domingo, 15 de março de 2009

VOO 853 O MEU CONTRIBUTO.




Cristiano Valdemar
Esp. MMA Guiné
Sobreda da Caparica


Amigo Victor Barata
Em resposta ao pedido de correcção de dados no post 821 (1) do nosso co-editor João Carlos Silva, que saúdo vivamente. Habitando ambos na Sobreda da Caparica não nos conhecemos.
Não tendo vivido como nós os tempos da guerra, em que vimos, ouvimos, sentimos, tivemos algumas alegrias e algumas tristezas de amigos, alguns dos tempos de escola e outros da muita convivência como militares que vimos ou soubemos que partiram, escreve duma forma contagiante.
Sendo assim eu dou a minha contribuição, não é que tenha muita importância, mas para os que não conheceram os FIAT’s não fiquem com informação errada.
João Carlos, imagina que estás com o cartucho do FIAT na mão, agita … o que sentes, um bater dentro dele, de algo rijo. É uma massa esbranquiçada, parece plástico e que é inflamável. Não é pois ar comprimido como com dúvidas dizias no Post 821. Se trabalhaste na Manutenção, mas, principalmente na Linha da Frente, quando era utilizado o segundo cartucho para o arranque tinha que ser tirado o primeiro e, de certeza, sentiste o calor que emanava do invólucro, ao ponto do latão de que era feito mudar de cor.
Quando o interruptor de arranque é accionado, as unidades de alta tensão são energizadas e os contactos dos cartuchos movem-se, iniciando-se um ciclo de arranque. O tempo de arranque do segundo cartucho é de 29 + ou – 2 segundos (Isto é o que nosso companheiro Fitas Custódio dactilografou como 2º Sarg. ME em 1967 no manual de adaptação dos mecânicos ao FIAT G91) (Parabéns pelos 50 anos de entrada nesta família).
Quando só é utilizado um cartucho no arranque, não é substituído por novo, segue para o ar com um novo e outro inflamado, isto cá na BA5 Monte Real e BA12 Bissalanca, na BA4 Lages, aonde estive por engano durante três meses depois de vir da Guiné, julgo ser da mesma forma.
Em voo, o piloto não necessita normalmente do cartucho de arranque, em emergência precisa de corrente de alta tensão para as velas para a ignição. Como estou a escrever sobre este assunto tudo isto” MOTOR” não funciona como aconteceu ao saudoso Ten. Coronel Pilav. Almeida Brito em que voou com o motor parado desde Figueira da Foz até Monte Real, por obstrução duma conduta de combustível por um pano, talvez em 1970.
Fiquei também admirado do Post 833 da Senhora Enf. Paraquedista Giselda Pessoa que ao legendar uma foto de helicóptero está um Cristiano, não me recordo de haver outro com o meu nome na altura em que lá estive.
Tenho imensa pena que de tantos que estivemos na Guiné não haja mais para contar histórias que vão ficar para a História.
Gosto mais da nova cor do Blog.
Um abraço a TODOS que nesta Linha da Frente têm dado o seu contributo.
Cristiano
1º cabo MMA 1ª/68
F 86 /Fiat G91

JC: Cristiano, pois pelos vistos somos vizinhos aqui na Sobreda, quem sabe não nos encontramos um destes dias.
Agradeço a tua correcção ao meu post 821, pois é importante que as informações passadas numa determinada mensagem sejam as mais correctas possíveis, para nós e para os eventuais leitores. Alguns pontos começam agora a ficar mais claros para mim. Na verdade, lembro-me bem do calor que emanava do invólucro quando era retirado.
Este aspecto mais técnico da nossa passagem pela FAP também é importante ficar correctamente registado, por respeito ao nosso trabalho de Especialistas e de quem nos ensinava (neste caso como bem
referes os “manuais” do companheiro Fitas Custódio).
Até breve.
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