segunda-feira, 30 de março de 2015

Voo 3335 ATÉ UM DIA MEU GENERAL!





Victor Barata
Esp.Melec./Inst./Av.
Vouzela





Bom Dia Companheiros
Embora ausente do País, mas sempre presente no seu quotidiano.
O que, apesar de ser uma  ausência com caracter  profissional, não deixaria de ser também de divertimento, não fosse a notícia que me transmitiram do “Último voo do Luís Henriques”!  
A vida tem vários mistérios, e o maior deles é a morte. Nunca consegui entender o porque de um AMIGO ter que partir. A dor que sinto é imensurável. Nesta hora, não há nenhuma palavra que possa ser dita que seja capaz de me confortar. Embora previsível, tudo me parece ter perdido neste momento em que partes AMIGO HICA. 
A última vez que estivemos juntos, quando de passagem para o Norte, acompanhado pelo “Acelera” e respectivas esposas,almoçamos em minha casa não te dei a atenção que merecias, pois nesse momento a minha sogra partiu para o hospital e no dia seguinte também no dia seguinte partiu com Deus.
Á tua família, coloco-me á disposição para os ouvir,os ombros e o coração para os apoiar.
Não há nada capaz de reparar uma perda como esta, mas em nome da amizade que sempre nos uniu, e em honra da tua memória, vou continuar vivendo.
É preciso transformar o luto numa luta pela vida e pela felicidade, e para
transformar a dor em saudade e serenidade.
Como habitualmente, a tua e nossa COMPANHEIRA Nª.Sª do Ar,te acompanhará e colocará  na “placa” merecida.
Até um dia meu GENERAL!




Voo 3334 O ÚLTIMO VOO DO LUIS HENRIQUE


É com grande pesar que comunicamos a triste notícia do falecimento do Luis Henrique, para os amigos o "Hica".
Infelizmente o Luis deixou-nos este Domingo 29 de Março.
Um dos fundadores e grande dinamizador do grupo NANAMUE, cultivava o convívio e a amizade, sendo célebre a sua boa disposição.
Aqui vos deixamos uma singela recordação
O Luis Henrique convivendo com alguns amigos e NANAMUEs no Clube dos Sargentos em 2013
 
O Luis Henrique com os "Galões" de Cabo Especialista General, posto especialmente criado para a sua pessoa nos convívios entre camaradas da FAP
Foto: do seu vizinho de infância, camarada da FAP e amigo José Manuel Mendes 
 
Endereçamos as sentidas condolências à família enlutada, a todos os amigos do "Hica", ao grupo NANAMUE e a todos os Especialistas em geral que hoje perderam um dos seus.

Que a Nossa Senhora do Ar o acompanhe neste último voo e que descanse em Paz.

O corpo do nosso amigo "Hica" estará em câmara ardente na Igreja de Linda-a-Velha (nova) a partir das 17H00 de Segunda-feira, dia 30 de Março e o funeral realizar-se-á pelas 15H00 de Terça-feira, dia 31 de Março, para o cemitério de Carnaxide.
 

Especialistas da BA12

domingo, 29 de março de 2015

Voo 3333 XXXVIII ENCONTRO NACIONAL DA AEFA.






Augusto Ferreira
2º.Sargº.Melec./Inst.Av.
Coimbra





XXXVIII ENCONTRO ANUAL NACIONAL DA AEFA


Ontem sábado 28/93/2015 com LISBOA à vista do outro lado do Tejo, mais propriamente na BA6 no Montijo, realizou-se o XXXVIII Encontro Anual da AEFA.
Que bom foi ver a afluência que teve, comparando com eventos recentes e atendendo à situação económica que o país e nós atravessamos.
Estiveram presentes cerca de cinco centenas e meio de ESPECIALISTAS, que como sempre, vivem estes momentos com grande emoção, pelas gratas recordações que guardam, dos anos em que serviram com orgulho a nossa FORÇA AÉREA.
Ficámos felizes por verificar que a nova Direcção, conseguiu com o seu trabalho, revitalizar este acontecimento único, que consegue juntar o maior número de ESPECIALISTAS do país.
Parabéns à nova Direcção da AEFA e toda a sua equipa, pelo sucesso do trabalho realizado.
Um enorme ABRAÇO AERONÁUTICO para todos que muito estimo.
( Em anexo segue um conjunto de fotos que falam por si)






