quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Voo 3456 UMA MEMÓRIA DE 50 ANOS!






Mário Santos.

Esp.MMA



Cumprem-se hoje, 28 de Setembro, 50 anos da minha chegada à Guiné no HC-54 Skymaster 7504.
Guardei para sempre a recordação da abertura da porta de cabine dos passageiros e da baforada de ar quente rançoso e húmido, proveniente de águas paradas e dos muitos rios lodosos existentes no território.
Esta foi a antevisão desagradável do que nos esperava: um clima doentio e que marcaria indelévelmente para sempre as nossas vidas.
Para além de muitos outros de quem não guardo memória, chegaram no mesmo voo os Tenentes José Nico e Rui Balacó.
Com eles convivi na Esquadra de Fiat's até ao fim da comissão.
Foram cerca de 22 meses em que interagimos diáriamente na Esquadra de Tigres, eu como Mecânico na Linha da frente e eles Pil./Aviadores.
Pragmáticamente todos aceitamos o drama de guerra, irregular, assimétrica e mortifera que enfrentaríamos no futuro imediato, lutando para tentar preservar um legado deixado pelos nossos antepassados.
A guerra na Guiné teve características muito diferentes da que se travava em Angola e Moçambique.
A elevada organização da guerrilha e a forma como a sua luta se iniciou, através de acções de combate e não com massacres como em Angola, eram reveladores das dificuldades que as FA iriam ter neste território. O movimento de gerrilheiros contra o qual iriamos lutar, era o Partido Africano para a Independência da Guiné e de Cabo Verde (PAIGC)
Na Guiné, não só os factores históricos e a hostilidade da geografia e do clima tornaram difícil a actuação das F.A., como também as independências da Guiné-Conakry (1958) e do Senegal (1960) tiveram um importante papel na condução da guerra. Estes dois países foram uma importante fonte de apoio aos guerrilheiros do PAIGC, proporcionando-lhe refúgio a Norte, Leste e Sul, onde puderam estabelecer as suas bases e desencadear acções militares . O nível de organização do movimento e o armamento moderno de que dispunha (armas automáticas, morteiros, RPG’s, metralhadoras anti-aéreas) possibilitou aos guerrilheiros evoluírem de tal forma rápida que, em 1965, já tinham estendido a sua actuação a todo o território .
Para piorar a situação militar portuguesa, em termos de apoio aéreo,fundamental para a nossa defesa, devido a pressões exercidas pelos EUA a FAP foi obrigada a retirar da Guiné os oito F-86F, a principal arma de ataque aéreo de que dispunha. Desde a retirada destes, em finais de Outubro de 1964, e a chegada dos seus substitutos, os novos caças FIAT G-91 R4 adquiridos à Alemanha Ocidental.
As missões de apoio aéreo próximo às forças no terreno foram entretanto garantidas pelas aeronaves T-6G. Este era um avião que estava longe de possuir o mesmo poder de fogo do anterior F-86F ou do posterior FIAT G-91 R4, o que terá contribuído para que no período de dezoito meses entre a saída de uns e a entrada ao serviço de outros, a guerrilha tenha reforçado a sua presença no terreno, especialmente na região a Sul .
A inferioridade dos guerrilheiros na guerra aérea levou a que desde cedo procurassem anular esta vantagem da FAP, recorrendo para tal ao uso de artilharia anti-aérea e mais tarde ao missel russo Strella AS-7.
No entanto em minha opinião, terá sido precisamente o cansaço dos militares face a uma guerra sem solução política previsível e o ataque aos seus interesses corporativos de classe, os principais factores que levaram as FA a voltar a conspirar contra o regime, acabando por o derrubar em 1974 .
Aqui deixo o meu abraço de grande estima ao General J.Nico e ao Coronel R. Balacó( que felizmente ainda se encontram entre nós.) assim como a todos os companheiros de todas as Esquadras e que contribuiram com o seu esforço e as suas vidas para Portugal poder ter orgulho nos seus filhos que lutaram com honra e dignidade para preservar o que nos tinha sido legado!
As fotos não têm grande qualidade, devido às arcaicas camaras fotográficas, mas são todas genuínas. A foto do Skymaster foi tirada pouco antes do seu abate e posterior desmantelamento, sendo portanto a mais recente e com melhor qualidade.








terça-feira, 5 de setembro de 2017

Voo 3455 NÃO ERAM ASSIM TÃO IGUAIS!!!





