Carlos Alves
Esp.MMA 2ª/70 Tete
Alvaiázere
Boa noite V.Barata
Aproveitando este tempo de antena informo o amigo Castelo Branco de que estou a tentar trazer o Rali a visitar este Blog o que segundo me prometeu será amanhã.
Não estava previsto escrever mais nada hoje mas já que aqui estou vamos a isto.
Todos os que passaram por África e em particular quem tal como eu percorria diariamente diversas frentes de combate,tem imensas histórias para contar,algumas poderão ser enfadonhas para quem as ouve,mas para quem as conta é reviver o passado ,por vezes é penoso mas alivia um pouco.
Diariamente me vem á memória coisas maravilhosas de África mas também dramas a que assisti.
Hoje vou tentar descrever uma situação que ilustra bem o quanto aquela guerra era terrível e que os nossos governantes teimam em ignorar,se calhar até pensam que aquilo eram Safaris.
A chamada picada do Zobué que liga Tete ao Zobué "cerca de 120 km" mesmo na fronteira com o Malawi,era sem duvida a picada mais mortífera da ZOT "Zona Operacional de Tete".
A coluna era normalmente feita ás 5ªfeiras da parte da manhã e incluía civis,escusado será dizer que ninguém gostava de estar alerta nesses dias.
Por volta das 10.00 horas era sagrado,evacuação de zero horas p/rá picada do Zobué.
Numa destas evacuações foram pedidos 2 hélis e um tinha que ir ao hospital de Tete buscar um enfermeiro para ajudar os feridos, calhou-me a mim essa tarefa.
Chegados ao local o cenário era dantesco e embora não fosse aconselhável "minas" aterramos na picada o enf. saiu foi prestar auxilio aos feridos e eu comecei a carregar o héli com os mais graves ,quando nos preparávamos para descolar aparece o enf. a fim de seguir connosco eu por sinais disse-lhe que não podia visto estar já cheio e íamos voltar.
Seguimos para o hospital e passados 40 minutos estávamos de volta , o 1ºferido a entrar foi o tal enf.sem uma perna e com a outra esfacelada.
Chega....não tenho palavras para descrever o que senti e sinto.
Um abraço
Carlos Alves
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