terça-feira, 18 de novembro de 2008

565 CACIMBADOS-A vida por um fio.

Manuel Bastos
Fur.Mil. OP.Esp.(Exército) Mueda DFA

Autor do Livro "CACIMBADOS - A vida por um fio"
Coimbra



Momento em que o Manuel Bastos ladeado pelos representantes da editora apresentava a sua obra.



Apresentação de Cacimbados

Este livro que agora vos apresentamos, este pequeno livro, precisou de muita coisa para ser feito. Precisou de uma guerra, de uma revolução para terminar a guerra, precisou de mortos, feridos e traumatizados. Precisou de cerca de um milhão de portugueses em armas, o que fez de Portugal um dos países mais belicistas do mundo, provavelmente logo a seguir a Israel. Alguns desses ex-combatentes encontram-se aqui, os meus companheiros da mata e das picadas de Mueda. Eles são os protagonistas deste livro, às vezes com os seus nomes verdadeiros, às vezes com nomes fictícios. Sem eles este livro não teria sido feito.
Este livro não existiria se não tivesse existido, também, uma primeira leitora, a mulher de todos os meus dias, aquela que primeiro me disse: "Estas palavras merecem ser publicadas." Alguém que possui o dom especial e muito raro de conseguir ver beleza nas coisas que os outros fazem, o que é uma forma de generosidade. Na verdade, para encontrarmos beleza no mundo, temos que possuir beleza dentro de nós. Também como ela, a Inês Campos tem esse dom. Encontrou as minhas palavras na Internet e transformou-as numa obra literária. É a ela também que se deve este livro.
É evidente que depois precisamos de pessoas que consigam concretizar o sonho que as palavras transportam, para isso precisamos de um editor – que pertence àquele grupo de pessoas sem as quais, tudo o que nós conhecemos, automóveis, computadores, catedrais, ou livros, nunca existiriam, eles é que concretizam os sonhos alheios; é também uma forma de generosidade – sem ele também, este livro não existiria.
Mas este livro que usa as minhas palavras…Ou melhor: as palavras que eu utilizo, as palavras não são minhas, as palavras não têm dono. Eu imagino-me como um simples apanhador de palavras, eu apanho-as por aí e depois tento, como neste livro tentei, espero que encontrem isso; tento desenhar a impossível forma dos sentimentos e dos afectos. Gosto de me imaginar como uma criança que apanha conchas à beira mar e com elas faz construções na areia, ou como uma velha senhora que apanha rosas no seu jardim e faz centros de mesa, ou… talvez melhor ainda um camponês que apanha seixos no seu quintal para limpar o terreno e para enfeitar a beira do caminho. É isso só que eu sou, um apanhador de palavras, por isso é preciso que haja pessoas assim, que descubram beleza nessas palavras.
Mas este livro não está completo, é um objecto físico só. Precisa de um leitor, é por isso que vocês, e eu vos lanço este apelo: alguns já o adquiriram; que o divulguem. Sem um leitor não há livro nenhum, nem há autor, só os leitores farão de mim um escritor, ainda não sou um escritor. Quando vocês lerem, quando alguém ler e convencerem o meu editor que talvez valha a pena editar mais algum. É preciso lerem este, foi para isso que os chamámos aqui, e para o divulgarem na medida que vos for possível.
Mas este livro não tem interesse nenhum se não tiver ao menos um ensinamento, por modesto que seja, e eu quero acreditar que tem. Este livro pode servir de alguma forma para que os nossos filhos arranjem uma maneira qualquer para evitar que os nossos netos vão para a guerra. Porque a guerra só tem uma virtude, só uma: a guerra pode ser evitada.


VB. O autor desta obra,Manuel Bastos,não a redigiu no intuito de recolher protagonismo,como muita gente neste universo em que agora todos são democratas o procura,mas sim com a sua humildade e sensibilidade de um homem que foi empurrado para o local onde a sua sua sociedade diária era a GUERRA!
Eu aconselhava muitos dos nossos actuais,e são muitos,escritores de histórias da Guerra Colonial a lerem este simples mas significativo exemplar,que conta os verdadeiros momentos da vida de um Furriel Mil.que a Guerra marcou para toda a vida.

Obrigado MANUEL pela tua humildade.