 


terça-feira, 24 de março de 2015

Voo 3332 TERTÚLIAS FIM DO IMPÉRIO





Manuel Lema Santos
Ten. da Reserva Naval
Algueirão
Sintra


DIVULGAÇÃO/CONVITE



Mensagem de divulgação 

AOFA - Associação dos Oficiais das Forças Armadas


...

Caros camaradas,

Mais um livro, mais uma apresentação, mas, também, muito mais do que isso!

Para os mais antigos, será o avivar de recordações.

Para os mais modernos, a certeza de que há e haverá sempre quem Preserve e Honre as nossas Memórias.

O local escolhido já foi a Cooperativa Militar e encontra-se, hoje (por enquanto, face às intenções do MDN?), ao serviço do IASFA, tal e qual o conhecemos.

Na sua reconstrução gastaram-se muitíssimos euros, fruto das contribuições de todos nós, numa altura em que pensávamos que os governantes honravam o passado e os seus compromissos.

Hoje, o IASFA, no seu todo, encontra-se sob a ameaça de um Grupo de Trabalho (que sucedeu a um outro que deu azo a peripécias que um dia serão conhecidas de todos vós), criado pela Secretária de Estado Adjunta da Defesa Nacional, de que fazem parte (premonitoriamente?...) a Cruz Vermelha e a Liga dos Combatentes, a pretexto da sua reestruturação, mas de que foram afastadas, porque incómodas, as Associações Profissionais de Militares (que, de acordo com as disposições legais, até fazem parte do respectivo Conselho Consultivo).

IASFA que foi erigido maioritariamente com o esforço contributivo dos Militares (directo ou indirecto, através de diverso tipo de receitas, incluindo o de parte do produto de vendas de combustível que os Ramos já fizeram).

Reencaminho o mail do COR CAV Barão da Cunha, que nos/vos convida a estarem presentes no lançamento do livro, para que não percam o tom leal e fraterno da sua mensagem (só possível entre nós).

Cordialmente,

O Responsável pelas Relações Públicas da AOFA

Tasso de Figueiredo

COR TPAA




Voos de Ligação::
Cortesia especial de:
AOFA-Associação dos Oficiais das Forças Armadas disponível em: 
http://www.aofa.pt/

segunda-feira, 23 de março de 2015

Voo 3331 CONVITE E APRESENTAÇÃO DO LIVRO " NÓS ENFERMEIRAS PARAQUEDISTAS"







Rosa Serra
Alf.Enfª.Paraquedista
Lisboa



Caras amigas e amigos.

Envio convite e mapa para apresentação do nosso livro em Aveiro dia 26 de Março às 18 horas. O auditório fica a 600 metros da estação dos comboios. Há no entanto possibilidade de se arranjar transporte para alguém que tenha dificuldade em se deslocara a pé, basta responder a este mail se for o caso,  que darei conhecimento a quem de direito para disponibilizar algum carro junto à estação. As enfermeiras terão de confirmar brevemente a sua presença e podem reencaminhar este e-mail para os vossos amigos .
Um Abraço.

Rosa

Voo de Ligação:

domingo, 22 de março de 2015

Voo 3330 AS OBRAS DE ARTE DO SIX(43) DE HAVILLAND DHC 6 TWIN OTTER.





