Victor Sotero
SargºMôr EABT
Lisboa
SargºMôr EABT
Lisboa
Meu Comandante
Saúdo
o “Comando”, a “Linha da Frente” e todos os “Zés” que por aqui nos vão
espreitando.
Apesar de tudo, roía-me por dentro, ainda o facto de ter acabado com as aulas regimentais.
Trabalhava na Esquadrilha de Abastecimento até cerca das 17h00. Passava pelo Clube e normalmente bebia uma cerveja “Nocal” e comia uma sandes ou simplesmente, tomava um café.
Aprendia com o meu sócio a maneira como se curtiam peles.
Aprendia ainda a maneira mais fácil de tirar os ossos dos “crâneos” das corsas e a limpar a carne que os envolvia para depois serem injectadas com formol e ficarem embalsamadas para resistirem no tempo.
Apesar de tudo, roía-me por dentro, ainda o facto de ter acabado com as aulas regimentais.
Trabalhava na Esquadrilha de Abastecimento até cerca das 17h00. Passava pelo Clube e normalmente bebia uma cerveja “Nocal” e comia uma sandes ou simplesmente, tomava um café.
Aprendia com o meu sócio a maneira como se curtiam peles.
Aprendia ainda a maneira mais fácil de tirar os ossos dos “crâneos” das corsas e a limpar a carne que os envolvia para depois serem injectadas com formol e ficarem embalsamadas para resistirem no tempo.
Legenda: Um veado em plena mata.
Legenda: Clube de
Sargentos
Foto:António
Dâmaso (direitos reservados)
No pescoço, junto à cabeça,
colocava-se uma garrafa de vidro que se pendurava numa arrecadação junto da
Esquadrilha de Abastecimento. Ficavam assim durante alguns dias até ficarem bem
secas e o cheiro a formol ter desaparecido.
Na carpintaria, mandavam-se fazer bases em madeira para serem colocadas as cabeças, agora já com olhos de vidro que tinham sido enviados do Continente.
Cada cabeça era então vendida por cem escudos.
As patas, devidamente envernizadas e colocadas em bases de madeira, serviam de cabides.
Faziam-se cabides com o número de patas, de acordo com as “encomendas”. Cada patinha, era vendida por sete escudos e cinquenta centavos.
As peles, eram curtidas em celhas feitas de barris de vinho. Curtidas, recortadas e bem limpas eram depois vendidas a quarenta escudos.
Havia “encomendas” para as cabeças, para os cabides feitos das unhas e para as peles.
Na base, Sargentos e oficiais que viviam com as famílias na cidade, eram de vez em quando “bafejados” com carne de corsa. A restante, era vendida a doze escudos e cinquenta centavos na Sanzala desaparecendo rapidamente.
Até um dia o “nosso” Comandante levou com duas pernas para assar no forno.
Sem darem por isso, nós íamos “comprando” algumas pessoas colocadas em serviços que no futuro nos iriam facultar a vida.
Porque se sabia existir muita caça em redor da Base, então, havia que caçar mais!...
Na carpintaria, mandavam-se fazer bases em madeira para serem colocadas as cabeças, agora já com olhos de vidro que tinham sido enviados do Continente.
Cada cabeça era então vendida por cem escudos.
As patas, devidamente envernizadas e colocadas em bases de madeira, serviam de cabides.
Faziam-se cabides com o número de patas, de acordo com as “encomendas”. Cada patinha, era vendida por sete escudos e cinquenta centavos.
As peles, eram curtidas em celhas feitas de barris de vinho. Curtidas, recortadas e bem limpas eram depois vendidas a quarenta escudos.
Havia “encomendas” para as cabeças, para os cabides feitos das unhas e para as peles.
Na base, Sargentos e oficiais que viviam com as famílias na cidade, eram de vez em quando “bafejados” com carne de corsa. A restante, era vendida a doze escudos e cinquenta centavos na Sanzala desaparecendo rapidamente.
Até um dia o “nosso” Comandante levou com duas pernas para assar no forno.
Sem darem por isso, nós íamos “comprando” algumas pessoas colocadas em serviços que no futuro nos iriam facultar a vida.
Porque se sabia existir muita caça em redor da Base, então, havia que caçar mais!...
Despeço-me do “Comando”, da “Linha da
Frente” e de todos os “Zés” que nos vão fazendo companhia com um até breve,
porque a caça não acaba aqui.
Sotero