Manuel Lanceiro
Esp.MMA Guiné
Lisboa
10 de Abril de 1973.
Passados quatro dias, após o dia mais negro da FAP, na Guiné (há três que não se voava). Nós mecânicos sabíamos muito pouco do que se passava, o que ouvíamos dizer, era que os pilotos não voavam enquanto não fossem alteradas as condições de voo.No entanto continuávamos a fazer o alerta, para o que desse e viesse.O ambiente era de se cortar à faca, vivíamos momentos de verdadeiro stress e de consternação.
A ausência do barulho dos aparelhos a descolarem e aterrarem era um verdadeiro calvário, faltava-nos a adrenalina da acção. Até que a meio da tarde, chegou o geep do Grupo Operacional, com Alf. Pilav. Vítor Afonso, dirigindo-se a mim, disse: -preciso que alguém vá comigo ao Cumeré buscar dois gajos, que se espetaram com um animog e estão bastante mal. Como é? Conto contigo?. Julgo que a minha resposta foi dirigir-me para o Helli e começar a fazer a inspecção antes de voo. Lá fomos, felizmente tudo correu bem.No dia seguinte todas esquadras começaram a voar, com outros procedimentos é certo, mas nunca mais parámos.
Manuel José Lanceiro
VB:Foi ,efectivamente, um período muito conturbado este que a família FAP estacionada na BA 12, em Bissalanca, viveu nestes meses de Março/Abril. Os companheiros perdidos para sempre num tão curto espaço de tempo,deixaram-nos completamente arrasados
Passamos por tudo um pouco, tivemos um GRANDE Comandante da Base Cor.Pilav.Moura Pinto,que mais uma vez demonstrou a sua qualidade de líder e comando,que lhe viria a custar consequências disciplinares aplicadas pelo Com-Chefe Gen.Spinola,respondendo com a sua passagem á reserva. Que grande HOMEM!
Ao inverso tivemos quem desconfia-se de nós,pondo em causa as nossas capacidades morais e profissionais,chegando ao extremo de nos classificar de sabotadores e ameaçando-nos com a DGS,lembram-se? Este não pediu a passagem á reserva,pelo contrario,abrupadamente,galgou galões e estrelas, chegando ao topo da hierarquia militar tal como descolava com um Fiat!
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