Mario Fitas
Fur.Mil.Exército Guiné
Cascais
Victor Barata
Tendo em atenção o que se tem escrito no Blogue do Luis sobre a FAP e resultante do extraordinário relacionamento da C.CAÇ. 763 com o pessoal da Força Aérea e da Marinha, bem como dos nossos "Anjos" Enfermeiras Paraquedistas que muito passaram por Cufar. Anexo um naco de "Putos Gandulos e Guerra" onde se pode verificar o reconhecimento dos Lassas, e um pouco de brincadeira, tão necessária por vezes naquele isolamento. Agradeço-te não só por teres identificado o PILAV Ribeiro do T6 aterrando com o motor gripado em Cufar, bem como o seu Parelha, mas também como agradecimento aos MECÂNICOS que acompanhavam os PILAV nas evacuações de mortos e feridos.
Para as nossas enfermeiras, a brincadeira em terra dos Lassas.
Já por aí passaram algumas fotos de pessoal da FAP e ENF. Paraquedistas que passaram por Cufar.
Noutros e-mail, mandarei algumas que não sei se serão repetição.
Para todos, sem distinção nem majoração que passaram por aquela Terra.
O abraço de sempre do tamanho do Cumbijã.
Mário Fitas
EM LOUVOR DA FORÇA AÉREA E MARINHA.
“ “Mais Audaz”localiza tudo e faz duas picagens.
Vagabundo rádio sintonizado com o ar, ouve nitidamente o tenente piloto dizer:
_Só vejo malta a rebolar… estou a atingir em cheio… vou picar novamente e gastar os últimos roquetes.
E assim faz, aparecendo por sobre o tarrafo do lado do cais o piloto faz nova picagem e sobe sobre a mata de Caboxanque.
Ficamos suspensos por momentos pois o piloto informa:
_Fui atingido, vou tentar aterrar em Cufar!
Corações pequeninos ouvimos que o “Mais Audaz” tinha conseguido.
Esta a aeronave atingida que aterrou de emergência na pista de Cufar no dia 17 de Setembro de 1965, com o motor gripado.Grandes máquinas , grandes pilotos e...grandes mecânicos!
O avião a tocar o solo da pista de Cufar e o motor a gripar. O aparelho tinha sofrido dezassete impactes um dos quais perfurara o depósito do óleo esvaziando-o por completo.
O contacto com o IN continua forte. Alertadas, entretanto chegam a Vedeta e duas LDM e com o seu auxílio o IN foi reduzido ao silêncio.
Soube-se depois e ficará gravada na história dos “Lassas”, que tínhamos tido à nossa espera, no caminho que dava acesso ao cais de Caboxanque, nada menos nada mais que uma Companhia do Exército Popular comandada pelo Comandante “NINO”.
Obrigado Alfa, FAP e Marinha, pois estaríamos feitos em “merda” se não fosseis vós.
Nunca será pouco enaltecer os amigos fuzos e marinheiros e aquilo que por nós fizeram com as suas lanchas e vedetas.
Aos pilotos e enfermeiras “páras”, bastará o conhecimento de Cufar para saberem como estamos gratos por tudo.
É claro que nem tudo foram rosas!
Havendo uma grande operação dos “fuzos” na zona de Cabedu, foi montado o posto de comando e evacuação em Cufar, derivado à sua bela pista.
Hospital de campanha montado, por escala os Vagabundos de Piquete; com o seu comandante furriel Mamadu, vestido à maneira do mato, _calção e camisa de caqui, bota de lona e boina preta, sem divisas e em vez de carregar com a G3, pistola à cinta caindo do cinturão à pistoleiro_ faziam segurança às aeronaves estacionadas na pista.
Segurança montada, rendição feita e toda a malta almoçada, _calor de rachar_ toca de espreguiçar na maca do improvisado hospital de campanha. Juntam-se alguns soldados em volta de Mamadu e começam as anedotas e histórias da vida de cada um.
Tudo muito bem, só que o almoço no comando foi mais rápido do que se esperava.
Mamadu delirando contar e ouvir uma anedotazinha, contava aquela do dramático caso do patrício que se queria suicidar e, subindo ao quinto andar do prédio, de lá gritava que estava farto da vida e que se iria mandar dali a baixo; o “povoléu” juntou-se todo à espera do desfecho do drama, quando a mulher do suicida em desespero gritou:
_Oh homem não faças isso porque eu só te pus os “cornos” não te pus asas!
Estava Mamadu e aquela malta toda na bagunçada, quando de repente aparece a enfermeira alferes “pára”.
Ao ver a malta por ali sentada, correu com a soldadesca toda. Mamadu agora sentado na maca também ele teve ordem de despejo para se pôr a andar. Verificando o protagonismo que a Sra. Alferes estava a tomar, o furriel resolveu também manter o seu. Deu-se então um diálogo interessante.
Mamadu desceu da maca e informou:
Saiba Vossa Senhoria, meu alferes, que eu não vou abandonar esta posição, se há alguém que tenha de pedir autorização para permanecer neste local não sou eu, pois quem é aqui o responsável neste momento, é este maltrapilho do mato e que se apresenta a Vossa Senhoria, Furriel Miliciano Mamadu comandante do Piquete com a responsabilidade total pela segurança desta tenda, bem como de todas as aeronaves que se encontram na pista. Não tenho as divisas nos ombros, porque no mato é adorno que não usamos. A boina preta está superiormente autorizada.
Grande discurso!...
A Sra. Alferes enfermeira sorriu e repostou:
_São todos iguais, têm todos a escola do vosso capitão!... Mas bem podia estar com roupa em condições!
_Saiba a Sra. Meu alferes, que a minha lavadeira Miriam se encontra em Catió com montes de roupa à espera de portador, pelo que não posso ter a honra de lhe satisfazer o desejo. Mas como sabe melhor do que eu, para morrer tanto faz estar de smoking como de camisa rota, o importante é estar lavada!
_Machistas de “merda”!
Foi a resposta que o furriel recebeu. Tinha razão a alferes enfermeira!”
Mário Fitas
Capa :Putos, Gandulos e Guerra»
Autor: Mário Vicente
VB:Em nome do pessoal da FAP que compõem a Tertúlia "LINHA DA FRENTE",o nosso obrigado Mário.
Sobre as Enfªs,já manifestei a minha opinião,mas fico muito feliz por aparecer muita malta a reconhecer o árdua luta destas mulheres no TO da guerra.