António Six
Esp.MRÁDIO
Pontével


De Havilland DHC 6 Twin Otter,
Vulgarmente e carinhosamente, lhes chamávamos de TAPINHOS, e lá íamos nós apreciando as paisagens transportados para outros pontos para entrarmos nos aviões que nos esperavam. Eram também a nossa família e fizemos boas amizades Recordam-se ???? e será que têm saudades .
Bons Voos e muita saúde

Six

Voo 3329 APRESENTAÇÃO DO LIVRO "NÓS,ENFERMEIRAS PARAQUEDISTAS".






Victor Barata
Esp.Melec./Instr./Av.
Vouzela





Informámos aqui anteriormente que estão previstas para já duas apresentações deste livro editado pela "Fronteira do Caos Editores", a primeira em Aveiro, a segunda no Porto.
Da primeira apresentação deixamos-vos aqui o respectivo convite. A sessão decorrerá no auditório do Centro Cultural e de Congressos de Aveiro, pelas 18H00 do próximo dia 26 de  Março. Uma oportunidade para o pessoal daquela região (e arredores...) estar presente.
Refira-se que esta sessão conta com a presença, para além de várias das co-autoras (enfermeiras paraquedistas), do Professor Adriano Moreira (autor do prefácio do livro) e do TCor. Aparício, que já tinha igualmente feito a apresentação da obra no Estado Maior da Força Aérea, no final de Novembro do ano passado.



Quanto à segunda apresentação, prevista para a Messe de Oficiais da Batalha, no Porto, aguardamos ainda a confirmação da data inicialmente programada, 9 de Abril. Aqui daremos informação logo que possível.


sexta-feira, 20 de março de 2015

Voo 3328 OS MEUS TESTEMUNHOS.





Manuel José Lanceiro
Especialista MMA (Canibais)
Lisboa




Barata
Todos os dias visito o nosso blog e é com muito prazer que vejo camaradas de outras armas a participarem activamente nele.
São os seus testemunhos e as suas experiências que enriquecem (ainda mais), este espaço.
É também com muito gosto que vejo os pilotos a participarem.
Por isso venham mais, participem, contem as vossas memórias (estórias) e mostrem as vossas fotografias.
Sejam bem vindos e bem hajam.
Mando mais duas fotografias


Foto nº 1 - Da Esq./Dirª O Castro (Menino) atirador canhão, eu, Oliveira atirador canhão, o Príncipe e o Santos (Bebé) ambos pilotos.


Foto nº2 - Esta foto foi tirada em Nova Lamego, estou eu com um piloto das DO's não me lembro do seu nome. Se te lembrares agradeço que o menciones.

Um grande abraço
Manuel José Lanceiro

VB: Companheiro, gostava de te poder informar o nome do referido piloto de DO 27,mas,embora tenha estado toda a minha comissão de serviço na linha da frente destas aeronaves, não me recordo da sua cara, provavelmente já foi depois de mim. Uma coisa que estranho é o seu uniforme, contrariamente ao que era normal, não envergava camisa de voo mas sim camuflado!...
Se algum dos nossos Tertúlianos o reconhecer, agradecemos que informe o nome do companheiro em causa.



quinta-feira, 19 de março de 2015

Voo 3327 RECORDAR O PASSADO.




Victor Oliveira
Esp.Melec./Inst./Av
Caneças




Ao ver o voo 3322 do camarada Nuno Almeida (Poeta). Decidi enviar uma foto a cores tirada em 1968 pelo 1º Sargento piloto Tó Zé, onde está o grande Capitão piloto Vasquez o tenente piloto Nico (major Alvega),duas grandes maquinas a voar.
Aproveito para dizer que em relação a Madina de Boé que devo ter sido o especialista que mais vezes esteve lá nas DO27 levando mantimentos, armamento e caixões para os nativos que eram umas tábuas forradas com pano preto.
Posso vos dizer que uma vez com o meu amigo Honório estivemos cerca de 2 horas dentro de um abrigo até acabar o tiroteio entre as nossas tropas e o inimigo, por sorte não atingiram a DO.

