domingo, 14 de abril de 2013

Voo 2746 O APEADO.







Paulo Castro
Esp.OMET
V.N.Gaia





Permita-me meu caro Comandante
Penso que a admissão de novos elementos nesta unidade deveria obedecer a alguns princípios. Sobretudo se esses novos admitidos tiverem tido iniciativas que prejudicaram ou foram passíveis de prejudicar outros camaradas.
Passo a explicar.
Entrou como novo membro desta unidade o Cabo MMA Rui Custódio.
Conforme ele próprio relata a 6 de Junho de 1976 teve de se apear aqui bem junto a mim, em Lavadores, mais exactamente. Como ele próprio continua a confirmar esteve internado no Hospital Militar do Porto (HMP) dois meses.



Acontece que o Rui, sendo da Base Aérea Nº 6 (Montijo) era um “habitué” nos destacamentos que o Alouette III fazia na então Base Aérea Nº 7 (São Jacinto).
Naquele fatídico dia 6 de Junho de 1976 todos ficamos em pânico aguardando notícias sobre o acidente do qual tivemos conhecimento imediato, menos do tipo de ferimento ou mesmo morte de cada um dos embarcados.
Saudamos efusivamente a vida do Rui, apesar de sabermos que o seu estado merecia cuidados preocupantes. Dele e do Brigadeiro Pires veloso de quem sou amigo pessoal, diga-se.
Ora acontece que era obrigação dos camaradas, tão breve quanto possível, visitar o Rui.
Optamos pela hora menos conveniente. A noite.
E à noite não havia visitas no HMP. E aquilo tinha guarda, tinha oficial de dia e nós não sabíamos. Mas importava visitar o Rui. E visitamos!
Fomos cerca de vinte em quatro carros de São Jacinto à Avenida da Boavista no Porto depois de termos feito o “briefing” entre a bica e o bagaço do jantar no Clube de Especialistas.
Chegados ao Porto não nos deixaram entrar. Bem… por aquela porta.
Plano B. Passagem a grupos menores e entra e sai rapidamente pela porta do oficial de dia de pois de uma abraço forte ao Rui e aquelas palavras de ânimo que só a amizade sabe descodificar.
Deram por nós, apanharam uns tantos, quiseram-nos identificar, quiseram-nos castigar e que a nossa vida estava feito num “oito”. Que iam comunicar à Base… etc…
Regressamos algo acagaçados, mas de consciência tranquila.
Todos aguardamos pela alvorada para enfrentarmos a “porrada”.
Ela, até hoje, não veio e a nossa missão fora cumprida.
De onde, meu caro Rui, quase que me tinhas feito a vida num “oito”, mas não.
De onde sejas bem-vindo e um grande abraço.
Paulo Castro

Sem comentários:

Enviar um comentário