terça-feira, 31 de julho de 2007

VOO 028 - Ten .Cor. Pilav. Almeida Brito Primeira vítima mortal do Strella.



Arnaldo Sousa

MMA

Lisboa


Mensagem enviada pelo Arnaldo Sousa:

Notícia publicada no jornal "Diário de Notícias" do dia 31.3.1973




























"O comandante-chefe das Forças-Armadas na Guiné anunciou que um avião "Fiat G-91"foi ontem abatido em combate, por um foguetão terra-ar lançado da Republica da Guiné, quando sobrevoava território português em missão de reconhecimento, no sul da província. O aparelho, pilotado pelo Ten.Cor.Pilav. José Fernando de Almeida Brito, explodiu no ar.O Piloto pareceu. O Ten.Cor. Almeida Brito, nascido a 27 de Março de 1933 em Lisboa, concluiu, em 1953,o curso de aeronáutica militar na Escola do Exército. Em todos os cursos que depois, ao longo da sua carreira militar, alcançou as mais elevadas classificações. Alferes em 1954,tenente em 1956,capitão em 1958 e major em 1963,foi promovido ao posto actual em 1968.Era condecorado com duas medalhas de Serviços Distintos com palma, por feitos em combate, com a medalha de Mérito Militar de 3ªClasse e com a medalha comemorativa das campanhas das Forças Armadas Portuguesas em Angola e na Guiné.
Da sua folha de serviços constam ainda numerosos louvores e referências elogiosas. Estava proposto, pelo comando-chefe das Forças Armadas da Guiné ,para a medalha de oiro de Valor Militar, com palma, pelo "relevante contributo prestado para o êxito do esforço de guerra no teatro de operações da Guiné, onde executou centenas de acções operacionais sempre evidenciando extrema perícia, grande coragem, energia e desprezo pelo perigo, sobretudo em duas, ao prosseguir com a maior serenidade o cumprimento das suas missões, apesar das aeronaves que pilotava terem sido seriamente atingidas pelo fogo inimigo."
Profundo conhecedor das características técnicas dos modernos aviões, marcou gerações e gerações de pilotos que instruiu e comandou.
Na Guiné Portuguesa, onde há cerca de três anos servia ,no comando de acções independentes da Força Aérea e, ainda, em operações conjuntas coa as forças de superfície ,muitas vezes com risco da própria vida.













Nestas fotos pode ser observado:

Cima, o míssil terra-ar Strella que abateu avião e piloto.

Baixo, o que restou do Fiat G91-R4 nº 5419 atingido pelo referido míssil no dia 28 de Março de 1973.






Eu tinha chegado à Guiné havia quatro dias, quando no dia 28 de Março da parte da manhã, em conjunto com o colega Lopes, dado sermos os mecânicos de serviço à linha da frente, demos saída a uma parelha de aviões preparados com bombas. Num seguia o Cap. Pilav. Pinto Ferreira e no outro o Ten.Cor.Pilav Almeida Brito, comandante do Grupo Operacional.
Esperamos pelo regresso das aeronaves, quando já um pouco com atraso para o tipo de missão ouvimos e vimos surgir um dos aviões, o outro viria a seguir pensamos nós...Quando recebemos o avião perguntamos ao piloto se o outro demorava muito, a resposta surgiu tipo bomba:-O outro não vem mais!...Dadas as características da zona e a intensificação dos combates, não foram feitas tentativas de encontrar os destroços, quer por parte das forças terrestres quer da FAP.
 
Arnaldo Sousa