quinta-feira, 1 de julho de 2010

VOO 1806 AS NOSSAS RELÍQUIAS (I)

Companheiros,
Coincidindo com o 58ºAniversário da nossa Força Aérea, damos hoje inicio a um ciclo de publicações sobre historial de alguns tipos de aeronaves que equiparam e equipam a Força Aérea Portuguesa.
Assim começamos pelo primeiro avião a jacto que entrou ao serviço da Força Aérea Portuguesa,na Base Aérea nº2,na Ota em Setembro de 1952.

DE HAVILLAND VAMPIRE


Especificações Técnicas


CREW

1

MOTOR

1 x DH "Goblin D.Gu.2", 13.7kN

PESOS

Descolagem

3890 kg

8576 lb

Peso Vazio

2890 kg

6371 lb

DIMENSÕES

Envergadura

12.2 m

40 ft 0 in

Comprimento

9.4 m

31 ft 10 in

Altura

2.7 m

9 ft 10 in

Wing area

24.7 m2

265.87 sq ft

PERFORMANCE

Máxima Velocidade

869 km/h

540 mph

Range w/max.payload

1175 km

730 miles

ARMAMENTO

4 x 20mm canhões


Tinham como missão preparar os futuros pilotos de novos aviões de reacção que a FAP se propunha comprar.
A sua vida foi relativamente curta devido à pouca utilização que lhe deram e assim terminaram a sua vida entre nós em 1962.

Neste contexto, trouxe a De Havilland a Portugal, e a convite deste, um DH100 Vampire para 4 dias de demonstrações de voo, para avaliar das potencialidades e interesse de vir adquirir o mesmo modelo para a aviação militar, no caso, a Arma de Aeronáutica do Exército.
Desta forma, a 14 de Julho de 1950, um De Havilland Vampire F.B.5, registo RAF VZ831, pilotado por John Derry, parte do aeroporto de Hurn, em Londres, rumo ao aeroporto da Portela, em Lisboa, efectuando um voo directo onde chegou depois de 2 horas e 14 minutos, tendo percorrido uma distância de 1.452 kms, a uma velocidade média de 651 km/h.
A principal demonstração de voo teve lugar apenas no dia 17 de Julho, após o que o aparelho se dirigiu para a Base Aérea de Sintra. A estas demonstração e seguintes, assistiram diversas entidades aeronáuticas civis e militares portuguesas, de onde se destaca a presença de ministros, como o da Guerra, Comunicações, Marinha, e do Interior, bem como diversos Adidos Aeronáuticos, para além de inúmeros militares.
Havia que experimentar a máquina pelos nossos “Gloriosos Pilotos”,como tal ,nos dias seguintes, o "Vampiro" tinha aos comandos pilotos portugueses, da Arma de Aeronáutica do Exército, nomeadamente o Tenentes Hildo Faria de Queiroz, que efectuou um voo de 36 minutos , e o Tenente João Zorro Rangel de Lima, a 18 de Julho.

Como este "Vampiro" era monolugar, a formação foi dada com os pés assentes no chão, mesmo assim os dois pilotos da Aeronáutica Militar puderam experienciar o voo com este aparelho, e sobre o qual teceram os mais escancarados elogios à sua performance. Desde logo se destaca que, a formação de voo para os pilotos portugueses foi dada pelo piloto da marca, e a largada a solo muito simples, pelo que rapidamente os pilotos aprenderam as necessárias diferenças e o puderam experimentar em manobras diversas, desde a descolagem subindo rapidamente aos 12.000 pés, à perda, loopings, "Immelman", "tonneaux", e outras que não descreveram, chegando a acelerar até a Mach 0,72!
Nas palavras do Ten. Rangel de Lima, à Revista do Ar, quando questionado sobre a sua impressão do voo "Vampire", refere que «Um motorista... que toda a sua vida tenha guiado uma D. Elvira velha, sem mudanças sincronizadas, cheia de ruídos e em seguida, pegue num moderno automóvel de luxo, sente a mesma sensação que eu senti quando comecei a ganhar altura no "Vampire".»
Na manhã do dia 19 de Julho, John Derry volta a fazer uma demonstração de voo, terminando com isso os quatro dias passados em Portugal, e na tarde desse mesmo dia, realiza o voo de partida,ou seja, Lisboa à base da De Havilland em Hatfield, percorrendo uma distância de 1600 kms, a uma velocidade média de 717 km/h, tendo atingido a costa inglesa após 1H57M de voo.
As conhecidas alterações à estrutura das Forças Armadas, nomeadamente com a criação em 1952 da Força Aérea Portuguesa, que aglutinou e fez extinguir os ramos de aeronáutica da Marinha e Exército, tomaram um rumo diferente no que concerne á aquisição de aparelhos a jacto, pendendo a opção de então por um aparelho norte-americano, o Republic F-84 Thunderchief. Ainda que, como se sabe, tenham sido adquiridos em 1952 dois DH115 Vampire T.55, para a conversão de pilotos, que não tiveram grande uso.