sábado, 5 de abril de 2014

Voo 3105 O PAPEL DA MULHER NA GUERRA





Miguel Pessoa
Cor.Pilav.
Lisboa





Integrada nas “Tertúlias dos Combatentes” organizadas pelo Jornal de Leiria e Livraria Arquivo, com o apoio do núcleo de Leiria da Liga dos Combatentes, realizou-se no passado dia 28 de Março em Leiria, nas instalações da Livraria Arquivo, mais uma sessão, esta sobre “O papel da Mulher na Guerra - Intervenção directa em zonas de combate. Apoio psicológico a partir da metrópole”.


 A data, coincidente com o 35º encontro da Tabanca do Centro, em Monte Real, permitiu a presença de alguns camarigos que ali se deslocaram após o convívio. Lembramos os que estiveram presentes: As camarigas  Maria Arminda Santos e Giselda Pessoa, convidadas pela organização para participar na tertúlia, que foram escoltadas  até ao local pelo Miguel Pessoa, José Seara, Carlos Oliveira, Vitor Caseiro e esposa Celeste, Agostinho Gaspar e família, Carlos Santos e esposa, António Pimentel, Silvério Lobo e esposa Linda e o “júnior” Paulo Moreno, a quem se reuniram entretanto o António Nobre e o Amado Chefe Joaquim Mexia Alves e esposa Catarina (esperamos não ter esquecido ninguém…).


Moderava a sessão o também nosso camarigo Mário Ley Garcia, sendo convidada – além das duas camaradas já mencionadas – a Drª Anabela Vinagre.
Começou esta por fazer referência às diferentes mulheres que na rectaguarda apoiaram o esforço dos combatentes em África.
Uma primeira referência ao incontornável Movimento Nacional Feminino e a sua Presidente de sempre, Cecília Supico Pinto, por muitos criticados pelo seu apoio à ideologia colonial do Estado Novo.
Sob a sua orientação esta instituição congregou muitas mulheres portuguesas no auxílio moral e material aos soldados, à distância ou em visitas feitas aos locais em que estavam estacionados, e o esforço feito para proporcionar aos combatentes a satisfação de algumas necessidades básicas. Papel importante teve igualmente o MNF junto das famílias dos militares na metrópole, tentando minorar o sofrimento da separação dos seus entes queridos.


Deve-se-lhe o lançamento dos aerogramas, fornecidos aos militares e processados gratuitamente, que acabaram por ser o meio mais utilizado pelos combatentes para se corresponderem com os seus familiares e amigos (terão sido produzidos cerca de 300 milhões de aerogramas).
Para minorar as condições difíceis dos nossos soldados, o MNF organizou  visitas e actuação de artistas aos teatros de operações, bem como o envio de lembranças, livros, discos, isqueiros, tabaco, etc.


As  madrinhas de guerra foram outra iniciativa do MNF, que promoveu a troca de correspondência entre os soldados e jovens que à distância os acompanharam e lhes deram alento para sobreviverem. Muitas amizades se criaram, tendo alguns relacionamentos terminado mesmo em casamento.
 Este apoio aos combatentes manteve-se durante os treze  anos que durou o conflito em África e terminou com a dissolução do Movimento Nacional Feminino por decreto da Junta de Salvação Nacional, já após o 25 de Abril.
 Muitas voluntárias passaram igualmente pela Cruz Vermelha, no seu apoio aos militares feridos, o que permitiu amenizar as condições penosas em que estes recuperavam dos seus ferimentos, muitas vezes estropiados, afastados das famílias, largados em ambientes estranhos.


Seguiram-se as intervenções das nossas duas camarigas. A Maria Arminda começou por realçar o papel fundamental de Isabel Rilvas, pioneira em Portugal como piloto e paraquedista civil, que idealizou e realizou o seu sonho de ver criado um corpo de enfermeiras paraquedistas dentro das Forças Armadas, seguindo ideias já praticadas noutros países, nomeadamente a França, na sequência dos seus conflitos na Argélia e na Indochina.
 É assim que com o apoio do Secretário de Estado de Aeronáutica, Kaúlza de Arriaga, surge em 1961 o primeiro de 9 cursos que hão-de efectuar-se até 1974, envolvendo quase 50 enfermeiras paraquedistas.


Num tempo limitado para a exposição, naturalmente não houve oportunidade para se falar em grande pormenor da actividade desenvolvida pelas enfermeiras paraquedistas, que incluiu a sua acção nas três frentes de combate – Angola, Moçambique e Guiné – com passagens pela Índia, Timor e Açores.


A Maria Arminda e a Giselda deram aos presentes exemplos das actividades em que estiveram envolvidas, por vezes mencionando os riscos corridos, mas ressalvando sempre a satisfação pelo trabalho que desenvolveram e a apreciação que muitos combatentes ainda hoje lhes manifestam pessoalmente.
 No período de perguntas e respostas participaram alguns dos camarigos da TC, nomeadamente o Carlos Oliveira, Vitor Caseiro e Joaquim Mexia Alves. Em suma, uma sessão interessante que congregou bastantes presenças (sala cheia), com a assistência de diversas senhoras, o que não tinha sido habitual em sessões anteriores.
MP

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