segunda-feira, 6 de junho de 2022

VOO 3628 – 06 DE JUNHO DE 1974


 

Manuel José Lanceiro

MMA (Canibais) Guiné

Lisboa


Esta fotografia só foi possível tirar no nosso encontro, porque:


Eu, o Cruz Dias atrás esta o Granier


Há precisamente 35 anos.

Que um cagagésimo de segundo, uns míseros 10 metros ou um pequeno atraso no disparo de um míssil, fez toda a diferença.

Foi a diferença de ver, a “cabeça de um fósforo gigante” a arder, passar à nossa frente.

Foi a diferença da vida em vez da morte.

Não sei se agradeço à inoperância do apontador, ao sangue frio do Cruz Dias, à sorte ou a alguma entidade divina.

Sei que naquele dia de 6 de Junho de 1974, vimos a morte passar à nossa frente, na forma de um míssil strella.

Mal tive tempo de pedir ao Cruz Dias para ter calma, pois quando gritei, já tinha acabado tudo.

Foi tão rápido, que nem deu tempo para ter medo. Este chegou depois, quando aterrámos e tomámos consciência do que podia ter acontecido. Aí sim, a boca ficou seca, as mãos tremeram e as pernas recusaram-se a obedecer.

Como diz Sérgio Godinho aquele foi o primeiro dia do resto da minha vida.

Por muitos anos que cá ande, jamais o esquecerei.

Como já tinha dito noutra ocasião “naquele dia percebi que tinha que viver depressa, pois um estilhaço qualquer, podia matar a minha sede de viver”.

Já contei este acontecimento, na mensagem nº 161, em 4 de Abril de 2008, claro, com outros pormenores, por isso peço desculpa por voltar a ele, mas como calculam, por muitos anos que viva, jamais o deixarei de recordar e de compartilhar com todos os meus amigos. Este dia é tão importante como o dia do meu aniversário.

 

Um abraço

 Manuel José Lanceiro


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