sábado, 16 de fevereiro de 2008
O MEU AMIGO RUI!
100- Rui Alexandrino Ferreira
Coronel do Exército(aposentado)
Ex.Cap.Mil.na Guiné
Autor do livro"Rumo a Fulacunda" cuja 2ªEdição está a esgotar.
Companheiros,à algum tempo que tento falar neste nosso espaço, dentro da minha simples e modesta análise,de um grande AMIGO,Rui Alexandrino Ferreira! Não é fácil.
Conheci-o à pouco mais de três anos apresentado por um companheiro meu,Alf.Mil.Licínio Vaz,no sentido de poder adquirir a sua obra literária intitulada: "Rumo a Fulacunda".
Fomos almoçar e desde logo deu para entender que estava na presença de uma pessoa que,apesar de a sua saúde não ser a melhor,mantém uma postura que "canta e encanta"quem com ele convive.No final do repasto,fez o favor de me ofertar o a sua obra com dedicatória e assinada.
Depois desse dia temos mantido uma relação com um grau de assiduidade muito bom,o Rui é um
GRANDE COMPANHEIRO!
Senhor de uma cultura e humorismo próprios de quem é natural de Angola.
Com um visionamento da Guerra Colonial invejável a qualquer pessoa que por lá andou,a sua leitura desse acontecimento deixa qualquer um imobilizado pelas suas vivências na época e como ultrapassou alguns casos mais delicados.
Reportando-me a um enxerto do seu livro,"Rumo a Fulacunda"na pág.nº.77,faz uma alusão a nós da Força Aérea Portuguesa que transcrevo:
..."Felizmente que as viagens aéreas na Guiné eram curtas.As distâncias que eram penosas,perigosas e excessivamente longas ao tráfego terreste,dad0 o estado intransitável das estradas,mal cuidadas,mal tratadas,ou simplesmente abandonadas por causa das minas e emboscadas,eram de minutos pelo ar.A província era mesmo muito pequena.
Antes de aterrar em Fulacunda fez a avioneta escala em Tite,como aliás era norma,pois iniciava sempre o percurso pela sede do Batalhão.Ai,como nas demais guarnições militares(pois praticamente todas tinham),com pista de aviação,dia de «São Avião» era dia de festa.Era dia de Correio e ainda o avião não se ouvia ou mal se ouvia e já nas paradas se gritava«pista,pista»alertado para a urgência da montagem da segurança.
Todo o mundo disponível,do mais graduado ao mais simples soldado,motorizados uns,apeados outros,se deslocava à pista,quanto mais não fosse para ver o avião.
Compreendi então,o que significava realmente a expressão«ver os comboios passar»,com que de alguma maneira superior e com uma certa sobranceira o pessoal da cidade se refere às gentes do interior quando estas param e acenam aos comboios que passam. Só que ali a expressão poderia ser«ver o avião poisar»...
Era de facto um acontecimento,o dia em que havia avião.Perdidos no meio do mato,isolados do resto do mundo,às vezes semanas e meses consecutivos,aquele era o único elo da ligação à civilização."....
Na passada 5ªfeira,estivemos juntos num jantar,em Alcofra,de onde a esposa do Rui é natural,onde estiveram presentes diversos companheiros da Guiné, Martins Julião, Frederico Farreca, Baltazar Farreca,Licínio Vaz,Armando e o genro do Rui que não me recordo do nome.Estes três últimos não estiveram na Guiné mas nem por isso não quiseram deixar de ouvir os nossos episódios de "guerrilha".O Carlos Santos faltou à chamada por motivos de saúde.
Bem-Haja,RUI!
Victor Barata