Victor Sotero
Sargº.Mor EABT
Damaia
Meu "Comandante"
As minhas saudações ao "Comando", à "Linha da Frente" e a todos os "Zés" que por aqui nos vão visitando.
Foios, uma aldeia raiana do Concelho do Sabugal.
Localiza-se a 950 metros de altitude no limite com a Espanha.
É nesta freguesia que nasce o rio Côa.Hoje, as principais actividades económicas são a agricultura, o comércio, a pastorícia, a fruticultura, a produção de castanhas e a transformação de carnes.
Foios é geminada com a vizinha povoação de Eljas.
A nível de artesanato, realçam os bordados e os forcões.
A gastronomia é baseada nas trutas do rio Côa, no cabrito na brasa, no javali, nos enchidos, no queijo da Malcata e no presunto raiano.
Foios, foi terra de contrabando e daqui emigraram com destino a França muitas pessoas, principalmente nos anos sessenta.
O sustento das famílias era difícil e nem os mais novos tinham trabalho para ajudar.
José Manuel Nunes Campos é filho desta terra.Na sua juventude, por alturas de 1964, combina com outros jovens, alguns adultos e partem a "salto" rumo ao desconhecido.
Atravessam rios, sobem montes, caminham por vales. Uma camioneta préviamente combinada com os "passadores" carregada de porcos transporta-os a lugar mais seguro.
Escondem-se por vezes para depois continuar rumo a um futuro mais próspero, a França.
Por lá se vai mantendo o Campos até que, movido pela saudade, regressa a Portugal.
Oferece-se como voluntário para servir a Força Aérea.
Terminada a recruta inicia depois o curso de especialista de Abastecimento.
É nomeado para Angola e colocado no RCP21, em Luanda.Meses mais tarde, durante o ano de 1968, é transferido para o Aeródromo Base nº3-Negage e colocado a meu lado no Registo.
É aqui que conheço este amigo, um rapaz calmo, amigo da brincadeira mas sempre com uma chamada de atenção. Cuidado!
Tinha uma maneira inimitável de se rir com uma grande gargalhada.
Depois das minhas noitadas quando regressava à camarata, muitas vezes fazia rolar pedras pelo telhado de zinco ondulado da camarata.
O Campos não gostava mas a mim dava-me muito gozo!
Terminada a minha comissão, o "Zé" Campos ainda ficou e só nos voltamos a encontrar na nossa casa mãe, Ota, em Maio de 1970, no curso de Formação de Sargentos, onde também, para alem de outros "Zés" se encontrava e se destacava pelo estudo, o nosso amigo Jorge Mendes.
Com o curso terminado, cada um para seu lado.
Por mais que queira, não consigo lembrar-me onde o nosso "Zé" foi colocado. Lembro-me sim, que o nosso "Zé" Patrício, foi colocado na Base Aérea nº5, em Monte Real e mais tarde nomeado para a terceira Região Aérea, onde ficou colocado na Base Aérea nº10, na Beira.
Eu, regressei ao GDACI em Monsanto e logo transferido para o DGMFA, em Alverca.
Apesar da nossa amizade, nunca mais voltei a ter o contacto do nosso "Zé" Campos.
Sabia que tinha passado à disponibilidade como 2º Sargento e que a terra que o viu nascer, esperava por ele.
Em 1976 vi-o numa reportagem da RTP. Conduzia um tractor e usava uma boina preta, à espanhola. O Campos, era o principal dinamizador da sua terra.
Ao longo dos anos, sempre me lembrei da sua imagem. Perguntava por ele a quem o conhecia e mandava-lhe cumprimentos.
Um dia, escrevo o nome no Google e aparece-me o agora candidato a autarca, o Campos. Fazia campanha através de um vídeo.
Até que... no almoço da nossa "linha da frente" um "Zé", que não me lembro quem foi, aproximou-se de mim e perguntou:
-Você é o Sotero? Lembra-se do Campos?
Claro que sim, lembro-me bem dele.
-Olhe, é um assíduo "espreita" da nossa base e gosta muito do que escreve para lá.
-Eh, pá, dê-me o número de telefone que logo à noite já lhe ligo. Obrigadíssimo!
Cheguei a casa e liguei-lhe mas o telefone não foi atendido no imediato, pelo que no gravador ficou a minha mensagem, mas não identificada.
Pouco tempo passou. O Campos gostou da minha voz e ligou-me.
E falámos bastante. Uma alegria imensa para os dois.
Hoje, trocamos mails quase todos os dias.
O Campos, na sua terra, foi durante muitos anos professor de História, agora aposentado, mas sempre ligado à sua aldeia.
É autarca, Presidente da Junta de Freguesia de Foios, onde se encontra à cerca de 40 anos.
O povo adora o Sr. Presidente José Manuel pelo que tem feito pela sua terra apesar de todas as contrariedades que por vezes aparecem.
Campos: "É preciso gostar-se muito de quem gosta de nós".
Por mim, Obrigado pelos momentos agradáveis que vivemos na nossa juventude.
Despeço-me do "Comando", da "Linha da Frente" e de todos os "Zés" como sempre, com um até breve.
Sotero