terça-feira, 4 de novembro de 2008

515 PA 1963-1967.



José Neto

1ºCbº. PA 1963/67
Mértola





Caro Victor Barata,

Após a troca de comentários entre Fabrício Marcelino e Rui Elvas, arrisco também um comentário no intuito de tentar esclarecer "como é que se chegava a PA" por volta de 1963/64.
Pois bem, eu "sou" desse tempo, podendo adiantar o seguinte: Em data que não posso precisar, mas que talvez se situe em meados de 1963, li um anúncio publicado no extinto jornal "O Século" a pedir voluntários para a Força Aérea.
Escusado será dizer que já nessa altura a FAP era considerada uma tropa de elite e, melhor ainda, até nos podia "desviar do mato" a que não se podia furtar, por exemplo, o pessoal do exército no caso de mobilização para a guerra do Ultramar.
Além disso, a FAP pagava melhor; tinha fama de oferecer boa comida aos seus militares; tinha umas fardas muito bonitas e, conforme o dito anúncio realçava, na FAP podia aprender uma profissão de futuro.
É claro que, com todos estes "aliciantes", as inscrições foram às centenas.
Houve, por assim dizer, excesso de oferta, pelo que uma boa parte da malta foi convidada a ingressar no SG, onde podia optar pela PA, pela condução-auto, pelos serviços administrativos, pelo corpo de bombeiros, etc..
É claro que, na época, pouco interessava a "especialidade" que cada um seguia, bastava apenas não ir parar ao exército e poder vir a servir de "carne para canhão".
Acrescento ainda que, na época em questão, todos os mancebos, altos, baixos, gordos ou magros e até alguns com deficiências notórias não se livravam de cumprir o serviço militar.
E foi assim, muito naturalmente, que ingressei na FAP e cheguei a 1º cabo PA, do que me orgulho imenso.
Não me livrei da mobilização para Angola, é certo, mas "safei-me do mato" que era o eu e toda a malta, por essa altura, mais temíamos.
Temos assim, a meu ver, algumas boas razões para se poder chegar a PA nos "velhos tempos", espero que o camarada Fabrício Marcelino as tenha considerado todas.
Saudações aeronáuticas.
Zé Neto
VB: Boa-Tarde Zé,é esse orgulho que dizes ter tido de pertenceres à nossa FAP,que ainda hoje nos faz ser diferentes.
Ficamos à espera das tuas histórias vividas em África no período da Guerra,pois a casa é tua.