domingo, 16 de junho de 2013

Voo 2822 A MINHA PRIMEIRA ATERRAGEM NESTA UNIDADE.




Luís Correia
Esp.OPC
V.N.Gaia







No inicio do ano de 1970 fui nomeado para a 2ª Região Aérea, Angola,
já com três anos de tropa cumpridos. Prestava serviço na Esquadra 11,
Montejunto e, não posso precisar se em Março ou Abril desse ano recebi
ordens para trocar a farda cinzenta pela Azul. Até aí tudo bem. Como
sou um individuo de baixa estatura, pedi ao Tenente Diniz, mais
conhecido em Montejunto por MY FRIEND que me desse uma farda para a
minha medida.

O Tenente Diniz olhou para mim e ao mesmo tempo disse ao
Cabo dos fardamentos para me dar uma farda de um número qualquer que
eu depois mandaria arranjar. Quando peguei na farda olhei para o
número e reparei que me tinham dado um dos maiores tamanhos que
tinham. Virei-me para o referido Tenente dizendo que iria usar aquela
farda tal qual ela estava e que a não mandaria arranjar, pois além de
não ter dinheiro para isso, sabia que eles tinham fardas para o meu
número. 
Disse-lhe também que iria para a rua assim mesmo. Escusado
será dizer que o gancho das calças me ficava pelos joelhos e nas
outras peças cabiam mais três como eu. Fui para a camarata, vesti as
calças arregaçando as pernas e assim fiz também com a camisa e com o
blusão. MAIS PARECIA UM PALHAÇO. A seguir meti-me no autocarro que
lavava toda a gente, Oficiais, Sargentos e Praças para as instalações
técnicas. Toda a gente a olhar para mim e a rir, mas às gargalhadas.
Eu não me desmanchei fazendo o meu papel. Os meus colegas só me diziam
que eu iria levar uma valente porrada. Quando chegamos às ditas
instalações o Tenente meu chefe veio ter comigo a perguntar se eu
estava a brincar com a tropa. Disse-lhe o que tinha acontecido, que
não mandaria arranjar a farda, que iria assim para a rua e para o
Ultramar. No fim do dia, quando regressamos ao quartel o Comandante
mandou-me chamar e perguntou-me se eu estava bem da cabeça.
Respondi-lhe que se alguém não estava bem da cabeça não seria eu mas
sim o Tenente Diniz que depois de eu lhe pedir uma farda para o meu
corpo me deu umas das maiores que lá tinha. Disse-lhe também que,
particularmente soube que havia muitas fardas para o meu corpo. O
Comandante chamou o cabo dos fardamentos perguntando se havia fardas
para mim e ele disse-lhe que sim. A partir daí o Tenente Diniz deve
ter passado um mau bocado e quando passava por mim só dia " ANDA MEU
PUTO REGUILA QUE EU LOGO QUE POSSA VOU DAR-TE UMA PORRADA" Como eu
andava desorientado por ter sido mobilizado respondia-lhe "MEU TENENTE
SE QUER DAR-ME UMA PORRADA NÃO SE DISTRAIA MUITO PORQUE EM BREVE VOU
PARA ANGOLA". Em Maio desse ano embarquei para Angola e assim acaba
esta VERÍDICA HISTÓRIA.
Esta é uma das muitos histórias que tiveram lugar durante os longos 6
anos passados na FAP. Tenho outras, se calhar mais interessantes mas
esta foi a que mais me marcou.

Um Abraço

Luís Correia

VB: Sejas bem-vindo a esta unidade, Companheiro!
Em nome de todo o Comando e respectivo  efectivo, quero anunciar-te que é com uma amizade ESPECIAL que te recebemos nesta tua primeira aterragem. Fazemos votos para muitas mais faças,por nós estaremos sempre de placa de braços abertos para te receber.

1 comentário:

  1. Companheiro e Amigo fico contente por pertenceres a esta " unidade ". De certo que as tuas expetativas não sairão defraudadas - A Amizade o companheirismo e a salutar vivência é o quotidiano dos seus componentes. Um abraço de V.N. de Gaia

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