quarta-feira, 1 de abril de 2009

VOO 893 A VAIDADE É MÁ CONSELHEIRA!


Joaquim Mexia Alves
Alf.Mil.Op.Esp. Guiné
Monte Real
A Vaidade é má conselheira!

Caros camarigos Victor,João Carlos e Tertulianos.
Tinha pelo Gen. João Almeida Bruno, Major no meu tempo, a maior consideração e respeito.O Maj. Almeida Bruno foi a pessoa a quem pedi para sair da zona operacional do Batalhão de Bambadinca, por achar que tinha uma nítida incompatibilidade com o comando do Batalhão, e assim fui colocado na C. Caç. 15 dos Balantas de Mansoa.O Maj. Almeida Bruno era ou é ainda, também, amigo de um dos meus irmãos mais velhos que foi piloto da Força Aérea nos anos cinquenta.
Tudo isto para dizer que algo me ligava ao Gen. Almeida Bruno, para além do respeito e consideração que me merecia.Pois tudo isso desapareceu com esta frase do referido senhor.Não foi uma frase infeliz! Só o podia ser, se este militar não tivesse conhecimento do que se passava na Guiné, mas ele sabia bem e tinha a cesso a toda a actividade operacional das companhias de quadrícula da Guiné.
Se havia algumas unidades, poucas, muito poucas, que se fechavam no arame, a maior parte delas cumpriam com grande risco a sua missão, indo muitas vezes para além dela.Basta perceber que se Bissau nunca teve quaisquer problemas, era porque as unidades militares estacionadas na Guiné cumpriam o que lhes era exigido e elas se exigiam.Aliás, a maior parte das pouquíssimas companhias que se fechavam no arame acabavam normalmente por pagar caro essa atitude.
A frase do Gen. Almeida Bruno ofende-me mais que o recente artigo da Visão que fez levantar a nossa indignação.Um jornalista, se pode ter conhecimento das coisas, pode não as ter vivido e portanto não poder aferir daquilo que noticia.O Almeida Bruno tinha conhecimento e sabia das condições em que a maior parte das unidades militares viviam e cumpriam a sua missão, pelo que tinha de elogiá-las e ser-lhes profundamente agradecido.
Talvez Almeida Bruno devesse ter passado 9 meses no Mato Cão, enterrado num buraco no chão, sem luz e sem água, tendo por companhia a enormidade da mata envolvente e como meio de transporte um sintex a remos.Talvez então percebesse!
Mas a verdade é que ele sabia isto tudo e mesmo assim não se coibiu de proferir a aleivosia que proferiu.
Espero que o Almeida Bruno se retracte do que disse, e peça desculpa aos militares que deram as suas vidas na guerra da Guiné.Assim talvez volte a ser na minha memória o homem que respeitei e pelo qual tinha consideração.
Julgo que deveriam ser enviadas ao Almeida Bruno todas estas mensagens de indignação dos ex-combatentes.
Mas também, não é pelo que um senhor militar diz, que a nossa honra e dignidade é afectada.Quando as coisas ditas são tão longe da realidade e tão acintosas, o seu veneno acaba por cair em cima de quem as proferiu.
Abraço camarigo a todos do
Joaquim Mexia Alves


VB: Camarigo Mexia Alves,antes de mais as nossas desculpas de só agora procedermos à publicação deste teu mail datado do dia 29.3.2008,mas o factor tempo é o grande culpado,não nos deixando sair do "arame farpado".
Conheci este Gen.Almeida Bruno na Guiné,compartilhou algumas vezes comigo a mesma aeronave nas diversas deslocações que fazia no TO e,tal como tu dizes,sempre foi um homem respeitado e admirado pelas Forças Armadas estacionadas naquela ex-província.
As palavras que proferiu,são da sua inteira responsabilidade,como tal à que lhe exigir esclarecimentos e clarificação das sua declarações.