O Tenente Nico é o que está á civil e Capitão Vasquez é do meio.Eu sou o 3º a contar da esquerda o 4º é omeu amigo Six a mostrar o cabedal.
Um abraço a toda malta.
Vitor Oliveira.(Pichas)

Voo de Ligação:

segunda-feira, 16 de março de 2015

Voo 3326 AS OBRAS DE ARTE DO SIX (42) HARVARD T6.




António Six
Esp.MRÁDIO
Pontével




Harvard T6.
Hoje vamos neste avião que tantas saudades deixou em todos aqueles que nele voaram , o ronco era inconfundível e as aventuras??????.
Espero que não deitem carga ao mar, pois a praxe é para cumprir!
Que tenham bons voos com muita saúde
Six

quarta-feira, 11 de março de 2015

Voo 3325 ESQUADRA 751 "PUMAS" GALARDOADA.





Esquadra 751 - "Pumas" galardoada
Pela Helicopter Aviation International

A esquadra 751 – “Pumas” da Força Aérea Portuguesa recebeu dia 04 de março de 2015 – nos Estados Unidos da América - o prémio internacional de serviço humanitário pela Helicopter Aviation International (HAI).
Os galardões atribuídos por esta associação gozam de um reconhecido prestígio mundial, sendo tradicionalmente encarados como os “Óscares” da aviação de helicópteros.
 No comunicado sobre a atribuição do prémio, a HAI refere que apesar da dimensão geográfica de Portugal, os militares da Força Aérea têm uma área de responsabilidade que abrange aproximadamente um terço do Atlântico Norte. A associação refere a missão de busca e salvamento dos “Pumas” numa área que corresponde a cerca de dois terços do tamanho dos Estados Unidos - incluindo os Estados do Alaska e Hawaii – ou cerca de um terço do Atlântico Norte. Enaltece ainda a maior operação sem reabastecimento executada pela Esquadra 751, que durou mais de sete horas, num trajeto superior a 1340 quilómetros.
Com quase 20 mil horas de voo feitas ao longo dos dez anos de operação da Força Aérea Portuguesa nos helicópterosEH-101 Merlin, os “Pumas” já salvaram mais de 3.500 vidas.
É com orgulho que a Força Aérea Portuguesa vê uma das suas esquadras de voo ser reconhecida mundialmente por um trabalho valoroso, esforçado e com o sacrifício pessoal e diário de muitos dos nossos militares. 
“Para que outros vivam”.
Voos de Ligação;
EMFA

segunda-feira, 9 de março de 2015

Voo 3323 O ÚLTIMO VOO DO ANTÓNIO IDEIAS.







ANTÓNIO IDÉIAS
deixou-nos.

Guardaremos dele a grata memória de um Homem de excepcional carácter, bondade e humildade ímpares. Foi um privilégio tê-lo conhecido e reconhecido também a elevação da sua enorme espiritualidade, presente em toda a dimensão e grandeza de Cristão, de Pai, de Companheiro, de Amigo, de Profissional, de Desportista, de Aviador, de Oficial, de Cavalheiro, de excepcional Piloto de Acrobacia que inovou e motivou.
Perdemos um HOMEM BOM. E a Aviação Portuguesa perdeu um dos seus melhores que indelevelmente marcou onde voou. Que o legado da tua enorme e contagiante FÉ, possa ajudar a confortar quem deixaste por ora neste mundo e até um dia, a VOAR SEM TI. Obrigado por sempre teres dito, Presente. Até sempre ANTÓNIO IDÉIAS.

Voo de Ligação:
AOPA


Voo 3324 A HISTÓRIA SOMOS NÓS.


