domingo, 16 de março de 2008

MEMÓRIAS DA EMEL-PAÇO DE ARCOS.

138-Mensagem do Augusto Ferreira
Ex-1ºSargº.Milº.Melec/Inst/Av 3ª/69
Moçambique










Num dos lindos jardins que a Escola tinha,eu a posar para a Foto




Aqui,junto à guarita,Carrilho,Eurico,Eu e o Aurélio Cruz






Amigo Barata

Ao falar sobre esta escola, com o nosso Castelo Branco há uns dias atrás, vieram-me à memória algumas histórias, da nossa passagem por ela em 1970.
É evidente, que nos tínhamos que aplicar minimamente, para obter aproveitamento, que nos permitisse continuar na nossa FAP e passar à sub especialização de Instrumentos de Avião, na BA2-Ota. Mas ao Castelo Branco, que se encontrava na Ota a tirar a sua especialidade, chegavam também outras notícias de lá, que não eram só sobre os estudos, é verdade.
O pessoal no Verão, depois das aulas, passava através de um túnel que existia na Escola, que passava por baixo da marginal que ia para Cascais e ia até á praia do outro lado .Nessa altura do ano, ainda dava para dar um salto até lá, para ver como é que estava o ambiente, assim como também ao fim de semana, quando resolvíamos ficar.
Aconteceu, na tarde de um desses domingos, quando estávamos no"bronze", de papo para o ar na praia, ouvir chamar pelos altifalantes da escola, com insistência, o cabo piquete á porta do Comando, com urgência. Este nunca chegou a aparecer.
Havia nesse dia festa em Porto Salvo, que é uma localidade próxima. Soubemos quando regressámos á escola, que tinha havido lá pancadaria, com pessoal da FAP e tinha sido necessário lá mandar o piquete.
Quem é que tinha criado lá esta situação? Nem mais nem menos que o próprio Cabo Piquete, que estava obviamente "desenfiado". Era um companheiro nosso da Régua, por sinal com um corpo muito franzino, mas terrível para a confusão.
Também á noite, com as Festas dos Pescadores em Cascais e Lisboa ali ao lado, o pessoal nunca chegava antes do Recolher. Quando vinha de Lisboa, ou apanhava o último comboio no Cais do Sodré, ou vinha à boleia (sabe lá Deus com quem, algumas vezes) e então tinha que entrar por algum lado, pois não havia dinheiro para dormir fora.
Um dos pontos de entrada, era uma rede que estava estratégicamente solta, junto a um posto de sentinela virado para a marginal, com um muro com cerca de 2mts.
Era o próprio aluno, que estava de reforço, que ajudava o pessoal a entrar, altas horas da madrugada, usando a própria G3 para afastar a rede e puxar. Verdade seja dita, era para o que servia a arma, pois nunca tínhamos dado um tiro com ela e nem sabíamos como funcionava.
Desses tempos lembro-me ainda, dos dias em que estávamos de faxina ao refeitório.
Sentava-me á boca, da panela de sopa de campanha, que mais parecia uma betoneira, com a boca virada para cima e com aquelas conchas enormes, tirava primeiro os toucinhos, que andavam a nadar á superfície e depois cada concha, era uma terrina cheia, que a malta ia levando para dentro do refeitório, para as mesas.
Os chefes de mesa, no topo, controlavam os talheres de cerca de doze alunos.
E quando havia carne à alentejana? Lembras-te ? Quando o faxina pousava a travessa na mesa, já estava limpa. Pareciam piranhas. Pobres dos que cultivavam as boas maneiras.
Mas nesses dias, no final da limpeza, poderíamos levar para o nosso armário da camarata, mais uns pães e umas laranjitas.
Amigo Barata, por hoje fico por aqui, porque depois deste serviço ao refeitório, como deves calcular, estou cansado e hoje nem sequer vou sair da EMEL.
Era para ir a Lisboa, mas fica para a próxima.

Um grande abraço para ti e toda a TERTÚLIA DA LINHA DA FRENTE.

Augusto Ferreira