terça-feira, 25 de novembro de 2008

574 VOAR NO AB7-TETE 70/72.




Augusto Ferreira
Esp. Melec./Inst./Av
Tete
Coimbra




Voar em Tete 72/74 Companheiros, estou aqui hoje, num novo regresso ao AB7-Tete, para contar, como é que se voava por lá naqueles anos, no que respeitava à altitude.
Em 1972 quando cheguei, ela ainda se atingia à vertical do AB7, por vezes até aos 9 mil pés na DO27 e depois lá seguíamos a rota programada.
Bastas vezes, descolávamos nela, com quarentas e tais graus ao nível da pista e passados alguns minutos, já estávamos lá em cima a bater o dente, pois a pressão tinha baixado entretanto com a altitude e os nossos aviões de guerra, como é sabido, não tinham isolamento térmico, nem eram pressurizados.
Lembro-me das descolagens no velhinho NordAtlas, em que a inclinação na subida era tal, que nós amarrados lateralmente, aos bancos de lona do avião, conseguíamos ver, através dos dois óculos ovais, colocados em cada uma das portas de fundo, a pista da qual tínhamos descolado, que se ia tornando cada vez mais pequena, à medida que íamos subindo.
Isto em alturas, em que o avião não levava carga, pois ela ficava logo ali á frente do nosso nariz, rigidamente fixa ao chão do avião, tapando-nos a vista, inclusivé dos nossos companheiros, que viajavam sentados do outro lado.
Nos anos que se seguiram, com a utilização dos mísseis terra-ar SAM-7 pela Frelimo a estratégia de voo alterou-se, passando a voar-se a baixa altitude, por vezes a rapar a copa das árvores. Esta situação, trouxe novos problemas, para os pilotos e tripulação, pois as aeronaves, ficaram ao alcance de armas automáticas e tivemos algumas atingidas e vítimas mortais, quando por vezes se sobrevoavam zonas, aonde estavam implantas "machambas", para apoio logístico dos guerrilheiros da Frelimo.
Para qualquer eventualidade, sempre que saíamos na DO27, levávamos sempre a G3 com carregadores e a respectiva ração de voo.




Estou a enviar-vos uma foto dessa altura, com um piloto do qual não me recordo o nome, numa chegada ao AB7- Tete com as ditas ao ombro.
Foi por estas situações, que passámos e vivemos, nos nossos já longínquos 20 anos, numa guerra, que tantos sacrifícios e riscos nos fez correr e que nos marcará para sempre.
Para ti Barata o forte abraço habitual, extensivo a toda a Tertúlia da Linha da Frente.

Augusto Ferreira