quinta-feira, 18 de março de 2010

VOO 1552 A SEGURANÇA NO AB7.



Augusto Ferreira

Sarg Melec Av/Inst
Coimbra

Dispositivos de Segurança do AB7-Tete

Amigos venho hoje à linha da frente, para vos falar dos sistemas de segurança, instalados no nosso AB7 nos anos 72/74.

O exército colocou lá um grupo de companheiros. que eram responsáveis pela manutenção e operação de anti-aéreas e de morteiros 80. Um deles era o Fur. Quen Gui ( nos morteiros), um amigalhaço do pessoal da FAP, de descendência chinesa e grande basquetebolista nacional naquela altura.

Os T6G à tardinha faziam o habitual “revis”, observando detalhadamente todo o espaço que circundava o aérodromo e se tudo estivesse normal, o avião regressava encerrando-se mais um dia.

Porém se durante a operação se notasse algo de anormal, acontecia pontualmente nova descolagem, com armamento instalado para largada.

Também por vezes, o armamento pesado do Exército instalado no AB7, entrava em acção. E companheiros, quando estas situações nos apanhavam desprevenidos, o pânico instalava-se de imediato, porque os disparos destes equipamentos não são brincadeira nenhuma, pois estremecem tudo e naqueles momentos, não éramos capaz de identificar, se os disparos eram de dentro para fora se de fora para dentro.

Além destes dispositivos, estavam os postos de sentinela, distribuídos por todo o perímetro do Aérodromo, que garantiam o resto da segurança.

Já nos meses finais daquele ano de 1974 (A seguir ao 25 de Abril ), foi estranho para mim ver, quando efectuava as rondas nocturnas, num posto um soldado da FAP e no a seguir um da Frelimo.

Afinal naqueles últimos meses 74 nós estávamos de alerta nos postos para quê? Se o “inimigo” já lá estava dentro connosco a comer e a dormir. Estranho não acham?

Terminei a comissão regressando à “Metrópole”, numa altura em que os elementos da Frelimo já tomavam as refeições conjuntamente com o pessoal da FAP e começavam a tomar conta das secretarias, onde alguns tiveram o primeiro contacto com uma máquina de escrever.





Em anexo uma foto comigo junto a um morteiro e outras duas, com o nosso companheiro OCART Onildo Rosa com ar de guerrilheiro, mas só para a fotografia. Uma junto a um morteiro e outra sentado numa anti-aérea.

Termino enviando o habitual abraço para todos os Zés Especiais da nossa Linha da Frente, extensivo à Cabine de Pilotagem desta aeronave.

Até breve

Augusto Ferreira