Nuno Almeida “Poeta”
Esp.MMA
Lisboa


Numa página denominada Veteranos da Guerra Colonial, num debate sobre quem era carne para canhão alguém afirmou que no mato éramos todos iguais!
Respondi assim:
Como mecânico de helicópteros fui com o piloto fazer o chamado "comando de sector" que consistia em ir com o coronel do sector visitar os aquartelamentos sob o seu comando. Quando estávamos num desses aquartelamentos, bem no meio do mato, recebemos ordem para ali deixar o coronel e irmos fazer uma evacuação a um militar que tinha pisado uma mina e estava biamputado acima dos joelhos. O coronel ficou em pânico ao saber que ia ficar ali sem saber quando seria resgatado para voltar ao seu confortável quartel na cidade(Bafatá). Infelizmente quando aterrei e coloquei a maca ao lado do ferido para nela o colocar ele olhou-me nos olhos e tombou a cabeça já sem vida
 NÃO ERAM ASSIM TÃO IGUAIS!!! 



Voo 3454 A MURALHA




José Guedes
Cmt.TAP
Lisboa


A MURALHA
Este post está a ser escrito propositadamente de madrugada que é quando aquela imagem da direita aparece nos monitores dos aviões para nos dar trabalho e despertar os sentidos, como aconteceu na passada semana com o autor da foto, comandante Pedro Caldas, a quem agradeço o envio.
Conheço o Pedro praticamente desde que nasceu. Vi-o pela primeira vez em Vero Beach corria o ano de 1972 quando foi visitar o pai João, meu colega de curso e amigo próximo. Tinha então um feitio difícil e fazia uns berreiros monumentais que só acalmavam quando o levávamos a ver os aviões. Teria pouco mais de um ano de idade mas já sabia muito bem o que queria.
Resultado: aos vinte anos já era piloto da TAP graças a uma autorização especial que lhe permitia voar com idade inferior ao mínimo regulamentado, 21 anos. 
Quando me apareceu vestido de copiloto no cockpit de um Boeing 737 nem quis acreditar:
"Tens a certeza que já não precisas de fralda?", perguntei. Não só não precisava como fazia brilhantemente todo o trabalho do copiloto, do comandante e da restante tripulação do avião, se necessário. A única coisa que pedia em troca era comida. Muita comida.
Hoje é comandante de Airbus A330 e tem todas as qualificações possíveis e imaginárias dentro da profissão.
A imagem que mandou é-me bastante familiar. Vi-a à minha frente dezenas de vezes ao longo da carreira. Trata-se de uma "muralha" de nuvens de grande actividade outrora conhecida como Frente Inter Tropical, a zona de convergência das massas de ar dos hemisférios norte e sul que ocorre nas proximidades do equador. Chama-se hoje ZCIT, Zona de Convergência Inter Tropical e, para conforto de todos, deve ser evitada pelos aviões que voam nessa área.
Felizmente os radares de hoje oferecem mecanismos de detecção muito sofisticados que permitem evitar as zonas de maior actividade, como se pode ver na imagem. 
As células mais activas aparecem a vermelho, seguindo-se a amarelo as zonas de intensidade média e finalmente a verde as nuvens que o avião pode atravessar sem grandes sobressaltos. Claro que estou a falar de nuvens que não destroem aviões mas que podem causar alguma turbulência, coisa que a maioria dos passageiros dispensa, muito obrigado.
Continuando a ler os monitores do A330 constatamos que são 04:02 horas da madrugada e que o voo decorre a 39 mil pés, FL390. Há um ligeiro vento de frente (040/24 kts) e a velocidade em relação ao solo é de 430 kts, ou seja, cerca de 770 km/h. Em altitude o que interessa é o número de Mach que, por prudência e conforto, se programou para Mach .80 ( .793 naquele momento)
Para evitar a zona da FIT de maior turbulência o A330 voa em offset, 24 milhas à direita da rota que se apresenta a tracejado, obviamente com conhecimento do Controle de Tráfego Aéreo.
Como é que isto acabou? Muito bem. O A330 atravessou tranquilamente a "muralha", deu dois ou três solavancos mas passados dez minutos já todos (enfim, quase todos) os passageiros estavam a dormir.
Visto do cockpit o espectáculo dos céus iluminados por dezenas de relâmpagos não é coisa que se perca. É a natureza em todo o seu esplendor.
Perigosos, os relâmpagos? Nem pouco mais ou menos. A Gaiola de Faraday que nos mostraram nos primeiros anos do liceu explica como as coisas funcionam

