Luis Graça
Administrador do Blog Luis Graça e Camaradas da Guiné
Fur.Mil. Guiné
Lisboa
VB:Bom-Dia,Luis.
VB:Bom-Dia,Luis.
É sempre motivo de satisfação receber e publicar os artigos com que nos contemplas,são uma verdadeira mais valia para o enriquecimento do nosso/TEU espaço.
Nunca me posso esquecer que foste o seu"padrinho" ,embora tenha que "voar"muitas horas para conseguir as qualidades do teu,se é que seja possivel?!...
Agradeco-te o carinho que empregas nas tuas palavras sempre elogiosas ao nosso trabalho,que nem sempre é com a qualidade que desejava-mos,conseguindo transmitir-nos a força suficiente para que continuemos a trabalhar no sentido de que o nosso histórico passado na Guiné,seja lido e reconhecido pelos nossos vindoiros.
Obrigado Companheiro!
Obrigado Companheiro!
Este dialogo que se segue entre dois grandes companheiros é,de facto,o extracto do grande solidarismo existente entre nós.
Guiné > Região Leste > Sector L1 > Bambadinca > Mato Cão > Pel Caç Nat 52 > 1973 > O novo destacamento do Mato Cão, no tempo em que o Pel Caç Nat 52 era comandado pelo Alf Mil Joaquim Mexia Alves (1972/73). No tempo do Beja Santos (1968/70), a segurança às embarcações que passagem pelo Geba Estreito, em Mato Cão, era assegurado por diversas forças, que estavam sob o comando do batalhão sedeado em Bambadinca, desde a CCAÇ 12 até aos Pel Caç Nat (52, 53, 54, 63). O Joaquim Mexia Alves sucedeu ao Wahnon Reis e ao Beja Santos no comando do Pel Caç Nat 52. Visto do ar, o destacamento era um buraco, como tantos outros, onde flutuava a bandeira verde-rubra (se é que tinha pau da bandeira!)
1. Mensagem de Nuno Almeida, ex-mecânico de helicópteros, a quem agradeço este depoimento e convido para aderir à nossa tertúlia (LG):
Camarada Mexia Alves:
Estava a ler o blogue do Luís Graça e vi a sua referência a Mato Cão, o que me fez recordar um episódio, não sei se passado, também, consigo e que passo a relatar:Fui mecânico de helicópteros da FAP e cumpri o ano 1972 na Guiné. Um dia, creio que no Verão de 1972, fui com um heli fazer o que, creio, se chamava o Comando de Sector (levar o Coronel de Bambadinca a visitar os aquartelamentos).
Camarada Mexia Alves:
Estava a ler o blogue do Luís Graça e vi a sua referência a Mato Cão, o que me fez recordar um episódio, não sei se passado, também, consigo e que passo a relatar:Fui mecânico de helicópteros da FAP e cumpri o ano 1972 na Guiné. Um dia, creio que no Verão de 1972, fui com um heli fazer o que, creio, se chamava o Comando de Sector (levar o Coronel de Bambadinca a visitar os aquartelamentos).
Fomos visitando vários locais e, quando sinto o piloto fazer manobra para proceder a uma aterragem, fico em estado de choque, pois não se vislumbrava nada no terreno que indicasse haver ali alguém ou algo minimamente capaz de albergar seres humanos. Inicialmente temi que o piloto tivesse detectado alguma falha no aparelho e fosse aterrar para que eu verificasse a condição do mesmo e poder continuar a voar. Mas quando aterramos (num espaço de mato desbravado e completamente inóspito), e a intensa poeira, levantada pelas pás do heli, começa a assentar, vejo surgirem, de buracos cavados no chão, homens em estado de higiene e aspecto físico degradantes (pelo menos aos olhos dum militar que dormia em Bissau e tinha água corrente para se lavar a seu bel prazer).Chocou-me, e ao piloto também, a situação sub-humana em que esses homens estavam a viver.
A sua reacção, ao verem o Coronel, foi a de parecer que o queriam linchar, tal era a sua revolta pelo que estavam a ser obrigados a suportar.
