quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Voo 2492 QUADRO IMAGINÁRIO.







Victor Sotero
Sargº.Môr EABT
Lisboa





Meu Comandante:
Partindo de um “quadro” imaginário, devo dizer que todos os voluntários da Força Aérea, aqui em “retrato” pertencem à mesma recruta de um ano já bastante longe.
Homens, embora, são rapazes com idades de dezoito, dezanove, vinte anos.
Oferecem-se como voluntários para servir a Força Aérea por quatro ou seis anos.
Sabem que terão uma recruta que não será fácil. Quase três meses!
Após a recruta, cinco dias de férias e regressam à B.A.2, uma escola de muita aprendizagem e muito valor para a vida civil.
Na parada, esperam a chamada e começam a “saber” a especialidade que a cada um “calhará”
São agora Soldados alunos.
Organizam-se as turmas: Abastecimento, Armamento, Material Aéreo, Material Terrestre, alguns para Circulação Aérea.
Do outro lado da parada, as listas de cada especialidade para Paço de Arcos: Mecânicos de Rádio, Radar, Electricistas.
- O Vidrinhos e o Marmelo vão para a EMELm, outra grande escola repartida com militares do Exército.
Bem formadas e com o chefe de turma dando ordens, as turmas encaminham-se agora para o GITE.
Recebem livros e mais livros de acordo com as especialidades. Vão ter pela frente um ano escolar dividido por duas fases. A luta para os primeiros lugares está lançada. Diz-se que os mais bem classificados podem escolher a colocação no Ultramar.
Os alunos, de acordo com a escala de serviço elaborada na Formação, fazem ainda “reforços” à base.
Aproxima-se o final dos cursos. Fazem-se os últimos exames.
Amanhã os “nossos” Soldados Alunos são Cabos Especialistas e vão esperar as colocações. Sabem que todos ou quase todos irão ser colocados em Angola, Moçambique ou Guiné.
A Força Aérea está atenta e convida os nossos ”ZÉS” para uma visita ao Museu do Ar em Sintra.
Chegam de autocarro, em carros particulares e até de Táxi.
Quer que conheçam as “máquinas” onde terão que aplicar os conhecimentos adquiridos.

O T-6, o DO-27, o Auster, O BC, o Nordatlas, ainda o PV2, o Fiat, o Helicóptero, o Dacota, são aviões espalhados pelos teatros de guerra.
Ao fundo, num murmúrio, ouve-se o Aleixo:-Gostava mesmo de trabalhar numa máquina destas.
O Barata, também se fazia ouvir:-Tenho que fazer os possíveis para trabalhar na “Linha da Frente” dos DO-27.
Todos irradiam felicidade! Pela primeira vez estão “saboreando” tão belas máquinas.
Imaginam-se já em África, fazem-se planos!...
Caminha-se agora para o Palácio do Marquês que foi o de Pombal. Estão dentro daquela que foi a primeira Base Aérea inaugurada em 1927. Espera-os o almoço.
Armado em repórter, fui passando pelas mesas onde fiz duas perguntas a alguns “ZÉS”que me pareceram pertinentes.
A primeira foi:
-Qual a ocupação que tinhas quando te ofereceste para a Força Aérea?
Dois, disseram que trabalhavam com os pais.
Um, disse que era desenhador.
Um, disse que trabalhava numa oficina de automóveis.
Dois, disseram que trabalhavam num escritório.
Três, disseram que eram estudantes.
Um, disse que trabalhava numa tipografia.
A segunda foi:
Já pensaste no que vais fazer quando acabares o serviço militar?
Três, disseram que iam tentar trabalhar em Aeródromos Civis.
Dois, disseram que iriam continuar os estudos para se formarem engenheiros.
Um, disse que ainda não tinha pensado.
Um, disse que ia tentar ficar ligado à Força Aérea.
Dois, disseram que iriam continuar a trabalhar no escritório.
Um, disse que ia trabalhar por conta própria.
Despedimo-nos dos que partiam para as suas terras.
Os das redondezas, pelas 19H00, ainda caminhavam nos arredores da base.
Do “Comando”, da “Linha da Frente” e de todos os “Zés”, despeço-me com um até breve.
Sotero
 Nota - Só para o ano é que vamos saber qual foi o emprego que cada um teve quando terminou o Serviço Militar.

VB: Bom Dia Victor.
Chamas-lhe um quadro imaginário, mas muito realístico!
Na verdade é que se passou com a nossa ida e vida na FAP.


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