terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

761 ABATE DO FIAT G 91 5437



Arnaldo Sousa
Esp.MMA Guiné
Lisboa

31 de Janeiro de 1974 - Abate do 5437


No dia 1 de Fevereiro de 1974 logo pelo romper do dia, eu acompanhado do colega Lopes, colocamos num avião Dakota algum material de apoio à linha da frente.
O destino era Nova Lamego, actualmente Gabú , e tinhamos como missão dar assistência a uma parelha de Fiat G91 que iriam efectuar o reconhecimento e apoio a tropas, que no terreno iam recomeçar buscas para resgate de um piloto que se tinha ejectado de um Fiat G91, em consequência de ter sido atingido por um míssil SAM 7 no dia anterior, ou seja a 31 de Janeiro.
O avião era pilotado pelo tenente Castro Gil, e efectuava uma missão de apoio de fogo,.. dado o inimigo ter flagelado com mais de 50 Foguetões 122 durante duas horas, da direcção Norte a povoação e aquartelamento de Camquelifá , causando grandes prejuízos materiais às NT (1)O avião foi abatido na zona de Canquelifá e o piloto percorreu cerca de 20 km pelo mato, nomeadamente de noite até alcançar Dunane que fica na zona de Piche (leste). Senão me falha a memória o outro piloto da parelha era o Pessoa.
A meio da tarde chega a notícia de que o piloto já tinha sido encontrado, pelo que passado algum tempo chega a Nova Lamego, sendo pouco tempo depois transportado para a BA 12, onde uma pequena multidão de pessoal o aguardava e saudava à saída do avião.
Não obstante o seu estado débil ,devido a uma ejecção e uma noite passada a caminhar pelo mato, o piloto não deixou de participar e agradecer a homenagem que lhe era prestada .
O tenente Gil era um piloto estimado por todos, sempre bem disposto, conversador , amigo e dado a paródias !
Por ironia do destino o tenente Gil resistiu a um míssil e a uma ejecção em zona de guerra, tendo vindo a falecer, com 28 anos em Monte Real , a 5 de Janeiro de 1979 aos comandos de um T33. Ia acompanhado do Cap. Pil. José Santos Costa.
Pelo que consta, o avião na fase de aterragem tocou com um tanque da ponta da asa (tiptank) na pista e explodiu.
Durante a guerra colonial, na Guiné, foram abatidos 7 aviões Fiat G91,e destes resultaram 1 piloto morto e 6 ejecções com êxito e posterior resgate.


Data: 22/02/1967Piloto: Maj. Armando Augusto dos Santos Moreira (Comandante da Esq. 121)
Aeronave: Fiat G.91R/4 "5407"
Causa: explosão prematura de uma bomba de 110lbs.(Esq. 121, Guiné)

Data: 28/07/1968 Piloto: TCor. Francisco da Costa Gomes (Comandante do Grupo Operacional 1201)
Aeronave: Fiat G.91R/4 "5411"
Causa: fogo antiaéreo de .50 polegadas (12.7mm) disparado a partir da fronteira da Guiné-Conakry.(Esq. 121, Guiné)

Data: 25/03/1973 Piloto: Ten. Miguel Cassola Cardoso Pessoa
Aeronave: Fiat G.91R/4 "5413"
Causa: abate por SAM-7 "Grail".(Esq. 121, Guiné)


Data: 28/03/1973 Piloto: TCor. José Fernando de Almeida Brito † morto (Comandante do Grupo Operacional 1201)
Aeronave: Fiat G.91R/4 "5419"
Causa: abate por SAM-7 "Grail".(Esq. 121, Guiné)


Data: 01/09/1973 Piloto: Cap. Carlos Augusto Wanzeller
Aeronave: Fiat G.91R/4 "5416"
Causa: Problemas Técnicos.(Esq. 121, Guiné)


Data: 04/10/1973 Piloto: Cap. Alberto Roxo da Cruz
Aeronave: Fiat G.91R/4 "5409"
Causa: Problemas Técnicos.(Esq. 121, Guiné)


Data: 31/01/1974 Piloto: Ten. Victor Manuel Castro Gil
Aeronave: Fiat G.91R/4 "5437"
Causa: abate por SAM-7 "Grail".(Esq. 121, Guiné)

Pilotos que faleceram.


Um dos factores mais importantes nas 6 ejecções com sucesso, foi sem dúvida a cadeira de ejecção, Martin Baker Mk4 que equipava o Fiat G91R4. Esta cadeira permitia uma ejecção a uma altitude zero e 90 KIAS de velocidade, sendo que a velocidade máxima de ejecção estaria na ordem dos 1000 km.
Mais tarde foram introduzidas as cadeiras modelo MK6 que traziam algumas melhorias, como por exemplo a ejecção a altitude zero e velocidade zero. Comparando com uma manobra acrobática em que podem ser metidos 7 G, a força de uma ejecção podia chegar aos 20 G, ou seja 20 vezes o peso do piloto.
Todas as cadeiras possuíam um barco insuflável de sobrevivência, assim como reserva de oxigénio para a ejecção.
O pessoal da linha da frente auxiliava os pilotos a amarrarem-se" à cadeira, ajustando por vezes os cintos com mais força, o que originava algumas reclamações pelo excessivo aperto, mas em caso de ejecção, os cintos bem ajustados poderiam atenuar os danos no corpo.
(1) Dados recolhidos no AHFA


VB: O vocabulário técnico é muito importante para a diversificação dos temas deste nosso espaço.