quarta-feira, 19 de agosto de 2009

VOO 1138 O MEU AMIGO JOSÉ LEAL.



Augusto Ferreira
2ºSargº.Mil./Inst./Av.
Coimbra
O JOSÉ LEAL
Caros amigos, fiquei extremamente feliz, com a reentrada na atmosfera do nosso blog, do meu grande amigo JOSÉ LEAL. Finalmente apareceste.Claro que me lembro de ti, no AB7 em Tete. Quem é que não se lembra de ti, naqueles já longínquos anos de 72/74, naquele cenário abrasador? Para quem não o conhece, o nosso LEAL era furriel PA. Foi sempre um companheirão e amigo do seu amigo. Estava sempre presente, quando haviam patuscadas, ou qualquer manifestação artística, pois vivia estes momentos intensamente. Além de outras funções, ( se bem me lembro ) tinha também a ingrata missão, de tratar da logística, da transladação dos corpos e haveres, dos nossos companheiros que pereciam por lá. Por vezes, quando calor e as circunstâncias proporcionavam, o nosso Leal bebia uma Manica a mais e quando lá chegava um NORDATLAS a Tete com “Xecas”, ele ia recebe-los à saída do avião, com uma fita métrica, tirando-lhes as medidas ( altura e largura ), o que os deixava intrigados ,sendo informados posteriormente, que se tratava do “cangalheiro “ da base, o que os deixava ainda mais perplexos. A chegada de um “Xeca”, era motivo para se fazer festa e o LEAL, estava logo na linha da frente, para se “praxar” o novo companheiro. Esta “cerimónia” corria pela noite dentro, com acompanhamentos à viola no bar de sargentos e saídas para o exterior, com visitas à pocilga (ao porco preto ) e a um lago, que existia no exterior, com a respectiva comitiva atrás. Existiam uns mandamentos, que o Xeca tinha que ler em voz alta e o respectivo “Hino do Xeca”, que o nosso companheiro LEAL muito bem refere e que ele tinha que aprender e cantar. Lembro-me de duas quadras:
Xeca ó Xeca
Não te esqueças de rezar
Senão os 122
Ao teu quarto irão parar
Xeca ó Xeca
Tu és um ser desgraçado
Pois a Frelimo
Já lá te tem arquivado
Nota: Os 122 eram mísseis terra-terra, de fabrico Russo de que a Frelimo dispunha e que chegaram a atingir, as nossas pistas no AB7 em Novembro de 1972.
Como devem calcular, naquele calor infernal que tivemos que suportar por lá, nestes momentos, bebia-se muita cerveja, cuja despesa era por conta do Xeca.


Amigos e companheiros, aqui segue uma foto já com 37 anos, em que está o nosso JOSÉ LEAL, está de cócoras do lado direito, com os seus “Ray Ban” e eu estou em pé, do lado esquerdo da foto.
Um grande abraço para ti LEAL e se passares por Coimbra diz.
Aguardo o teu contacto.
Termino hoje, enviando o habitual forte abraço para o Comando Operacional, extensivo a todos os Zés Especiais e amigos da nossa Linha da Frente.
Até breve
Augusto Ferreira