quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

VOO 1410 FOI NA TABANCA ...DO GIL,QUE SE JUNTARAM UNS MELROS!




Jorge Teixeira (Portojo)
Fur.Mil. (Exército)



Fim de semana prometido sem chuva. E São Pedro cumpriu. Isto é o que considero um bom amigo. A sexta-feira foi só encoberta com umas nuvens mixurucas que o Bando aproveitou para andar à solta. Do Cifrão para o Guedes, entre uma aguardente mais ou menos velha e uns copos de tinto de Lamego acompanhando um belo lombo assado, lá andei - andamos - pelas capelinhas, onde o frio de raxar esperava na rua. Nada que não se suportasse, principalmente depois do buxo quente.


O sábado nasceu lindo, mas só o vi muito adiantado na manhã. Ainda deu para notar no meu mini-jardim uns resquícios de neve, coisa que é digna de registo. Meti pés ao caminho para ir ter com a camaradagem de outras guerras, que no Choupal esperavam o toque do rancho.


Mas dá sempre tempo para uma paragem
e ver como as obras do Metro do ramal de Gondomar andam. Daqui a um ano, dará para um filme complexo e abstracto realizado pelo Manuel Oliveira e que servirá para comemorar os 102 anos do autor. Por falar no homem, há dias cruzei-me com ele entre o Bonjardim e a Praça D. João I e o safado não trazia a bengala e corria para atravessar a rua no sentido da Caixa Geral de Depósitos,traseiras. (ou seria no sentido do Rivoli ?) Bom, mas para o caso não interessa nada. Só eu sei porque não corro, mas ele sabe porque corre...Seguindo,


Em frente do local de encontro, o tal Choupal que agora também é dos Melros, fui espreitar uma ribeira que corre emparedada entre a rua e os campos. No verão tem água, e no inverno também, como é lógico. Mas derivado à agua que tem caído desses céus - Dezembro foi o mês mais chuvoso dos últimos 100 anos, segundo rezam as crónicas - julguei que traria mais. Nada de especial.


Porque houve mais melros do que o previsto, o "tacho" demorou um pouquinho, para mudança de poiso. Nada que atrapalhasse este pessoal, já habituado de há mangas de chuvas a esperar... Mas isso são outras estórias da história Pátria. De que muitos falam mas da qual pouco sabem.


Aproveitou-se para esticar as pernas e apanhar um sol que estava magnífico. E andar pela quinta, que mesmo neste tempo tem o seu encanto



Os choupos estão de folha caída, mas lá para o verão, verão como a coisa muda. Prometo uma reportagem em grande. Espero que o Gil contribua com algum, pois não sou de capinar sentado. Mas isso serão contas de outro rosário.

Entrando na bela sala, onde uma lareira "medieval" tem uns tronquitos a arder, o suficiente para aquecer q.b (quanto baste, sigla dos mestres cucas), fico por ali a rever os camaradas, uns já velhos de tantas guerras, outros ainda com a plumagem a mostrar-se.


A sala é bonita mesmo, toda em pedra, adaptada das antigas instalações da quinta. Aliás sucede assim por toda a herdade. O convívio torna-se agradável, a conversa amena, talvez aqui e ali recordando-se passados que doeram e ninguem quer esquecer. Em primeiro plano o Martins velho e o Carlos Costa, artistas do Fado, este último prisioneiro na Índia, mas com grandes estórias que nos deleita quando as conta.


As petisqueiras foram-se sucedendo e nada como umas boas tripas como prato forte. Não serão à moda antiga, quando a plebe portuense doou toda a carne para as frotas do Infante D. Henrique e apenas ficou com as vísceras. Agora são prato de rei, incluindo presunto, frango, diversas e saborosas qualidades de chouriços e claro, uns feijões brancos porque o pessoal nunca se habituou só à carne. Para um cheirinho especial, a salsa e uns cominhos são indispensáveis. E um belo arroz dourado nunca se despreza.Acontece que a seguir tive dois convites. Um concerto em Grijó pelo grupo de fados de Coimbra, dos meus amigos David Guimarães e Carlos Costa, e um outro para o retiro do Restaurante S. João, onde o Fado Amador, ou Vadio, é rei. Aceitei este último, porque bem mais próximo de casa, porque o frio me assusta, porque, porque...


...Porque aconteceu os Manos Martins me terem entusiasmado. O tempo é por demais bem empregue. E um bom Fado de Coimbra é sempre ouvido com prazer. Tive o gosto de conhecer o José de Castro, bela voz. E que maluqueira me deu... Liguei o telemóvel para o David e pu-lo a escutar o José. Logo recebi a resposta, traz o contacto. Quando se chega a uma certa idade, parece que voltamos a meninos.


Vários e várias artistas cantaram e bem o fado tradicional. Há quem o chame de Lisboa, mas para mim o Fado é Fado. Mas houve algo que me fez ficar alerta, como no tempo em que ouvia um trovejar e ficava a contar os segundos até à explosão. Soou-me o nome do camarigo Mexia Alves e há que averiguar o porquê. Apenas e só, porque o seu Fado Montemor de Praça Cheia estava em disputa. Pena que não fosse cantado, vá lá eu saber o porquê. Mas o meu amigo pode ter a certeza, mesmo tendo o seu fado sido "roubado" por profissionais, aqui no Porto, ou melhor dizendo, em Gondomar, é sentido e conhecido por esta malta do Vadio.
Tenho de apresentar os meus ex-camaradas, os Martins. O mais novo, cantor e de bela voz, foi para a Guiné já eu tinha regressado há muito. O mais velho, o guitarrista (primeiro da esquerda), aconteceu precisamente o contrário. Curioso, ambos são Bombeiros, o mais velho de Gondomar e o mais novo de S. Pedro da Cova. Coisas da vida.


Para a noite acabar em beleza, o grupo da Lagoa veio cantar as Janeiras. Que mais podemos desejar depois de belos convívios, óptimas comidas e bons fados ? Apenas noites de bom sono. Foi o que aconteceu comigo no fim de semana passado. Com a temperatura a menos de 3 graus.
Amanhã há mais. Tabanca de Matosinhos, Bando do Café Progresso e o que mais se verá.
-- Jorge/Portojo