segunda-feira, 19 de abril de 2010

VOO 1626 TESE EM FASE DE TRANSIÇÂO.


Paulo Castro
Esp. OPMET

Porto





Há semanas atrás assumi a responsabilidade de responder ao Augusto Ferreira sobre a sua abordagem ao magnifico - é verdade – Aeródromo Base N.º 7, em Tete.

Nunca permaneci muito tempo na Unidade Base, passei e perpassei pelos seus Aeródromos de Manobra, 71, 72 e 73, com uma mais prolongada permanência no 71 (Furancungo).

Foi aqui, de peito feito para o Monte X, com uma pista onde a única vantagem era caçar, aterrar penso que não, mas os pilotos que operaram que se pronunciem. A caça rendia…

O isolamento era total. O aquartelamento do Exército era distante, mas era lá que o Laurentino (SOL/CAUTO) ia diariamente buscar o pão para o nosso “pétit dejeuner”, que por vezes era tomada no quarto caso o “mainatu” fosse colaborante.

Dizer que fiz férias em Furancungo era mentir, mas que estive sempre melhor que na cidade era maior a mentira. Em Furancungo, se não erro, éramos seis especialistas e trinta elementos da Polícia Aérea. Tudo gente boa.

Vivíamos num condomínio fechado de 90.000 m², com a superior protecção da Polícia Aérea.

Especiais que me recorde, eram dois OPC (Zavala e Braga), dois OPMET (este vosso amigo e o Santiago[1], posteriormente o Amaro), um M/Rádio ( o Mike ), e dois ENF [ Pedro Nóbrega e o… Casado (?)].

Com o um primeiro-sargento a gerir e um TEM/PARAQ a comandar.

Atrevo-me, a utilizar i politicamente incorrecto; bons tempos.

Já depois de Mutarara e Estima fixei-me na cidade, no seu ambiente, na república e era frequentador do quinto piso do Hotel Zambeze. Que diferença em relação a Furancungo.

Para abreviar, outros projectos se avizinham e merecem dedicação, relembro o 25 de Abril de 1974 onde estive para levar uma porrada porque na meteorologia existia um “Hamarland” que conseguia ouvir a Emissora Nacional que nessa noite (madrugada) informava de qualquer “estranha” na Metrópole. O então, saudoso, Comandante Paulino Correia fez procurar o OPMET de dia para ligar o dito cujo. Só que o Cabo de Dia à Meteorologia tinha outras observações a fazer na cidade e por lá ficou e terá dormitado.

No regresso à base tinha mais de vinte policias à minha procura. Dezanove avisaram-me e outro não me viu. Safei-me.

É então, Augusto, que o TCOR Paulino Correia, que viria a ser Sub-CEMFA, é substituído pelo TCorPilav Castelo Branco (meu caro e estimado amigo), que também viria a ser Vice-CEMFA, mas que na altura da tomada de posse da Unidade AB7, tomou uma medida que a história militar portuguesa deve observar como um dos paradigmas de comando em situação de guerra ou guerrilha.

A FRELIMO tinha recebido instruções para entrar nas “Bases” e aí se acantonar, passando a utilizar, consoante a graduação, os mesmo espaços dos seus beligerantes.

Creio que num país mais civilizado esta acção seria única e suficiente para despoletar um processo jurídico acoplado a mais um “stresse” pós-traumático.

O então TCOR Castelo Branco tomou posse do Comando.

Primeira medida? A FRELIMO acampa, no exterior do perímetro da Base.

Na nossa linguagem de hoje e de ontem. Tinha-os no sítio.

Defendeu-nos (e à Força Aérea) daquilo que poderia ter sido uma rebelião e um motim complicado.

Se hoje a feridas estão quase saradas, já deveriam estar. Na ocasião sangravam.

Meu Prezado Comandante e Amigo General Castelo Branco: Bem haja!

A culpa é do Augusto que me despoleta memórias. Prometo que a próxima é a do Bufana.

Grande abraço

Paulo Castro

Sócio Nº 1 da AEFA