quarta-feira, 22 de abril de 2009

VOO 921 HISTÓRIAS DA GUERRA.




Carlos Alves
Esp.MMA Tete
Alvaiazere

Histórias da Guerra

Boa Noite Companheiros.

O A.M.72 da Estima ficava paredes meias com o quartel do exército e pelo menos desse lado estávamos protegidos contra visitas indesejáveis,mas dos outros lados era uma porta aberta. Receando um dia sermos apanhados á mão metemos mãos á obra e com o auxílio do pessoal do exercito começamos a plantar estacas á volta do A.M.para depois espalharmos arame farpado.O arame tínhamos que o ir recolher ao Perímetro de Segurança da barragem de Cabora Bassa,que tinha sido alargado e colocado arame novo,portanto havia que chegasse e ainda sobravam kms dele.
Um dia depois do almoço partimos em direcção ao Songo, a cerca de 15 kms, encavalitados numa camioneta cisterna que abastecia o A.M. de agua .Éramos uns 5:o condutor,um soldado SG,um MARME,um de MRadio que estava na Estima a montar uma antena e eu MMA.


Legenda: Aqui empunhando a arma que lhe facultaram para a saída.
Foto: Carlos Alves(direitos reservados)

Cada um de nós levava uma G3, algumas munições e umas 2 ou 3 granadas. O percurso embora não fosse considerado muito perigoso havia sempre o risco de uma emboscada,minas talvez não, a estrada era asfaltada. Mais ou menos a meio do percurso a camioneta avariou.O local não era lá assim muito simpático,de um lado da estrada uns enormes penhascos e do outro grandes árvores e mata serrada.Mas, para nós, aquilo era uma oportunidade de evidenciarmos as nossas capacidades tácticas de defesa e, quiçá, combate. Montamos logo um perímetro de defesa ao camião.Disparamos umas rajadas em redor tentando intimidar o inimigo,caso estivesse na zona. Não estávamos ali para brincadeiras,éramos corajosos ,bem armados e melhor treinados.Todos se lembram das "técnicas de luta antiguerrilha" que aprendemos na Ota...!
Aquilo até estava a ser divertido.Aguardávamos que entretanto passasse alguma viatura do exercito e ficava o nosso problema resolvido.Mas nada. Começou a fazer-se tarde e a situação era agora um pouco assustadora.Pusemos a hipótese de alguém seguir a pé para pedir ajuda mas,como éramos poucos,era perigoso para quem ia e para quem ficava.Optamos por ficarmos juntos. Entretanto começou a escurecer e como "á noite todos os gatos são pardos",já víamos turras por todo o lado,cada árvore era UM.O medo instalou-se de vez. O gajo de rádio não se calava,eu tremia que nem varas verdes,já não conseguia ver os outros. Eis que de repente se começa a ouvir o barulho de um helicóptero.Era o Cap.Santos seguindo a estrada á nossa procura,que lá de cima ainda se via qualquer coisa.Corremos para a estrada, ele abanou a máquina e voltou para casa antes que a noite lhe tornasse os olhos inúteis .
O Allouete de noite ou de dia só conta mesmo com os olhos do piloto.
Passada 1 hora estávamos de volta á Estima a reboque de uma viatura do exército.
Um abraço
Carlos Alves