segunda-feira, 27 de outubro de 2008

497 1969,REGRESSO DE TROPAS NO UÍGE (2)


Mamuel Lema Santos
Ten.Reserva Naval Guiné
Lisboa



Ainda sobre o regresso do Uíge em 23 de Agosto de 1969, na viagem dita redonda, Lisboa-Bissau-Lisboa, foram excessivamente escassas as linhas rabiscadas. Havia disponibilidade para inserir mais algumas imagens na ilustração do texto e o tema merecia redobrada atenção.
Se a viagem de regresso trouxe de volta o BCaç 1933 e as Companhias que o integravam, as CCaç 1790/1791/1792, a de ida tinha transportado as seguintes unidades:
CCaç 2571/BII 19 (CIM)
CCaç 2572/RI 1(RI 4)
Pel Mort 2138/BC 10
Pel AAA 2141/RAAF
Pel Rec Daimler 2144/RC 6
Eq. San. Prosp. Doenças Tropicais 2131/HMP
Pessoal isolado/DGA



Na ponte-cais em T, em Bissau, na imagem acima, colhida de bordo do TT Uíge, os últimos militares aguardam a vez de embarcarem sendo visíveis viaturas GMC, Unimog, Willys e até um “carocha” preto, viatura de serviço do Exército característica da época.
Ao fundo, a avenida marginal para o Pijiguiti, o Quartel da Amura, sendo ainda visível no alinhamento do cais ao fundo a estátua de Diogo Gomes. À esquerda da GMC, assoma ainda a cabina de navegação do ferry-boat Bor e, mais atrás, atracadas ao cais, lado a lado, duas LDM’s.

No interior da asa esquerda da ponte-cais atracadas lado a lado três LFG’s distinguindo-se claramente pelo desenho da ponte que a segunda não dispunha ainda de chapa balística de protecção, o que permite concluir ser uma de duas: ou a LFG “Argos” ou a LFG “Dragão”, as únicas ainda nessas condições.
Dada a data da viagem e o pormenor, apenas podia tratar-se da LFG “Dragão” regressada de Moçambique em 25 de Julho já que a LFG “Argos”, apenas atracou em Bissau a 10 de Janeiro de 1970, vinda igualmente de Moçambique.



O TT Uíge afasta-se lentamente do cais parecendo que tudo fica parado no tempo. Nos semblantes dos que ficam, para lá do adeus, adivinha-se a dúvida de para quando a vez de cada um deles.
Na mente dos que partem, viaja com cada um a pesada lembrança dos camaradas que, como eles, não tiveram a oportunidade de regressar, ceifados pela emboscada, pela mina, pelo acidente, apenas pela falta de sorte.
Depois de 4 dias de viagem, o regresso assume-se uma realidade e, na noite anterior ao desembarque, não falta também o retoque simpático do jantar de despedida a bordo do TT Uíge com um suporte da ementa a condizer.


Consolidaram-se amizades adquiridas que perdurarão no tempo, renovadas cada ano na lembrança dos episódios vividos. Anseia-se pelo final da viagem, num tão imaginário quanto regenerador abraço de familiares e amigos já ao alcance da vista.



Fontes: fotos cedidas pelo ex-Alf. Médico Alberto Lema Santos, BCaç 1933, 67/69