Francisco Serrano
Esp.MMA
Lisboa
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Para todos e em especial os meus irmãos e camaradas de armas, aqui ficam algumas memórias de um mecânico de Helicópteros no planalto dos Macondes em 71/72 Moçambique Muéda.
Cheguei a Muéda
Num dia cinzento
Um pouco assustado
Pois já em Nampula
Do que ia encontrar
Eu fui avisado
Num dia cinzento
Um pouco assustado
Pois já em Nampula
Do que ia encontrar
Eu fui avisado
Ía para a terra
Onde se vivia
No fio da navalha
Era a lei da guerra
Marcada com sangue
Com fogo e metralha
Onde se vivia
No fio da navalha
Era a lei da guerra
Marcada com sangue
Com fogo e metralha
Tinha uma placa
Que a todos dizia
Como era a vida naquele lugar
Manter sangue frio
E alguma coragem
Sempre vigilantes não desanimar
Que a todos dizia
Como era a vida naquele lugar
Manter sangue frio
E alguma coragem
Sempre vigilantes não desanimar
MUÉDA TERRA DA GUERRA, AQUI TRABALHASE
LUTASE E MORRESE
Os dias passavam
Num labor constante
E alerta total
Mas com confiança
Em todo o À.M.
E no seu pessoal
Num labor constante
E alerta total
Mas com confiança
Em todo o À.M.
E no seu pessoal
Naquela placa
Ali se cruzavam
Homens e aviões
Fazendo preparos
Pra que nada falhe
Nas suas missões
Ali se cruzavam
Homens e aviões
Fazendo preparos
Pra que nada falhe
Nas suas missões
Sem poupar esforços
Pra salvar alguém
Em qualquer local
Fosse na picada
Em pleno mato
Nangade ou Ságal
Pra salvar alguém
Em qualquer local
Fosse na picada
Em pleno mato
Nangade ou Ságal
Nem sempre assim foi
E alguns que partiram
Já não regressaram
Às vezes tentando
Salvar outras vidas
E ali tombaram
E alguns que partiram
Já não regressaram
Às vezes tentando
Salvar outras vidas
E ali tombaram
E ao chegar a noite
Pra esquecer momentos
Do dia passado
O Jorginho tocava
Na sua viola
Pra cantar o fado
Pra esquecer momentos
Do dia passado
O Jorginho tocava
Na sua viola
Pra cantar o fado
E alguém perguntava :
Afinal de contas no meio desta malta
Quem é que tem voz ?
Logo o Vira Milho
Com seu ar castiço todo empertigado
Cantava pra nós
Afinal de contas no meio desta malta
Quem é que tem voz ?
Logo o Vira Milho
Com seu ar castiço todo empertigado
Cantava pra nós
"MUÉDA TERRA DA GUERRA
VOUTE CANTAR ESTE FADO
QUE COMPUS AINDA À POUCO
MUÉDA TERRA SAGRADA
DE ATAQUES À MORTEIRADA
QUE É DE UM HOMEM DAR EM LOUCO"
VOUTE CANTAR ESTE FADO
QUE COMPUS AINDA À POUCO
MUÉDA TERRA SAGRADA
DE ATAQUES À MORTEIRADA
QUE É DE UM HOMEM DAR EM LOUCO"
Fumando cigarros
Molhando a garganta
Findava a noitada
Mas pra alguns ainda
Dormir um pouquinho
Pois faltava pouco prá ronda marcada
Molhando a garganta
Findava a noitada
Mas pra alguns ainda
Dormir um pouquinho
Pois faltava pouco prá ronda marcada
E em certas noites
Escuras como breu
Que nada se via
Era arrepiante
Fazer o seu turno
E estar de vigia
Escuras como breu
Que nada se via
Era arrepiante
Fazer o seu turno
E estar de vigia
Sabem todos vós
Que por lá passaram
Que isto acontecia
Era assim a vida
Lá longe em Muéda
De noite e de dia
...........
Que por lá passaram
Que isto acontecia
Era assim a vida
Lá longe em Muéda
De noite e de dia
...........
A todos os camaradas que lá tombaram
aqui deixo todo o respeito e o meu sentido pesar.
Descansem em paz.
Descansem em paz.
IMPOSSIVEL ESQUECER.
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