domingo, 11 de setembro de 2011

Voo 2490 O REGRESSO À OTA.




Victor Sotero
SargºMôr EABT
Lisboa



Montijo, 03 de Setembro de 2011-09-06
Chegados à porta de armas, onde nos aguardava o representante do Comando, logo muitas fotos junto ao FIAT que nos fica à direita da entrada da Base Aérea nº 6.

Legenda: Os habituais cumprimentos de que se não à anos.O Com.Victor Barata,cumprimenta o "Menino",sobre o olhar do Simão Amaro.

Legenda: Os nossos dois pilotos,Moutinhos(Fernando á esqª e o Gil á dirª)cumprimenta-se na presença do Arnaldo Sousa e o Miguel Pessoa,á esqªe dtrª,respectivamente.


É aqui que a “Linha da Frente” presta a sua homenagem aos que já não se encontram entre nós. Um minuto de silêncio.
Uma enorme caravana de viaturas e uma respeitável Solex dos anos sessenta encaminha-se para junto do Comando acompanhadas pelo Ten. Cor. Pilav. Pinto.
Mais umas fotos e de seguida a sala de briefings da esquadra dos helicópteros Merlin.
Legenda: Os nossos tertulianos Severino Quintas e Fabricio Marcelino,no hangar dos Merlin EH.101,junto a um exemplar.

Grande surpresa nos esperava!...
Do “Comando” da B.A.12, slides dos nossos “Zés” bem como pequenos “retalhos” de filmes do teatro de operações da Guiné, que mereceu palmas de todos os presentes na sala.
Logo após, uma visita à nova máquina, ao Merlin que nos esperava
com a sua rampa “aberta”.
Fotos, muitas fotos e por fim o almoço.
Agora, com a companhia da Ten. Cor. Diná, a Comandante de Esquadra dos C-295 M.Para “marcar” este encontro de “veteranos” a nossa B.A.12 ofereceu um quadro a óleo do C-295 M, em voo, à Esquadra e ao Comando da Base Aérea nº 6, através do seu representante, outro belo quadro “marcando” a própria base com as suas pistas.Vieram os discursos.O “nosso Comandante”, “borregou”.

Legenda: Momento de grande emoção,quando o nosso Com.Victor Barata pretendia iniciar o seu discurso de agradecimento aos presentes no lugar das palavras surgiam...lágrimas!

Meu Deus, que grande emoção!...
Na sala, fez-se silêncio para o ouvir falar. Por mais que tentasse, as palavras não saiam e viu-se claramente que algumas lágrimas quiseram livremente escorrer pelas suas faces.Foi, de certeza, um momento muito difícil.

Legenda: O nosso companheiro Costa Ramos ao ser recebido dentro de C-295 pela Ten.Cor.Pilav.Diná Aguiar e o Of.Dia.
Pouco depois, começamos a sair da sala. O nosso destino era agora a Esquadra dos C-295 M.Por gentileza, a Ten. Cor. Diná já nos esperava tendo-nos oferecido mais uns cafés e umas “rolhinhas” de whisky.Visita a esta nova máquina que também já nos esperava de portas abertas.
No interior, a Ten. Cor. Diná, sempre amável, dava-nos pormenores da aeronave.
Fotos, mais fotos...Alguns “Zés”, tal como eu, tiraram fotos “pilotando nada”, desta aeronave.Tão tarde!... São já 18h15m.Cascais, Castelo Branco. Vamos começar as nossas despedidas. A nossa máquina espera-nos para nos levar até à Ota.- Comenta-se em murmúrio mais esta “excentricidade”.O motor já trabalha fazendo com que o nosso Auster nos faça sentir a trepidação a que estamos habituados.Auscultadores nos ouvidos e...Abram alas!...Abram alas!...Os da “Linha da Frente” agitam-se num movimento de curiosidade irreprimível.Motor nas cerca de 1.000 R.P.M. e no meio de um barulho ensurdecedor avançamos para a pista.O nosso controlador diz-nos que o tempo está bom e que a autorização para descolar está dada.Avancei com a pequena manete até nos fixar-mos nas 2.500 R.P.M. e aliviei os pés dos travões. Ziguezagueamos durante breves instantes e de súbito, como que tocados por alguma varinha mágica, a nossa máquina eleva-se do solo enquanto os da “Linha da Frente” exultavam.-Ah...Cascais!... Imagina o pai da aviação, o Santos Dumont a visitar as aeronaves que nos foram dadas a conhecer!Estabilizados em altura, virei-me para trás e perguntei ao Castelo Branco:-Conheces a Real Fábrica do Gelo que entre 1741 e 1889 fornecia gêlo a Lisboa?- Onde é isso?- Cascais, vamos “apontar” às cúpulas dos radares de Montejunto.Estamos a passar por cima do D.G.M.F.A. e notamos as silhuetas no parque da sucata dos velhos Skymasters, dos Nords e dos A-7.Faço abanar momentaneamente as asas do “nosso” Auster numa saudação àquelas velhas “máquinas voadoras” e dou logo comigo a lembrar-me do Fernando Moutinho, aquele piloto que tantas máquinas pilotou e tantos milhares de horas voou.Nova correcção no rumo da bússola e ao longe já se avista Montejunto.Há farrapos de nuvens por cima das cúpulas dos radares que fazem parte da Defesa Aérea de Portugal cujo Centro de Operações é em Monsanto.Sobrevoamos a Esquadra e mesmo ao lado avistam-se os tanques em granito onde a água se congelava e mais tarde era transportada em forma de gelo para Lisboa.São muitos os castanheiros que abundam por estes lados. Até mesmo dentro da própria Esquadra.( Antiga Esquadra 11).De súbito, a perda de luminosidade que nos invade, faz-me pestanejar por instantes.Quase instintivamente rumo na direcção da OTA.Lá longe, começa a avistar-se a estrada de alcatrão da Ota, a pista.Tentamos a comunicação com a torre de controle, mas nada. “rapei” mesmo junto à torre abanando as asas na esperança de ver sair algum verylight de cor branca, mas não. Fiz meia volta e aterramos.Ninguem para nos receber!Quarenta anos atrás e qualquer ruído dum motor de avião obrigava os “Zés” a levantar os olhos para o CÉU!Já em terra, conversámos os três.Este dia 3 de Setembro de 2011 foi dos dias mais felizes de nossas vidas.-Até para o ano,grande amigo Armando Cascais....e tú, Fernando Castelo Branco:- Vai “aparecendo” cá pela Base Aérea nº12.
Sotero