sábado, 18 de outubro de 2008

490 - CONVERSA COM O FERNANDO.



Amilcar Condeço
2ºSargº Mil. MMT 1ª/69 Guiné
Caros amigos
Não consigo descrever a satisfação que senti hoje ao conseguir após cerca de trinta e poucos anos falar com o Fernando pelo telefone, foi com muita emoção que consegui abafar alguns soluços e palavras de ansiedade que saiam sem conseguir definir uma conversa de jeito pois as perguntas e respostas eram afinal tantas que nem sabia o que dizer.
Peço desculpa por este aparte mas penso que estas situações acabam por acontecer com todos nós.
Lamento a triste noticia acerca do Boleto, pois a ultima vez que o vi foi a cerca de 26 anos.
Gostaria de aqui me crucificar com algo que não poderei dizer-lhe pessoalmente pois tive o oportunidade de com ele acompanhar e conviver na B.A.1 (Sintra).
Esta que fique registada pois tem algo de caricato.
O companheiro Boleto conseguiu com ajuda nossa ( Secção de Transportes da Base) arranjar uma criação de coelhos ou seja tinha numa parte da secção um pequeno APARTAMENTO que estava fechado, onde o Boleto por brincadeira começou a criar coelhos, a partir (senão me engano) dum coelho bravo que apanhamos nas pistas, pois na altura abundavam tais bichanos por estas bandas.
Ao fim de algum tempo da dita criação constava alem do coelho mor(o tal que se prontificava a procriar) que depois de morto pesava cerca de 3 Kg, mais uns quantos bichanos e bichanas que já perfaziam cerca de 15 ou 20 animais.
Como o Boleto era de Évora nem sempre ia a casa aos fins de semana ficando sempre disponível para desenrascar algum companheiro com o serviço de MMT que morasse mais perto.
Ora em certa ocasião o amigo Boleto conseguiu uma boleia para Évora numa quinta feira, mas para azar estava de fim de semana,como eu morava no Algueirão fui engatado para lhe fazer o serviço na condição de lhe tratar dos ditos animais.
Claro que o meu sim foi logo confirmado e o amigo Boleto lá seguiu todo lampeiro para Évora.
No domingo quando fomos ao pequeno almoço o mestre besunta disse-nos que o almoço era uma porcaria pois não tinham ido entregar os mantimentos a tempo ele desenrascou para lá qualquer coisa que não nos agradava.
Depois de muito pensar(5 minutos) logo ali combinamos o repasto que era nada mais nada menos que o assalto aos bichanos do Boleto.
Como éramos 6 para o almoço por unanimidade resolvemos tirar as medidas ao procriador pois todo o agregado familiar deste bichano era pequeno.
Depois de algumas festas por traz das orelhas lá seguiu o dito com guia de marcha para a cozinha onde depois de rapado o cabelo foi transformado em asa delta e metido na travessa dentro do forno para não ficar sozinho pusemos-lhe como companheiras algumas batatas e demais acompanhantes necessários ao bom repasto que o dito bichano nos ia fornecer.
Até aqui nada de especial, o problema maior era,(depois de satisfeita a nossa barriguita) arranjar maneira de dizer ao Boleto que o dito se tinha finado.
Depois de muito matutar pois dito procriador estava mesmo uma delicia que ainda por cima se tinha feito acompanhar de um bom vinho adquirido por empréstimo no clube de especialistas,resolvemos abrir a porta do apartamento e dar alguns minutos de liberdade ao agregado familiar não sem primeiro rebentarmos com uma parte da rede a fingir que tinha la ido alguém.
Quando na segunda feira pela manhã o amigo Boleto chegou foi ver os meninos e tal foi o espanto quando não viu lá ninguém, após algumas lágrimas lá conseguimos recuperar ainda meia dúzia de bichanos que não quiseram fugir.
E foi assim o final triste do procriador, claro que o Boleto nunca soube o que na verdade tinha acontecido,pois caso contrario tinha nos morto a todos.
Aqui fica mais uma passagem desta vez penso que alegre divirtam-se com ela.
Vai um abraço de muita emoção em especial para o Fernando e desculpa de seres tu a ligar pois eu queria pregar-te uma partida mas não consegui.
Para o Victor e restante família deste blog aqui ficam as minhas saudações e abraços fraternos
Amílcar Condeço
Ex-2º Sarg-MMT-1º/69