terça-feira, 29 de junho de 2010

VOO 1804 O VINHO DE ANANASES...QUERIAS?




Victor Sotero

Sargº.Môr EABT

Damaia


Saúdo o "Comando", a "Linha da Frente" e todos os "Zés" que nos visitam.
Decorriam placidamente os dias no A.B.3.
Após a sessão da tarde, que fazer?
Ou se ficava pelo Clube de Especialistas, se davam aulas ou se ia para os alojamentos e duma maneira geral se punha a escrita em dia.
Por mim, tinha sempre parte do tempo ocupado.
De vez em quando, "visitava" a pecuária da Unidade.
Um dia, "arregalaram-se-me" os olhos ao olhar para alguns ananases maduros!
Claro que para o meu armário foram alguns. Aliás, nunca me faltou fruta no meu "frigorifico".
As "visitas" à pecuária de um modo geral, eram feitas nos fins de tarde ou aos fins de semana, altura em que não se encontravam os trabalhadores por aqueles lados.E se eu fizesse "VINHO DE ANANÁZ?
Como o fazer? Por lá, não havia "tinas", "dornas", "barris" ou quaisquer outros meios que me pudessem ajudar.
Os "barris" eram cortados ao meio para fazer floreiras, tinas para lavagem de roupa e naquele momento não havia nenhum disponível.A ânsia, era grande!
Pensei na Secção de Armamento.
Não me lembro do nome do "Zé" que até estava alojado na minha camarata, que me "surripiasse" três containers que serviam de alojamento aos ROQUETES e que se encontrassem vazios.
Na Secção de subsistências, arranjaram-me dois garrafões de vinte litros que serviam ao transporte de vinho que ia do Continente.
No Abastecimento arranjei uma tábua em madeira de "macacaúba" muito bem aparelhada.
Esta tábua, dava para tapar a boca dos três contentores que ficaram encostados entre a parede da camarata e a minha cama. Servia, pensava eu, também, como mesinha de cabeceira.Instalada a minha "adega" (creio que o Olvidio de Sá se lembra), começo a trazer ananases da pecuária com a ajuda de alguns "Zés" e vai de descascar os ananases, cortá-los aos bocados e amassá-los com um pilão.Ficou uma espécie de "massa" que rapidamente começou a "ferver" e a escorrer para fora dos contentores transmitindo um cheiro muito característico de "azedo".
O plantão da camarata não gostou muito deste meu "invento" e tive que passar para o lado da casa de banho, a minha "adega".Regularmente, as revistas pelo aquartelamento, eram feitas pela Formação.
Eu, fui "agarrado"! O cheiro a "azedo" era muito desagradável e intenso. O plantão teve que dizer que a "adega" era minha.
Não me lembro se foi de manhã ou de tarde!
Sei que me encontrava no meu local de trabalho quando o ordenança da Secção de Pessoal me chama para ir com urgência à Formação.
Mais uma "piçada"!...
Tinha que limpar toda a área onde se encontrava a "adega". Tinha uma hora para o fazer!... Depois, informar a Formação de que tudo tinha sido lavado.Assim fiz e com grande pena minha, nunca provei o "VINHO DE ANANÁS".
Devolvi os garrafões mas pela camarata sempre ficaram os contentores que serviram de caixotes do lixo.
Meu Comandante:
As minhas saudações Aeronáuticas.Saudações também para a "Linha da Frente" e a todos os "ZÉS" que por aqui também se vão "regalando" nas suas visitas à unidade.
Despeço-me com um até breve.
Sotero
Nota.:-O João também ajudou no transporte de ananases