segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Voo 3473 IGNORAM A HISTÓRIA.






Orlando Fernandes
Esp.MMA
Lisboa







Gostava que os meus amigos também lessem e divulgassem às gerações vindouras.
Acabei ontem de ler o livro escrito pelo nosso colega de trabalho que durante 30 e tal anos nos acompanhou como mecânico de aviões e como tantos de nós também andou a guerrear pelas antigas colónias.
Aparte de uma ou outra cena pitoresca que sempre acontece onde há rapazes novos e outros ingredientes, como tabancas, bajudas e galinhas, o livro é um autentico diário de guerra, onde não faltam a data e até a hora de cada batalha. Poderão alguns, principalmente os que lá não foram cheirar o fumo acre das morteiradas, dizer que o tema é repetitivo, infelizmente os ataques eram mesmo repetitivos e debaixo de fogo que te põe a cabeça à roda e os olhos enlameados pelo pó a verem estrelas cadentes caírem à tua volta, ou usas o instinto de sobrevivência para te abrigares e matar, ou morres. O Fraga descreve isso no seu livro tal como os reportes de guerra, nus e crus. Não romanceia nem teatraliza os ataques, mas quem por lá guerreou imagina toda a cena com pormenores e revive os ataques com o desespero e aflição do vulgar ser humano.
Li este livro em dois folgos, um, com a satisfação de alguém que relata sem assombramento como rapazes de 20 anos se comportavam debaixo de fogo inimigo e lhes respondiam, outro, com um sentimento de tristeza por sentir no pêlo que tal como milhares de ex-combatentes que todo aquele nosso sacrifício não tem o reconhecimento de ninguém. E tanto nos novos países que ganharam a sua independência, como no nosso que para lá nos levou, exibem uma falta de nobreza e carácter para assumir o reconhecimento de quem lutou sob politicas erradas, derramou sangue e morreu. Não é diplomático nem humano ignorar a História, contorna-la depondo coroas de flores no túmulo de Camões, quando os intervenientes dessa História são pessoas que estão aí vivos a remoer os seus pós-traumáticos. São as mesmas pessoas que lhes ofereceram de bandeja a democracia que hoje orgulhosamente

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