domingo, 14 de junho de 2009

VOO 1040 A MINHA PRIMEIRA IDA A PIRADA.


Gil Moutinho
Fur.Mil.Pil. Guiné
Gondomar
Amigo Victor e todos os tripulantes
Pois!Depois de todos os elogios,pouco se pode acrescentar. A organização do evento de Vouzela foi soberba,impecável!E a relação preço vs.qualidade do serviço insuperável(sei do que falo).
Vou escrever agora umas pequenas histórias da Guiné.
A primeira de como cheguei ao destino por acaso e a segunda de um companheiro fiel. Como sabem na província só haviam duas estações no ano,a das chuvas e a seca,sendo que ambas eram quentes,na das chuvas o ar era limpo embora com trovoadas e muita nebulosidade(muitas vezes tinhamos que contornar os comulonimbos,para não partirmos o estojo),na seca existia permanentemente fumos e poeiras no ar ,que nos limitava a visibilidade como de nevoeiro se tratasse.Na época seca,e era eu piriquito c/algumas semanas,foi-me destinada a missão ,em DO,de transportar um elemento da DGS(Pide) até Pirada,passando primeiro por Bambadinca para recolher correio.Estas viagens eram pouco usuais por serem directas de Bissau ao Leste. Até Bambadinca foi fácil,seguindo o Geba,e é logo ali.A partir daí tinha que seguir a estrada até N.Lamego,passando por Bafatá,e aí virar a Norte tentando seguir a estrada(picada) e tentar acompanhar o rumo pela bússola. Com a falta de visibilidade da época,tinha que praticamente ir a rapar. Pela bússola,se havia ventos laterais saíamos da rota,e aparentemente estávamos bem,pelo vôo à vista e com a pouca visibilidade a estrada por vezes desaparecia entre as árvores e da minha vista.Também pela distância e pela velocidade se calculava o tempo de chegada com o rigor possível. Pois!O tempo passava e já não tinha a certeza se estava na picada certa, assim como o tempo previsto se esgotava e eu poderia ter passado Pirada e estar do lado de lá(só 500 mts à fronteira).Nestes quase cagaços, vejo-me a passar rigorosamente por cima do edifício onde em letras garrafais dizia "PIRADA".Uf...!Meia volta apertada,linha de descida e aterragem.Enquanto o passageiro conferenciava com o Mário Soares(é outro) fui obsequiado com mordomias impensáveis naqueles buracos.
O regresso foi fácil,bússola até ao Geba e depois Bissalanca.
A outra história fica para outra vez.
Um abraço
Gil Moutinho
VB: Hoje é bom recordar momentos interessantes vividos 3,4 e 5 mil pés de altitude,e nós Gil que tantas vezes voamos juntos,quando o perigo era encarado pela ousadia da nossa juventude,como um "sorriso nos lábios". Nunca me canso de evidenciar a altitude máxima na Guiné,300/400m em Madina do Boé,o equivale a dizer que quando em velocidade cruzeiro,toda a província nos via.Não seria isto uma autêntica exposição ao perigo?
Felizmente que o armamento antiaéreo do IN também não era o melhor para nos atingir.
Já lá vai Gil,e correu bem,por isso aqui estamos a recordar.