Manuel Lanceiro
Esp.MMA "Canibais" Guiné
Lisboa
Victor,
Tenho este texto, sobre o nosso destacamento em Nova Lamego, escrito há bastante tempo. Sempre que o leio, acho que lhe falta qualquer coisa, mas se estou à espera que que as musas me iluminem, nunca mais é sábado.
Se achas que é oportuno e publicável, tudo bem.Renovo os meus votos de boas festas e um bom ano para ti e família.
Um abraço
Manuel José Lanceiro
VB: Ansiava que alguém falasse do destacamento do "Gabu",Nova Lamego e eis que o Lanceiro foi ao álbum de recordações e pumba,tiro na...peça!
Pois é verdade,era um dos sítios mais típicos onde todos nós, da linha da frente,gostávamos de passar uma semana de "Férias".
A tabanca da "Mulher Grande",aquelas bajudas de "mama firme".
Eu penso que nos ocultas-te muita coisa,Lanceiro,ou tens vergonha?
O meteorologista que falas,é o João Lima Vida,da Quinta do Anjo-Palmela. Este companheiro esteve comigo nos Açores,depois eu fui para a Guiné e ele passado algum tempo apareceu por lá para fazer a comissão de serviço. Tinha uma rodagem em tinto e whisky que era uma coisa sem jeito.
Um excelente companheiro que encontrei o ano passado no nosso Encontro na Marinha Grande,desde que viemos de África,nunca mais nos tínhamos encontrado.
Bem,vamos lá então ler a tua história:
O destacamento de Nova Lamego era composto por uma DO27, um Heli de transporte/evacuações e um Heli-canhão, com as respectivas tripulações, que mudavam todas as semanas. E um meteorologista residente, que grande parte da minha comissão, foi o João Vidas Lima (que vida que tinha).
O comandante era o piloto mais graduado, geralmente um Alferes, que dava um ar de respeitabilidade à malta.
Começava na manhã de domingo e acabava no fim de tarde de sábado
Esta já está,já arranjei para o almoço,diz o Lanceiro.
Era assim que se começava, nas bolanhas de Babadinca, tratávamos de arranjar comida. Geralmente apanhávamos duas peças de caça, que levávamos ao Dinis, dono do restaurante em frente ao nosso destacamento. Em troca, ele fornecia-nos as refeições, durante a semana.
De vez em quando lá se orientava também um bidão de JP4 ou de gasolina e lá tínhamos as bebidas à borla, só o tabaco é que era à parte.
Durante a semana, para além de prestarmos assistência aos aquartelamentos daquele CAOP, fazíamos várias saídas com o seu comandante. As que mais gozo me davam, entre outras, eram as que incluíam:
O Saltinho, que bem que aquele pessoal nos recebia (era famosa a categoria como aquele pessoal nos recebia).
Pirada, geralmente, almoçávamos em casa do Sr. Mário Soares (não tem nada a ver com o antigo Presidente da República), que estava lá desterrado.
Buruntuma para visitar outra vitima do regime, o Sr. Mota senhor já de certa idade.
Também fazia parte do menu, o almoço em Bafatá, no Restaurante Mira Geba.
As noites passavam-se normalmente no bar do CAOP ou na casa do Munir Al Amur, um comerciante Libanês, que gostava de nos receber com um cafezinho “com mésinha”, como ele dizia (que nos fazia rir toda a noite) e onde se jogava à lerpa até ao raiar do dia.
De vez em quando também se passava pela tabanca da “Mulher Grande”, para se fazer a manutenção do físico, com as bajudas que ela lá tinha.
Quando tudo corria bem, era assim se passava uma semana de “relax”.
Era o descanso do guerreiro.
Na linha da frente dos Heli’s havia sempre voluntários para fazer este destacamento.
Gostava de ter o dom da escrita para poder contar as estórias que por lá se passaram. Por isso faço um desafio a todos, contem as aventuras que passaram pelo Gabu Sara.
Um abraço,
LANCEIRO