segunda-feira, 8 de março de 2010

VOO 1536 AINDA OS MOTOCICLOS.


Gil Moutinho
Fur.Pil.
Gondomar

Caro amigo Vítor e todos os outros

A minha relação com as duas rodas é inexistente.Terminou precisamente na BA12,nunca mais pus o rabo

em cima d’alguma dessas duas rodas.Passo a contar.

O grupo operacional tinha um motociclo,salvo erro,de 50 cc,marca Honda? Com mudanças automáticas e

com pedais,que serviam para o primeiro impulso e em sentido retrógrado de travão à roda traseira,e no

qual nos deslocávamos dentro da base,desde que estivesse disponível.

Com essas duas rodas sempre tive uma boa relação(digo, nunca caí).

Havia vários proprietários de potentes motos e que tinham sempre assegurada a venda no fim da comissão,pois

mais ou menos piras havia sempre interessados na sua compra.

Pois na altura,o malogrado Fur.Ferreira(abatido na zona de Guidaje),meu companheiro de quarto,era proprietário



De uma SUZUKI ou seria YAMAHA DE 80cc comprada a alguém em fim de comissão.

Pois um dia(na véspera do abate do T.Cor.Brito-esta história é-me custoso de contar por estar relacionada

com todos estes tristes acontecimentos)numa brincadeira,aparentemente sem perigo,e ao parar/travar a mota

junto ao acesso dos nossos quartos,já tendo um pé em apoio no chão,a mesma teve uma pequena derrapagem de traseira,o que originou uma grave rotura de ligamentos internos do joelho esquerdo c/arrancamento de osso.

Fui para o H.Militar,depois de na Base terem verificado da gravidade da situação,onde depois de “n”horas,num

corredor em maca,fui finalmente visto.Entretanto o joelho já tinha o dobro da dimensão normal,e depois do RX

da praxe, foi colocado gesso,e verifiquei depois,com uma camada ínfima de algodão por baixo da malha de

suporte do gesso.

Regressei à Base e fui internado na enfermaria,com imensas dores e um traumatismo violento.No mesmo dia(?)

ou seguinte entra pela enfermaria dentro o Furr.Pil S.que a limpar a Walther distribuída.enfiou uma bala abaixo do

joelho e que saiu pelo tornozelo,passando eu a ter companhia no infortúnio.

Nesse dia passámos horas seguidas sem que aparecesse alguém,o que era muito estranho,infelizmente a explicação era a acima referida(estavam todos em alerta pelo TCor Brito)

Passados alguns dias ,melhorando,fui para o quarto,Entretanto com a alta humidade existente,o gesso ia

ficando em pó,o que dava uma comichão horrível,só amenizando com um cabide de arame plastificado que

Introduzia por dentro do gesso(a perna entretanto tinha desinchado e havia folga).Entre partir o gesso,e ir no dia seguinte à enfermaria pôr de novo,e fazer serviços na sala de operações,pois estava disponível(obrigado) e não

podia voar,passei tempos difíceis.Acompanhei muito em directo,na sala de Operações todos acontecimentos

da época (Baltazar,Ferreira,Mantovani..)

Passados 10 anos ainda tinha sequelas desse acidente.

Motociclos nunca mais!De carro também os tive,mas continuo.

Um abraço

Gil Moutinho