sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Voo 3225 OPORTUNIDADES NA VIDA...


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Giselda Pessoa

2ºSargº.Enfª.Paraqª.
Lisboa





O Zé do Guidaje
Há meia dúzia de anos tive a oportunidade de ser contactada pelo Zé, um velho conhecido da Guiné.
Tudo começou com um artigo publicado num jornal sobre um ex-piloto da Força Aérea na Guiné, o então Ten. Miguel Pessoa, artigo esse em que era referido o facto de ele ter casado com uma ex-enfermeira paraquedista, Giselda - eu. Contava-se também a minha ida atribulada ao Guidage no dia em que outros aviões foram abatidos pelos mísseis Strela. Com esses dados em mão o Zé iniciou a busca de um contacto telefónico e, tendo-o conseguido, foi-lhe fácil chegar à fala comigo.
Soube assim que o Zé era um ex-militar que tinha cumprido uma comissão de serviço na Guiné, mais concretamente no Guidage, de onde tinha sido evacuado em 6 de Abril de 1973, e que procurava confirmar se tinha sido eu a enfermeira que tinha feito essa evacuação.
6 de Abril é uma data que está fortemente marcada na minha memória e não preciso de vasculhar papéis para saber o que sucedeu nesse dia. Dois aviões foram abatidos, um terceiro desapareceu, perderam-se três pilotos e um enfermeiro da Força Aérea, dois oficiais e um sargento do Exército, um milícia local do Guidage. E o avião em que eu seguia para uma evacuação no Guidage quase foi abatido.
Tudo isto já tem sido referido em vários sítios, até neste blogue. O que não se sabe, e este telefonema veio relembrá-lo, é que o dia 6 de Abril começou para mim com uma deslocação ao aquartelamento de Guidage logo às primeiras horas da manhã, a fim de evacuar um militar do Exército gravemente ferido. E o mais curioso - e tocante - é que esse militar, descobria-o agora, era o Zé, o homem que estava ao telefone.
Naturalmente, tivemos uma interessante conversa, embora limitada pelo próprio meio utilizado. Mas ficou-me a ideia de poder vir a falar pessoalmente com ele, no futuro. Essa oportunidade surgiu há pouco mais de quatro anos, quando fui contactada por um responsável por uma produtora de trabalhos para o Canal História. Pretendia essa produtora fazer uma reportagem sobre as enfermeiras paraquedistas em Portugal, pedindo o contributo das ex-enfermeiras para prestarem depoimentos sobre as suas experiências pessoais.
Para além de me disponibilizar para essa entrevista, lembrei-me de propor igualmente que o Zé fosse convidado a participar nessas gravações, pois certamente o seu testemunho seria interessante. Dado que concordaram, acabei por ter a oportunidade de me encontrar com o Zé em Lisboa, no decorrer dessas gravações.
O que eu me lembro, o que ele me disse e o que ficou gravado podem resumir-se, de uma forma simples, no seguinte:
O Zé encontrava-se a trabalhar na construção de um telhado de um edifício, no exterior, quando repentinamente o quartel é alvejado pelo PAIGC. Estando a descoberto naquele momento, tenta procurar um abrigo, mas quando ali chega verifica que o abrigo está cheio, principalmente com gente da população. Não tendo possibilidade de se proteger completamente, fica à entrada, meio a descoberto. Ouve de repente uma explosão muito próxima, de uma granada ou morteiro, e nesse instante  sente um impacto no corpo. Leva as mãos ao corpo e retira-as cheias de sangue.
Após um período de semi-inconsciência, lembra-se de ter aberto os olhos e ver uma senhora com uma T-shirt branca e calças de camuflado, não sabendo se tinha morrido e se era o seu anjo da guarda que ali estava. Recorda ainda a evacuação no DO-27 para a BA12 e o transporte para o Hospital. Refere-me ainda ter a plena consciência de que não teria sobrevivido se não tivesse sido evacuado naquele momento.
Afastando a hipótese do anjo da guarda, devo concordar com ele no restante. O Zé teve a oportunidade de utilizar o único avião que nesse dia conseguiu ter êxito na evacuação de feridos do Guidage. A gravidade do seu estado não aconselhava de modo nenhum a sua permanência no aquartelamento. O avião em que pouco tempo depois regressei ao local acabou por ter de aterrar de emergência em Bigene, depois de alvejado por um Strela, e não poderia tê-lo evacuado. O avião que substituiu este na missão, embora tendo aterrado no Guidage e descolado com um ferido a bordo, desapareceu após a descolagem, nunca mais se sabendo nada do avião e das pessoas que lá seguiam. Se o Zé tivesse seguido também nesse avião seria hoje mais uma baixa a lamentar.
O Zé deveu a sua vida em grande parte à sorte, embora possa ter tido uma pequena ajuda de alguém que, não sendo anjo da guarda, estava ali precisamente para o apoiar.


                                                            Giselda Pessoa

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Voo 3224 PARAQUEDAS DE CAUDA.