Origem do voo:

O Aviador

domingo, 3 de setembro de 2017

Voo 3453 ÚLTIMO VOO DO CMT.JOSÉ LUIS POMBO (CONT)




Paulo Moreno
Sol.Fotgº..FAP
Embra
Marinha Grande



EM CONTINUIDADE AO Voo 3451, REFERENTE ÁS EXÉQUIAS FÚNEBRES AO FALECIMENTO DO NOSSO COMPANHEIRO JOSÉ LUÍS POMBO,INFORMAMOS QUE ESTÃO ASSIM DEFINIDAS:
2ª – FEIRA,DIA 4, VELÓRIO NA IGREJA DO CARREGADO A PARTIR DA 11,00H:
3ª  FEIRA,DIA 5, MISSA PELAS 10,00H E PELAS 15,00H CREMAÇÃO NO CEMITÉRIO MUNICIPAL DE CAMARATE.

Voo 3452 A MAIS RECENTE VIATURA MILITAR DA FORÇA AÉREA É UM JIPE...DE 1972




Foto;O comandante do Aeródromo de Trânsito, Rui Campos, junto ao jipe Willis recuperado
  |  DIANA QUINTELA/ GLOBAL IMAGENS

Responsável pela recuperação do jipe retirado da sucata é um militar que representa a última geração de uma família de sargentos.
Eduardo Bexiga é sargento-mor da GNR, donde saiu em 2006 para andar sempre à civil. Onde anos depois, contudo, voltou a vestir a farda para assinalar a sua última obra: recuperar e oferecer à Força Aérea um jipe Willis retirado literalmente debaixo de muito ferro velho.
A cerimónia realizou-se a 8 de junho, no Aeródromo de Trânsito nº1 (AT1). Eduardo Bexiga, militar de infantaria e mecânico nas horas livres, fardou-se a rigor também "para simbolizar a colaboração da GNR com a Força Aérea e homenagear a sua última unidade": o Grupo de Intervenção de Proteção e Socorro (GIPS) da Guarda, que ajudou a criar e da qual foi o primeiro sargento-mor.
O projeto de recuperar o inutilizado jipe CJ6 de seis cilindros a gasolina - popularmente conhecido como Willis e que agora tem um motor de quatro cilindros a gasóleo - surgiu em 2015, ano em que o coronel Rui Campos assumiu o comando do AT1, a unidade militar adjacente ao aeroporto de Lisboa. Decidido a renovar aquelas instalações, o oficial descobrira a enferrujada viatura debaixo de muita sucata numa área oficinal.
"O jipe nem sequer estava à carga e podia ter sido levado" por quem quer que fosse que ninguém notaria, diz Rui Campos. Motivados os militares e civis a limparem o local, colocava-se o problema de como financiar o projeto. "Não havia dinheiro" mas o desafio de o concretizar era suficientemente forte para procurar soluções, lembra Rui Campos ao DN. A solução acabou por surgir no início de 2016, ao ser apresentado a Eduardo Bexiga, ex-militar da Força Aérea e especialista em jipes Willis.
Eduardo Bexiga - com o irmão, sargento-mor paraquedista - representa a última geração de uma família de sargentos. O avô foi sargento do Exército e integrou o Corpo Expedicionário Português enviado para França na I Grande Guerra. O pai estava em Macau durante a II Guerra Mundial como sargento do Exército, donde transitou para a Força Aérea no início dos anos 1950, quando nasceu o ramo aeronáutico em Portugal.
Com o bichinho e a aprendizagem da mecânica automóvel herdados do pai, sargento-ajudante mecânico de material de terrestre, Eduardo Bexiga iniciou a vida militar em 1972 no mesmo ramo, mas na Polícia Aérea. Em 1980 entrou para a GNR, onde prosseguiu a carreira no Regimento de Infantaria - atual Unidade de Intervenção da Guarda - até a concluir no GIPS.
