domingo, 1 de março de 2009

815 MORROS DE SALALÉ NO AB7.



Augusto Ferreira
2ºSar. Melec/Inst./Av. Tete
Coimbra
Morros de Salalé – AB7- Tete
Amigo Victor, hoje lembrei-me de falar, sobre estas extraordinárias estruturas de barro, construídas por estas formigas, que existiam em grande quantidade, no perímetro do AB7.
Indiferentes ao que se passava à sua volta, lá iam concretizando os seus ciclos naturais, na altura própria.Nem o ruído das aeronaves a descolar e a aterrar, mesmo ali ao lado, as perturbava na sua nobre tarefa.
Éramos sem dúvida, um elemento de perturbação na zona, mas a vida selvagem manteve-se sempre presente.
Estou a lembrar-me do “ choro” das hienas, que se ouviam por vezes ali muito próximo, quando á noite, efectuávamos a ronda, pelos postos de sentinela.
E das caçadas nocturnas, que alguns aficionados faziam de Jeep, nas imediações da base, com a colaboração dos Melecs, para o fornecimento de faróis e baterias.
Mas voltando ás simpáticas térmitas, quando caíam as primeiras chuvas, como se acordassem de um sono, começavam a sair, por pequenos orifícios no solo, equipadas com asas (só para esse dia), como se fosse uma coluna de fumo, durante largos minutos, povoando todo o espaço exterior.
Com o cair da noite, aproximavam-se dos pontos de luz e então eram autênticas nuvens.
Para os habitantes do aldeamento da Bamba, que ficava a poucos quilómetros do Aeródromo, era uma festa, pois para eles, estas formigas aladas, eram um autêntico petisco.
Comiam-nas vivas como se fossem pinhões, o que nos repugnava um pouco.
Nessas noites, vinham até á nossa porta de armas, que estava sempre bem iluminada, para levarem o máximo que pudessem, em sacos de plástico.
Era também um festim para os sapos, que convergiam para a estrada, que nos levava até á cidade de Tete, aonde se concentravam mais insectos, atraídas pelos faróis das viaturas.
É evidente, que alguns deles acabavam esborrachados, pelas rodas.
Era a África selvagem em toda a sua força, com todo o fascínio que ela tem e que a torna diferente, de todos os outros continentes.
Nós estivemos lá, nas circunstâncias que todos sabemos, mas estivemos atentos.
Em anexo envio duas fotos, junto a dois desses morros, tiradas em Maio de 1973.
Uma só comigo e outra com o Antunes OPCART. Sem mais por agora, vou terminar, enviando aquele forte abraço para ti Barata, extensivo a todos os nossos grandes Zés Especiais, desta nossa Linha da Frente.
Até Breve
Augusto Ferreira