Fernando Moutinho
Cap.Pil.Av.
Alhandra



Viva Victor.
Antes de mais, um grande abraço e...muita saúde para ti e os teus.
Gostei de ler a experiência do nosso amigo Pessoa com o "seu" Fiat.
Até devia ter vergonha de falar nisso devido à minha pouca experiência no G-91.
Fiz 34:50h o que equivale a pouco mais de 20 voos mas o paraquedas de cauda não me foi indiferente.
Tirando o Curso na Alemanha em que tive de utilizar sempre o paraquedas, já em Monte Real não foi bem assim porque, devido a estar-se a iniciar a sua utilização e haver dificuldade na sua dobragem e não haver reservas. Assim tentávamos aterrar curto e evitar a abertura do paraquedas, com os devidos cuidados para evitar sobreaquecimento dos pneus.
Simplesmente Monte Real não era Bissalanca, as condições de segurança para não utilizar o paraquedas eram muito superiores.
Um abraço para todos e, em especial, para o nosso Pessoa.
Grande abraço
Fernando Moutinho
Voo de Ligação
Voo 3223 Aprendendo com a asneira…  Miguel Pessoa

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Voo 3223 APRENDENDO COM A ASNEIRA...








Miguel Pessoa
Cor.Pilav.
Lisboa




VENTOS E CATA-VENTOS


O pára-quedas de cauda do Fiat G-91 era um componente importante na utilização do avião em pistas mais curtas ou naquelas em que, devido às altas temperaturas existentes, a corrida de aterragem (*) era agravada.
Lembro-me, depois de uma aterragem em Nova Lamego (em que naturalmente tive
que usar o pára-quedas de cauda), não havendo ali material de substituição, tive que prosseguir para Bissalanca sem poder recorrer a ele. E, dadas as altas temperaturas verificadas àquela hora na pista da BA12, recordo-me bem que, sem o pára-quedas, o avião "comeu" praticamente a pista toda até se imobilizar. E os travões ficaram bem quentes nessa ocasião...
Naturalmente, havia algumas restrições ao uso do pára-quedas do avião, nomeadamente no que diz respeito às condições e velocidades máximas de utilização. Assim, ele deveria ser extraído apenas depois de o avião tocar no solo e com uma velocidade inferior a 150 nós (**).
Compreendem-se essas restrições pois o pára-quedas, aberto, comportava-se como um verdadeiro cata-vento e, se nos lembrarmos que na outra ponta estava o avião, imagine-se a rotação a que este podia estar sujeito no caso de ventos fortes laterais. E esses efeitos sentiam-se ainda mais no ar. Por outro lado, havia um limite físico à abertura do pára-quedas - o cabo que ligava o pára-quedas ao avião tinha uma rotura prevista aos 3000 kg de força, o que acontecia quando a abertura era efectuada acima dos tais 150 nós (***).
Corria-se nesse caso o risco de a calote se desprender, deixando o pára-quedas de ter qualquer utilidade.


Existia no entanto uma gama de velocidades (pequena) entre a velocidade de tocar no chão e a velocidade máxima de abertura do pára-quedas que permitia abrir o pára-quedas ainda no ar, sem ultrapassar essa velocidade limite. Tinha que se ter um cuidado extra, pois ao abrir o pára-quedas o nariz do avião tinha tendência para baixar. Na verdade não se ganhava nada com isso mas era um exibicionismo que um piloto mais atrevidote gostava de experimentar. Bem, foi precisamente o meu caso...
Dei-me bem com o método (que, na verdade, usei apenas esporadicamente), até ao dia em que fiz uma aproximação a Bissalanca e resolvi abrir o pára-quedas de cauda imediatamente antes de tocar, sem ter tido em muita consideração os ventos que a Torre de Controlo me reportava.
O facto é que rapidamente me arrependi do feito, pois o avião iniciou um par de rotações para um lado e outro do eixo da pista (20º ou mais para cada lado). Tendo finalmente conseguido dominar o animal (os animais, se incluirmos o que ia a pilotar...) lá consegui pôr o estojo no chão e fazer uma corrida de aterragem mais ou menos normal. E o facto é que nunca mais, desde então, deixei de cumprir rigorosamente o que estava estabelecido no referente às condições e velocidades de utilização do pára-quedas de cauda do Fiat G-91...
Miguel Pessoa

 (*)  Em termos simples, a distância percorrida desde o "tocar no chão" até à paragem completa do avião
(**) 150 nós (ou 150 milhas náuticas por hora) correspondem a quase 280
km/hora (150x1,853=277,9 km/h)
(***) Um agradecimento ao Cristiano Valdemar, ex-mecânico de Fiat G-91 na BA12, que me relembrou estes dois valores, já desaparecidos do meu "disco rígido"...
Cartoon do Fiat G-91 da autoria do Paulo Moreno
Foto da aterragem do Fiat G-91 da autoria do então Sarg. Coelho, da Secção Fotográfica da BA12

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Voo 3222 AS OBRAS DE ARTE DO SIX (29) SUD AVIATION ALOUETTE III






António Six
Esp.MRádio
Pontével





Sud Aviation Alouette III.
Vamos lá fazer um voo ,agora neste zingarelho, que marcou tanta gente por essas terras..
Espero que tenham um tão bom voo quanto o gozo que me deu pintá-lo e a partilha-lo com todos

Bons Voos

Six

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Voo 3221 ALMOÇO DE CONVÍVIO DO NÚCLEO LEIRIA DA AEFA.