Quando regressámos a Bambadinca, o piloto foi ao bar e comprou dois pacotes de tabaco Marlboro, escreveu neles algo que creio foi: "com a amizade da Força Aérea", e quando passámos à vertical de Mato Cão largámos esses pacotes, querendo demonstrar a nossa solidariedade para com quem tão maltratado estava a ser.
Mais tarde, em Novembro de 1972, fui ferido, ao proceder a uma evacuação, na mata de Choquemone, em Bula, e aí melhor me apercebi das privações e sobressaltos que, a todo o momento, uma geração de jovens, na casa dos 20 anos, foi obrigada a suportar, adquirindo mazelas físicas e, principalmente, psicológicas, que ainda hoje perduram, e que muitos teimam em não aceitar que existem e estão latentes no nosso dia-a-dia.
Abraços, do ex-1º cabo FAP
2. Resposta do Joaquim Mexia Alves > Ex- Alf Mil Op Esp, esteve na Guiné, entre Dezembro de 1971 e e Dezembro de 1973, tendo pertencido à CART 3492 (Xitole), ao Pel Caç Nat 52 (Mato Cão / Rio Udunduma) e à CCAÇ 15 (Mansoa); nunca esteve sedeado em Bambadinca, mas sim no Rio Udunduma e no Mato Cão, destacamentos do Sector L1 (Bambadinca); ia de vez em quando à sede do Batalhão (BART 3873, 1972/74), a que estava adida a CCAÇ 12, nessa altura comandada pelo Cap Op Esp Xavier Bordalo.
Caro Nuno Almeida:
Obrigado pela tua mensagem.
No Verão de 1972 ainda não tinha chegado ao Mato Cão, pois apenas lá assentei arraiais no começo de Novembro desse ano.Lembro-me nessa altura de uma visita do Comandante ao Mato Cão num helicóptero e que não o recebemos propriamente de braços abertos, mas poderá ter sido outra visita, o que já me parece muito, duas visitas em tão curto espaço de tempo.Posso estar enganado e ter sido mais tarde, mas julgo que foi antes do Natal. Para o caso não tem importância.Realmente, aos olhos de quem estava em Bissau, a situação era terrível, mas tomávamos banho (!!!), era de lata de pêssego em calda, junto ao rio Geba, que era o que se podia arranjar.Não tinhamos luz e realmente estávamos enfiados no chão, embora fizéssemos uma vida normal.
Ainda não pertences à tertúlia deste blogue?
Se não pertences, e como dou conhecimento destes mails ao Luís Graça, nosso comandante, poderás contactá-lo via correio electrónico e passar a fazer parte do blogue dando-nos a conhecer a tua experiência, que pelo que leio deve ser muito rica.Ah, aqui tratamo-nos por tu.
Caro Nuno Almeida:
Obrigado pela tua mensagem.
No Verão de 1972 ainda não tinha chegado ao Mato Cão, pois apenas lá assentei arraiais no começo de Novembro desse ano.Lembro-me nessa altura de uma visita do Comandante ao Mato Cão num helicóptero e que não o recebemos propriamente de braços abertos, mas poderá ter sido outra visita, o que já me parece muito, duas visitas em tão curto espaço de tempo.Posso estar enganado e ter sido mais tarde, mas julgo que foi antes do Natal. Para o caso não tem importância.Realmente, aos olhos de quem estava em Bissau, a situação era terrível, mas tomávamos banho (!!!), era de lata de pêssego em calda, junto ao rio Geba, que era o que se podia arranjar.Não tinhamos luz e realmente estávamos enfiados no chão, embora fizéssemos uma vida normal.
Ainda não pertences à tertúlia deste blogue?
Se não pertences, e como dou conhecimento destes mails ao Luís Graça, nosso comandante, poderás contactá-lo via correio electrónico e passar a fazer parte do blogue dando-nos a conhecer a tua experiência, que pelo que leio deve ser muito rica.Ah, aqui tratamo-nos por tu.
Mais uma vez, obrigado pela mensagem e um abraço forte do
Joaquim Mexia Alves