sábado, 11 de outubro de 2008

481- HISTÓRIA DO CIGARRO.

José Neto
1ºCb.PA 64/67
Baixo Alentejo



Caro, Victor Barata.
Há já alguns meses que venho seguindo quase diariamente o seu excelente Blogue.
Blogue que muito admiro e me parece da maior importância para recordar tempos que, para muitos de nós, foram mesmo os melhores das nossas vidas.
Vejo que toda a malta nutre um certo carinho e nostalgia pela velha BA2 (Ota), por onde muitos começaram e por onde também passei, não como cabo especialista, mas como cabo PA.
Assim, se achar oportuno, pode publicar esta pequena história que lhe envio e que teve lugar na BA2 por volta do ano de 1965.



CIGARROS AO PREÇO DA CHUVA.


Isto não vem a propósito de nada, mas de vez de quando, sem saber bem porquê, vem ao meu encontro uma recordação com mais de quarenta anos, que é a seguinte:
Antes de ser mobilizado para o Ultramar, fui colocado na BA2 (Base Aérea da Ota), onde permaneci cerca de onze meses.
Havia naquela Base, como em quase todas as outras, uma cantina onde o pessoal comprava os mais diversos produtos.
Na Ota, a dita cantina ficava no rés-do-chão do edifício que acomodava a Esquadra da Polícia Aérea, que era a minha especialidade.
Pois bem, nessa cantina, havia um funcionário civil que era um bocado pitosga e, talvez, muito distraído, coisa que a malta, ou pelo menos muitos de nós começámos a verificar.
Então, alguém se lembrou de fazer a seguinte experiência: Passar pela caixa de pré-pagamento e pedir uma caixa de fósforos que, na altura, custava três tostões, que o mesmo é dizer: trinta centavos.
É claro, pagava os trinta centavos e recebia o talão ou recibo para, no balcão ao lado, o dito funcionário lhe entregar a caixa de fósforos.
Só que, nesta altura, o comprador antes de entregar o talão, pedia um SG ventil, por exemplo, ao que o referido funcionário pitosga, muito solícito, nem pestanejava, entregando o maço de cigarros e arrecadando o recibo sem verificar, como lhe competia, que montante havia sido pago pelo adquirente.
Se não estou em erro, os cigarros, à data, custariam cerca de três escudos e cinquenta centavos, sendo caso para dizer que, com este expediente, comprar cigarros naquela cantina, era fumar quase à borla.
Não sei se este “negócio” continuou por muito mais tempo, dado que entretanto fui mobilizado para Angola.
Mas é de crer que não terá durado muito tempo, porque pechinchas destas acabam depressa.
José Neto
1ºcaboPA – 1964-1967
VB: Boa-Tarde,Companheiro Neto.
É sempre para nós uma grande alegria receber mais um elemento que cedo começou a dignificar o bom nome da nossa FAP.
Esperamos poder vir a contar contigo na nossa Tertúlia "Linha da Frente" quando nos enviares a tua foto militar e civil,bem como por onde andaste na vida militar e os teus contactos.
Até lá,Saudações Aeronáuticas.
Victor Barata