Miguel Pessoa
Cor.Pilav.
Lisboa

II TERTÚLIAS "A HISTÓRIA SOMOS NÓS"

EM LEIRIA: SESSÃO SOBRE O
SERVIÇO DE SAÚDE NO ULTRAMAR

No passado dia 27 de Fevereiro iniciaram-se as sessões organizadas pela Livraria Arquivo e pelo Núcleo de Leiria da Liga de Combatentes, integradas nas II tertúlias "A História Somos Nós", a decorrer ao longo do presente ano. Estas sessões contam ainda com o apoio do "Jornal de Leiria". Para conhecerem o programa previsto para 2015, vejam aqui.

Esta primeira sessão era dedicada ao tema "O serviço de saúde no ultramar" e para ela foram convidados os Dr. José Lourenço, Dr. Américo Órfão, e os nossos camarigos José Eduardo Oliveira (JERO) e Giselda Pessoa. Presidia à mesa o TCor. Mário Ley Garcia, presidente do Núcleo de Leiria da Liga de Combatentes e nosso camarigo da Tabanca do Centro.

Com assistência ainda reduzida na hora de início da sessão, a sala acabou por compor-se razoavelmente, um pouco por obra do pessoal da Tabanca do Centro que ali se deslocou. 

Correndo o risco de falhar algum, lembramos que, para além dos três já mencionados, presentes na mesa, se deslocaram à Livraria Arquivo o régulo da Tabanca do Centro, Joaquim Mexia Alves, Agostinho Gaspar, Vitor Caseiro, António Nobre, Carlos Santos, Paulo Moreno e este vosso escriba, Miguel Pessoa.

Com a devida vénia à autora, Maria Anabela Silva, e ao Jornal de Leiria, transcrevemos o texto que sobre este evento foi publicado naquele periódico no passado dia 5 de Março:

Tertúlia debateu sistema de saúde durante a guerra colonial
Tentar salvar os outros e evitar levar um tiro

“O chefe da tabanca tinha um tiro no peito. Cada vez que respirava, parecia ver-lhe o pulmão. Estava moribundo. Sentei-o encostado a uma árvore e dei-lhe uma injecção de morfina. Nunca mais esquecerei o seu olhar. Não vi o ódio na sua expressão. Vi a resignação e um cansaço imenso. Pareceu-me preparado para morrer com dignidade. Afinal, era o chefe. O último olhar que trocámos ficou-me gravado na alma”. In Golpes de Mão's, de José Eduardo Reis de Oliveira

Foi com o excerto do seu livro Golpes de Mão's que José Eduardo Oliveira, conhecido em Alcobaça como JERO, terminou a sua intervenção na última tertúlia do ciclo A história somos nós – da Guerra Colonial à Manutenção da Paz, realizada na passada sexta--feira, e que desta vez debateu o sistema de saúde durante o conflito no Ultramar. 


À mesa, estiveram os médicos José Esperança Lourenço e Américo Órfão, o enfermeiro de guerra José Oliveira e Giselda Pessoa (enfermeira pára-quedista), que recordaram as suas experiências nos vários teatros do guerra, muitas vezes preocupados em tentar salvar vidas e, ao mesmo tempo, em não serem atingidos. Umas vezes com sucesso. Outras, pelo contrário, com finais tristes, como aquele episódio recordado por José Oliveira, vivido no dia em que o seu batalhão atacou uma aldeia na Guiné. “Depois de uma troca de tiros, ficámos com 70 prisioneiros. Havia feridos. Vi-me, um miúdo de 24 anos, a ter de me armar em Deus, a decidir quais os que ficavam e os que vinham connosco. Entre os feridos, estava o chefe da tabanca, que vinha muito ferido”, recordou o antigo enfermeiro de guerra, que também não esquece a epidemia de sarampo, que vitimou 60 crianças.

Muito menos dramática foi a situação com que se debateu José Esperança Lourenço quando chegou a Marrupa, Moçambique, onde desempenhou funções de delegado de saúde e de médico no hospital militar. “Havia uma quantidade elevada de militares com doenças venéreas. Falei com o administrador para podermos tratar também as mulheres. Pensei que iria encontrar meia dúzia. Afinal, era uma fila interminável, mas consegui acabar com as venereologia”, conta o médico estomatologista, frisando que esta era uma problemática frequente entre os militares.

