes técnicos, desde os engenheiros aos mecânicos e
artífices de aviação.
À margem
das rotinas de manutenção, são de referir alguns trabalhos extraordinários,
como a montagem, no Bom Sucesso, no 3º FBA a partir de partes dos dois
primeiros e peças sobressalentes, e a reconstrução, nas oficinas de S. Jacinto
sob a direcção do Eng.º Rodrigues dos Santos, de 3 Gipsy-Moth utilizando também
partes de outros e um manancial de sobressalentes excedentários, e finalmente a
grande reparação do Sunderland no Bom Sucesso.
OS
EFECTIVOS DE PESSOAL DA AVIAÇÃO NAVAL
Ainda
antes da fundação da Aviação Marítima em Setembro de 1917, já em 1916 foram
especializar-se em França os primeiros oficiais aviadores – Sacadura Cabral e
António Caseiro – e alguns mecânicos e montadores de aviação, que iniciaram
depois a sua actividade na Escola Militar de Aeronáutica, em Vila Nova da
Rainha. Aí montaram os primeiros FBA vindos encaixotados de França.
No final
de 1917 transitaram para o Centro do Bom Sucesso. Ao longo de 35 anos, foram
brevetados em diferentes escolas como pilotos-aviadores navais, os seguintes
efectivos:
·
Em França
– 11 oficiais
·
Em
Inglaterra – 2
·
Em Itália
– 3
·
Nos
Estados Unidos da América– 3
·
No Bom
Sucesso – 18
·
Em S.
Jacinto – 60
A este
total de 97 oficiais seguiram-se 5 oficiais da Reserva Legionária. Paralelamente
formaram-se 4 observadores-aeronáuticos (navegadores), além do Almirante Gago
Coutinho, a quem foi atribuída extraordinariamente esta designação, embora não
integrasse o quadro da Aviação Naval. Ainda com a farda da Marinha, mas para
serviço na Força Aeronaval, sucessora da Aviação Naval, a partir de 1953 foram
brevetados 7 oficiais pilotos-aviadores.
Quanto às
restantes especialidades, os efectivos atingiram os seguintes números, no mesmo
período de 35 anos, totalizando 270 especialistas, mais algumas dezenas de
operários:
·
Oficiais
engenheiro-maquinistas de aviação – 15
·
Montadores
e mecânicos de aviação (1ª fase) – 20
·
Artífices-mecânicos
de aviação – 12
·
Artífices
de aviação – 44
·
Mecânicos
de aviação – 133
·
Artífices-radiotelegrafitas
– 5
·
Radiotelegrafistas
e operadores de radar – 28
·
Artilheiros-mecânicos
de armamento- 13
 |
1º Cabo Mecânico de Avião Rogério Horta dos Santos, 1952
Foto: Cedida pelo seu filho, Francisco Santos. Em Aviação Naval Portuguesa, Facebook |
A partir
de 1953 ingressaram nas Forças Aeronavais 39 Oficiais aviadores e 5
Engenheiros, além da maioria do pessoal das restantes especialidades. Na sua
relativamente curta existência operacional, a Aviação Naval viveu alguns
momentos de glória. Mas, tendo percorrido um período de iniciação com as
naturais contingências das incipientes tecnologias, a História regista também
alguns momentos de luto.
Teve os
seus mortos em acidentes aéreos:
·
Oficiais
pilotos-aviadores – 14
·
Mecânicos
e radiotelegrafistas – 8
·
A estes
acrescentaremos um oficial piloto-aviador e um radiotelegrafista mortos em
acidente de voo em Fevereiro de 1948 nos Transportes Aéreos Portugueses, onde
prestavam serviço em comissão do Ministério da Marinha.”
Saudações
Especiais,
João
Carlos Silva
Voos de Ligação: