Augusto Ferreira
2ºSargº.Melec/Inst./Av.
Coimbra
Augusto Ferreira
Coimbra
Momentos de Relaxação
Grandes companheiros e amigos, hoje venho aqui falar-vos do dia a dia, dos anos que passámos nas ex-províncias ultramarinas, principalmente aqueles que estiveram naquelas zonas consideradas 100% operacionais, que não foram por vezes fáceis..
Ou se tinha uma constituição psicológica forte, ou por vezes o “fusível” estoirava e não foram poucos aqueles, que fraquejaram em alguns momentos e tiveram mesmo que ser evacuados para recuperação. Muitos com marcas profundas que não conseguiram apagar até hoje.
E´ evidente que a maioria dos “Zés especiais”, procuraram sempre remédio para os seus problemas e maneira de dar a volta por cima, mas nem sempre da melhor maneira.
Houve quem praticasse desporto dentro e fora das bases, se dedicasse à música, enfim um sem número de actividades extra militares.
Estou a enviar-vos uma foto, comigo no quarto em cima da cama com a viola, tendo em fundo em cima da mesa um livro RTP, que nos foi oferecido pelas senhoras do M.N.Feminino, para mantermos os níveis culturais altos.
Foto: Augusto Ferreira (direitos reservados)
Concretamente no nosso AB7 em Tete, atendendo ás altas temperaturas que ali suportávamos, a cerveja era o primeiro “comprimido” a tomar para acalmar as coisas e depois tudo podia acontecer.
O 1º sarg.tº Pedreiras era um homem alto e forte do quadro permanente, responsável pelo nosso bar de sargentos, cuja edificação tinha uma forma circular.
Foto: Augusto Ferreira (direitos reservados)
Acontecia por vezes, naquelas noites mais quentes em 72/74 em plena “Ditadura” cá fora do bar, com as mesas a abarrotar de garrafas de cerveja, grandes sessões de baladas das mais cáusticas, dos nossos consagrados cantores Zéca Afonso, Luís Cecília, Adriano enfim todos os que nos vinham à memória.
Esta situação arrepiava o nosso 1ºSargtº Pedreiras, que era militarista e o fazia desaparecer da zona naqueles momentos, pois a PIDE andava por lá como é sabido.
Nestas noites também nos chegava lá por vezes o cheiro a Suruma queimada, do capim que nos estava mais próximo. Os nossos companheiros amantes do tabaco, fumavam por vezes essa erva como alternativa mais agressiva. Era fácil consegui-la em alguns AM`s, na forma conhecida como “Bananas” de Suruma.
Legenda: "bananas" de suruma
Foto: Augusto Ferreira (direitos reservados)
Estas sessões só terminavam, quando o reportório se esgotava e a sonolência provocada pela cerveja ingerida, nos levava até ao quarto.
Estava feito mais um “reset”.
Em anexo: Uma foto exterior do bar com o nosso “sábio Louco” OCART Antunes.
Uma foto com “bananas” de suruma.
Uma foto comigo no quarto com a respectiva viola.
Um grande abraço para a cabina de pilotagem e para todos os Zés Especiais desta nossa Linha da Frente.
Até breve
Augusto Ferreira
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