terça-feira, 20 de abril de 2010

VOO 1639 A CAÇADA.



António Dâmaso
SargºMor.Paraqª.
Odemira


CAÇADA

Em finais de 1967, eu mais uns quantos sargentos Especialistas do BCP 12, resolvemos ir fazer uma caçada lá para os lados de Quinhamel.

Conhecia a estrada já por lá tinha andado a fazer rodagem a um camião e também já tinha ido à praia no Biombo, levado por um casal amigo.

Combinámos ir num fim-de-semana, fizemos os preparativos requisitando as caçadeiras, Remington de 5 tiros, como só tínhamos zagalotes, fomos ao armeiro trocar por chumbo fino e comprar mais umas caixas de cartuchos.

Os “Especiais”, muniram-se de camuflados, cantis com água, farnel e dos apetrechos necessários para a caçada e resolvemos partir muito cedo para apanhar a caça quando começou a amanhecer.

Eu requisitei um Unimog que conduzi, foi connosco um tenente não me recordo o nome nem de que especialidade, este estava mais interessado em fazer Slides da flora do que caçar.

Chegamos ao local, vimos galinhas de mato e algumas perdizes e cada um foi para seu lado a ver quem caçava mais.

Eu tinha aprendido a “caçar” carros de combate em andamento à Bazookada, atirei a um e acertei-lhe em cheio o que me valeu ficar também com a especialidade de apontador de Lança Granadas de foguete INSTALAZA, mas atirar à caça em voo nunca tinha experimentado, apesar de o meu pai ter sido caçador com uma espécie de canhangulo de atacar pela boca, o chamado espera-pouco, mas nunca me entusiasmou caçar com aquele tipo de arma e fazer tiro aos pratos era e é necessário ter arma compatível e dinheiro.

Ainda atirei a aves em voo mas o resultado foi menos satisfatório comparado com o do carro de combate.

Apareceu um miúdo que se ofereceu para ir comigo e apanhar a caça, recordo dele dizer:

-Patrão, está ali um sentado. Queria dizer pousado e eu lá aproveitava para fazer o gosto ao dedo.

Cacei rolas, maçaricos e outros, a dado momento, embrenhei-me mais no mato, ia numa picada de pé posto e repentinamente, dei de caras com um indígena entroncado, vestido só com a tanga do tipo do actual fio dental, agora percebo onde se inspiraram para criar o dito fio, circulava com uma catana ao ombro, ostentava “roncos” nas pernas e nos braços, eu também levava a minha arma ao ombro e ficamos por estáticos dois ou três segundos, depois eu disse-lhe um olá e seguimos cada um o seu caminho, ele não disse nada mas passados dois ou três minutos ouvi som parecido com o som produzido pelos búzios, talvez a sopradela num corno, pensei que tinha sido ele a avisar da presença de um estranho no Território.

Era perto do meio-dia, as aves já estavam no descanso, resolvi dar a caçada por terminada, dirigi-me para o local de reunião onde já estavam quase todos juntamos a caça toda e regressámos, depois fomos fazer a petiscada no clube de sargentos em Bissau.

Saudações Aeronáuticas

Dâmaso

VB. Bom dia meu bom Amigo Dâmaso.
Que se tem passado contigo,aeronave em manutenção ou economizar atendendo à crise (para alguns?!...)? Bom espero que comeces a voar com mais assiduidade para nos trazeres as tuas maravilhosas histórias.