José Oliveira nota que, quando os havia, os preservativos eram de “muito má qualidade”, pelo que os contágios eram frequentes. E, sempre que isso acontecia, os médicos tinham a “obrigação” de participar a situação e os soldados “apanhavam dez dias de prisão”. E, como era fazer medicina num tempo e em territórios em que escasseavam recursos, em que quase não havia antibióticos - com excepção da penicilina, descoberta poucos anos antes - nem meios auxiliares de diagnósticos?

“Dava-se o máximo, com o pouco que se tinha, para ajudar feridos e doentes, fossem eles soldados ou civis”, diz Américo Órfão, para quem comparar a medicina dessa época com a actual “é comparar uma bicicleta com um Chevrolet”. “Hoje, quando se receita um medicamento temos uma grande certeza de que vai fazer algum efeito. Naquele tempo, as opções de tratamento era muito poucas”, alega o médico de Leiria.

Além da escassez de recursos, havia ainda a dificuldade acrescida quando o socorro era prestado durante os ataques e se tinha de “tentar salvar os outros” e, ao mesmo tempo, procurar “não levar um tiro”, nota José Oliveira.

Foi num cenário desses que viveu um outro episódio marcante durante a sua missão na Guiné. “Era madrugada e estávamos no mato. O nosso guia, um guineense, levou um tiro no peito e chamaram-me. Pela primeira vez, percebi que não podia fazer nada. Fiquei encharcado em sangue, com as balas a passarem-me por cima”, conta.

Numa nota menos dramática, José Oliveira recorda as dores de barriga que, habitualmente, assolavam as tropas em dias de combate. Uma maleita que tratava com “aspirina número 8”, nas suas diversas variantes - “aspirina para o medo dos oficiais, aspirina para o medo dos sargentos e aspirina para o medo dos soldados” -, que funcionava como placebo.

Apoio às populações A par do auxílio aos soldados, os serviços médicos e de enfermagem das tropas portuguesas tiveram também um papel preponderante no apoio às populações locais, como testemunharam vários dos intervenientes na tertúlia, organizada pelo Núcleo de Leiria da Liga dos Combatentes, em parceria com a Livraria Arquivo e com o apoio do JORNAL DE LEIRIA.

Joaquim Mexia Alves, que esteve na Guiné, considera que a população local “beneficiou muito” com os serviços de saúde portugueses. “Um elemento da população que tivesse uma doença ou ficasse ferido em cerca de duas horas era evacuado para Bissau”, referiu aquele antigo combatente.

Giselda Pessoa, que foi enfermeira pára-quedista, nota que até as populações de outros países que viviam nas fronteiras com as antigas colónias recebiam apoio. “Chegámos a evacuar pessoas do Senegal para Bissau. Mulheres grávidas, por exemplo”, conta a antiga enfermeira, que recorda a sensação de alívio com que ela e as colegas eram recebidas durante as evacuações de soldados feridos. “Sentiam-se seguros quando nos viam. Alguns deles mantinham-se conscientes até à nossa chegada, pensando que, se chegássemos, estariam safos”.

Testemunho: “Casei com a enfermeira”

Piloto da Força Aérea, o coronel Miguel Pessoa participou em muitas evacuações de feridos. Mas, houve um dia que viveu na pele a experiência de ser ele o evacuado, quando o avião em que seguia foi abatido por um míssil. A aeronave caiu no mato, mas o piloto (o então tenente Miguel Pessoa) seria resgatado pelas forças portuguesas, sendo transportado de helicóptero até Bissau, onde recebeu assistência no hospital militar. 