Já com vários Willis recuperados no currículo, Eduardo Bexiga aceitou o desafio apesar da "falta de peças mecânicas e da impossibilidade de [as] comprar por terem um custo incomportável". Com a ajuda de dois sargentos, um da Força Aérea e outro da GNR, mais uns militares e civis do AT1, o sargento-mor deitou mãos à obra em fevereiro de 2016.
"Optei por incorporar um motor e uma caixa de velocidades de um Nissan Patrol" da Força Aérea, que estava para ser abatido, "e por adaptar a carroçaria do jipe [transformando-o numa viatura para cerimónias de parada] mas mantendo o seu visual estético inalterado", conta o militar já na reforma. Isso significou alargar a abertura lateral direita do Willis, que os puristas classificam como um CJ6 mas que passou assim a ser igual à versão M170.
Foi-lhe também adicionada uma haste para colocar a flâmula da alta entidade - o Presidente da República ou o comandante da Força Aérea, por exemplo - que presida à cerimónia militar, bem como um pirilampo azul para o jipe servir como viatura Follow Me nas receções a chefes de Estado ou de governo que visitem Portugal. Foi aliás nesta função que este Willis já foi usado, aquando da chegada ao aeroporto do presidente do parlamento chinês e do primeiro-ministro da Índia, refere o comandante do AT1.
E quanto custou? Rui Campos sorri de satisfação, também por saber que vai surpreender: "Menos de 600 euros." Eduardo Bexiga, que também sorri mas de orgulho, acrescenta que a única coisa nova do jipe é o vidro - e umas borrachas, acrescenta o coronel.
O resto foi tudo material recuperado, desde o radiador aos pneus (também do Patrol), passando pela direção assistida aos travões de disco à frente e atrás - para garantir a sua "utilização consentânea com as normas de segurança", explica Eduardo Bexiga - ou aos farolins.
Agora em fase de registo e obtenção de documentos como viatura militar especial, o jipe foi oferecido a 8 de junho ao chefe do Estado-Maior da Força Aérea, general Manuel Rolo. Por concretizar, devido ao atraso dos trabalhos, ficou o desejo de Rui Campos em o ver desfilar nas cerimónias do 10 de junho, no Porto e com Marcelo Rebelo de Sousa a passar revista às tropas.

Nas laterais do capô já está inscrita a sua classificação militar e segundo as regras NATO: 13 números, correspondendo os últimos seis ao dia 1 do mês e ano em que renasceu. Mas ainda falta pintar a águia da Força Aérea no capô....

Origem do Voo:

DN

Voo 3451 O ÚLTIMO VOO DE CMT:POMBO.



A noticia acaba de nos chegar!

Faleceu o nosso Companheiro José Luis Pombo,o Cmt.Pombo dos TACVG.
Apenas sabemos que faleceu esta madrugada no Carregado.
Assim que tivermos notícias sobre as cerimónias das exéquias fúnebres de imediato informa-mos.

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Voo 3450 QUALIDADE DE VIDA....





Arnaldo Sousa
Eps.MMA
Lisboa



Companheiros:
encontrei uma fatura do restaurante Ninho de Sta Luzia em Bissau,restaurante cujo dono era um antigo cabo amanuense da FAP que prestou serviço na década de 60 nas messes de sargentos e oficiais em Bissau.A fatura de 137 escudos em 1973/74 depois de feita a equivalência no site da Pordata equivale hoje a 28 euros, tendo em conta  que a refeição foi para dois dá 14 euros por pessoa o que é bom!