sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Voo 2493 ENCONTRO DA FAMÍLIA PA.




António Loureiro
Fur.Mil.PA
Figueira da Foz





Dá-me licença senhor Comandante

MAIS UM MOMENTO DE COMBIBIO!

Pois é grandes camaradas, no próximo dia 22 de Outubro a ANPA (Associação Nacional de Polícia Aérea) vai realizar o seu almoço anual naquela que foi a Base-Mãe da PA e naquele tempo, a Base de Instrução de Helicópteros, ou seja a BA 3.

Legenda:Porta de Armas da Base Aérea,nº 3,em Tancos.

Foto: Policia Aérea (por cortesia)

Muitos dos tertulianos desta Base, tiveram o grato prazer de por ali gastarem um pouco do rasto das suas botas e praticarem com regularidade o levantamento do peso no Clube dos Zés, à direita de quem entrava.
Ali também derreti das poucas gorduras que tinha à época (65Kg) comparado com os 87 que tenho hoje, enfim, diferença pouca.
Tenho ouvido algumas coisas desagradáveis sobre o abandona a que tal património tem sido alvo desde que foi entregue ao Exército e como tal, se o meu ácido úrico não me aplicar mais uma das suas partidas, lá estarei para prestar a minha derradeira homenagem aquela que também foi a minha casa.
Pois é, andava eu no CSM quando fomos, a pé, pois claro, ver o Festival da Canção à Praia do Ribatejo.
O pequeno café estava à pinha, civis, paraquedistas e pessoal da base.
A determinada altura, de propósito ou sem querer, não sei, um paraquedista passou a mão pelo traseiro de uma rapariga, boa e bonita por acaso, que trabalhava na dobragem dos paraquedas no RCP (Regimento de Caçadores Paraquedistas) e ela não esteve com mais aquelas, mandou-lhe uma tremenda e estridente lamparina na tromba.
Nunca vi nada assim, o paraquedista mandou-lhe um selo que a arrancou da cadeira e a fez cair por terra toda descomposta de pernas para o ar.
Foi o fim do mundo, os civis reagiram com violência e foi uma cena de pancadaria à moda do faroeste, tudo o que mexia levava, eram os azuis contra o resto do mundo e o café ficou arrasado.
Quando chegou a PA e a PU à moda dos páras, cada um safou-se como podia e eu antes de me pirar, ainda consegui apanhar do chão algumas boinas.
Os páras ficaram lixados porque não podiam entrar sem boina. Mas também se desenrascaram com o apoio solidário de outros seus camaradas.
Ao outro dia, formatura geral para passar revista às tropas e a donzela, com a frontaria danificada, lá foi identificando os autores do desacato.
Claro está, porradas e ter que pagar todos os prejuízos ao dono do café.
Como não foi apresentada queixa na Base, nada aconteceu.
Logo que pude, fui ao RCP entregar as boinas a um amigo que estava na CR (cães) e ele fez o resto do trabalho.
Naquele tempo era assim, havia mística, havia solidariedade, havia qualquer coisa de diferente, agora, infelizmente, são quase todos doutores e etc e tal, a tropa não passa de um mero emprego para um contrato e andam depois a mendigar a prorrogação do mesmo, entram e saem do quartel à civil, a maioria dos civis ignora-os completamente e por vezes até os tratam mal.
No outro tempo era diferente, éramos respeitados, tínhamos orgulho na farda que vestíamos e ficávamos vaidosos quando ouvíamos dizer aos mais velhos aos borrachinhos: vai ali um rapaz da aviação, vai ali um paraquedista, éramos realmente, poucos mas bons.
Podem dizer que é saudosismo porque realmente é verdade, fiquei marcado positivamente por aquele tempo, foi uma escolinha de bons princípios.

Tudo muda camaradas
Um abraço PA

António Loureiro