“O método foi expedito. Correu tudo bem. Tão bem que casei com a enfermeira que fez a evacuação”, recordou Miguel Pessoa durante a tertúlia realizada na Livraria Arquivo sobre o sistema de saúde durante a guerra colonial. Num dos dois helicópteros onde fez a viagem até Bissau seguia Giselda Pessoa, enfermeira pára-quedista, com quem viria a casar (na foto, durante o resgate a Miguel Pessoa).

Conclusões da Tertúlia do dia 27FEV15, apresentadas pelo moderador da sessão,
TCor. Ley Garcia

A Tertúlia do dia 27FEV15 foi dedicada ao apoio de saúde durante a Guerra do Ultramar, nomeadamente, o acesso aos cuidados de saúde dos colonos e das populações nativas.
Foram debatidas questões como:

·    Se a formação dos médicos em Portugal era adequada para desempenhar a função de médico no Ultramar;
·       Se a informação dos militares acerca das doenças venéreas era adequada para os problemas que eles iam lá encontrar;
·        Se havia boas estruturas de apoio à saúde;
·        Se havia muita diferença de meios de apoio à saúde de região para região;
·       Se os serviços de saúde apenas apoiavam os militares ou também os civis brancos e negros;
·      Que meios é que os Enfermeiros tinham ao seu dispor para dar apoio directo aos feridos nos locais onde os ia buscar ou apoiar;
·     Qual a autonomia que os Enfermeiros tinham no que respeita à decisão de colocar o evacuado do modo mais rápido no hospital, tendo em conta a gravidade do seu estado;
·        Como teria sido o apoio médico se já tivessem os meios de diagnóstico atuais.

No final foi possível concluir que:

·     Era necessário os médicos terem formação complementar por causa das doenças tropicais e das condições que iriam lá encontrar;
·    Apesar de alguma informação dadas aos militares, a maior parte deles não se sabia precaver de forma adequada para evitar as doenças venéreas;
·      Era complicado combater as doenças venéreas por haver “profissionais” que chegavam a deslocar-se de avião para onde os militares estavam colocados, facilitando a transmissão da doença. Mas foi possível combatê-la em várias regiões graças a um maior controlo conjunto destas “actividades”;
·        Era comum os feridos resultantes de minas fracturarem os maxilares;
·      Os médicos ganharam muita experiência com doentes e feridos traumatizados, o que foi muito útil para melhorar a medicina no Continente;
·   O apoio à saúde chegava a ser mais rápido e eficiente no Ultramar do que no Continente, mas variava de região para região, sendo claramente melhores numas regiões do que outras; Em muitos locais existiam médicos e enfermeiros suficientes;
·       O apoio de saúde era prestado também às populações nativas. Muitas vezes este apoio ajudava na “conquista” das populações;
·     Era comum os enfermeiros estarem a dar os primeiros cuidados de saúde a feridos e, ao mesmo tempo, terem de ter cuidado para não serem feridos;
·    Os enfermeiros tinham bastante autonomia e capacidade de decisão quanto ao tratamento e às evacuações a efectuar;
·     Por norma existia um bom relacionamento entre médicos e enfermeiros, complementando-se no seu trabalho;
Na altura da Guerra do Ultramar só existia disponível a Penicilina para utilizar como antibiótico e os diagnósticos tinham de ser feitos muito à base da observação, inquérito e apalpação dos doentes. Actualmente existem muito mais antibióticos que poderiam ter curado rapidamente muitas das doenças que os militares sofreram no Ultramar, sendo que os meios de diagnóstico actualmente existentes permitiriam aos médicos uma actuação muito mais eficaz por conseguirem identificar a doença ou as fracturas com precisão. No entanto, em zonas de combate tais meios nem sempre seriam possíveis de utilizar pelo que os conhecimentos e a experiência dos médicos e enfermeiros foram determinantes para curar os doentes e feridos da melhor maneira possível.

Agradecemos ao Jornal de Leiria, Maria Anabela Silva e Mário Ley Garcia, fundamentais para a preparação deste poste.