Fabricio Marcelino
Esp.MMA
Leiria




Caros colegas Especialistas.
Vimos comunicar que o Núcleo de Leiria da AEFA, realiza um almoço convívio regional, no  dia 18 de Outubro de 2014.
O mesmo, será servido no Restaurante “O MÁRIO”, em Brogal - Parceiros –Leiria.



O valor do almoço é de 20,00 aviões por pessoa,quer sejam sócios ou não.
Agradecemos a colaboração de todos, com a vossa comparência ao almoço, podendo vir acompanhados dos seus familiares.
Pedimos que tragam mais um colega que ainda não seja sócio e, lhes forneçam os nossos dados para a inscrição,que são: E-mail (de preferência)  aefaleiria@hotmail.com  - ou  para –Marcelino, Telemóvel  965400289.
Todos os que não são sócios e, pretendam fazê-lo,devem trazer 1 foto,bem como os já sendo ainda não a entregaram.
Mais pedimos,para  se inscreverem a partir desta data, não deixando para mais tarde, porque temos necessidade de comunicar com antecedência, ao proprietário do Restaurante, para a escolha  da sala, que depende do número de inscritos.

EMENTA
ENTRADAS

Pão e Broa + Queijo Seco + Queijo de Castelo Branco + Presunto + Orelha assada + Pastéis de Bacalhau + Rissóis + Feijão Frade + Chouriço + Morcela + Chocos + Camarão.
SOPA
Sopa de peixe

CARNE
Cachaço de porco Preto
Picanha com arroz de Feijão

BEBIDAS

Vinho Tinto + Vinho Branco + Vinho Verde + Águas + Sumos + Cerveja

SOBREMESAS

Fruta da época + Doce misto,Café
Esperamos que a vossa adesão seja bastante grande, para assim reactivarmos com sucesso o nosso Núcleo.

Saudações Aeronáuticas

A Direcção do Núcleo de Leiria

Voo 3220 GOSTO DE PINTAR E TENHO PRAZER.





António Six
Esp.MRÁDIO
Pontével





Porque pintar aviões?
Simples : Por que gosto e tenho prazer!
Pinto os que gosto, aqueles que de algum modo me tocam pela sua imagem pelas recordações, pela sua agressividade,(imagens de criança ) não me importando se são ou não portugueses. Quanto á sua historia,.... que a contem aqueles que sabem, pois eu meus caros, não sei nada .

Não sou uma máquina fotográfica, se assim fosse, teria que por o nome do piloto os cigarros que fumava o numero do seu calçado e se era casado ou solteiro e quiçá o numero de contribuinte, e os parafusos e sua numeração
Sonho,... enquanto pinto, mas pinto !,----e ao fazê-lo dá-me muito gozo. Incentivos são as mensagens , os vossos likes mas acima de tudo o apoio que tenho sentido, pode ser que um dia nos encontremos , numa possível exposição, reunião de amigos ,e talvez possamos voar todos juntos nas asas dos meus bonecos

Até sempre

Six

domingo, 7 de setembro de 2014

VOO 3219 – 5º. ANIVERSÁRIO DA TERTÚLIA “LINHA DA FRENTE”

Companheiros, ontem como combinado, decorreu a confraternização do pessoal da Tertúlia da "Linha da Frente", deste nosso blog.

De acordo com o programa chegamos ao AT-1, pelas 10H00


Com algum atraso devido à falta de comunicação de quem de direito do AT-1, ao pessoal de serviço na porta de armas, demos início ao nosso programa, com a homenagem aos nossos companheiros que deste local partiram para o então "ULTRAMAR", colocando uma coroa de flores junto a este monumento constitui-do por este avião T-38,


Foram portadores desta coroa de flores dois elementos do nosso grupo devidamente credenciados, a ENF-PARA Giselda Pessoa e o nosso MMA Nuno Almeida, em representação de todos nós.


Por delicadeza do pessoal de serviço na porta de armas, fizeram-nos um pequeno passeio pela unidade, dando-nos as informações dos locais por onde íamos passando. 


Aqui a sala de embarque actual do AT-1.


A sempre visível torre de controle da Portela.


O conhecido hangar do AT-1, com todas as histórias nela contidas, de todos que por ali trabalharam.


Dois especialistas na placa, um MELEC/INST/AV e um MMA, ambos dos roncos







Já na lezíria o encontro de mais companheiros 





















E acabamos por aqui, com o nosso Manuel Pais em amena cavaqueira com o Alves da Silva, dois EABT, a apontar para cima rumo ao futuro-