segunda-feira, 5 de abril de 2010

VOO 1587 O PIFAS...QUEM SE LEMBRA?



Giselda Pessoa

2ºSarg.Enfª.Paraqª.

Lisboa


Miguel Pessoa

Cor.Pilav.(Refº)

Lisboa



UM RÁDIO CLÁSSICO...

Pouco se tem falado do Programa de Informação das Forças Armadas - PIFAS - e não será agora que vou esclarecer algo de significativo sobre esta matéria. Mas a leitura de algumas referências ao Pifas fez-me olhar com mais atenção para a parte superior do armário da minha cozinha, onde - há já uns tantos anos - repousa, mudo e quedo, um rádio muito especial.

Lamento se possa dizer algumas imprecisões, mas o tema passa-me bastante ao lado, apenas me lembrando vagamente da existência do programa pois não era hábito meu ouvi-lo.

Por isso prefiro deter-me um pouco mais no rádio que já referi, o qual está na posse da Giselda - pelo menos desde 1973, o que nos faz retroceder ao tempo da nossa estada naquele território.

A história foi-me contada pela Giselda, então enfermeira pára-quedista na Guiné, que se cruzava frequentemente na zona do Grupo Operacional da BA12 com dois militares ligados às missões de acção psicológica desenvolvidas no território da Guiné, o Cap. Otelo Saraiva de Carvalho e o Maj. Carlos Fabião. À data uma das acções desenvolvidas era a sensibilização da população através da distribuição de rádios. E, sucedendo na altura que aqueles oficiais aguardavam um transporte aéreo que lhes possibilitasse a distribuição desses rádios, a Giselda dirigiu-se-lhes na brincadeira, dizendo que não se importava de ficar com um rádio daqueles. A verdade é que essa aproximação não teve resultados práticos imediatos mas, passados uns dias, estando a Giselda presente no Grupo Operacional, teve a surpresa de ver o Cap. Otelo dirigir-se-lhe com uma caixinha contendo o rádio que podem ver nas fotografias, segundo ele no cumprimento de instruções do Maj. Fabião, que lhe oferecia aquele aparelho.

Debruçando-nos sobre o rádio,


verificamos que é da marca Silver, "made in Japan", funciona com três pilhas das grandes, de 1,5 v cada, apenas recebe onda média e, requinte adequado para aquela zona, refere ser "insect proof", o que, melhor analisado, se justifica pela existência de uma rede de malha pequena que protege os orifícios de arrefecimento da "aparelhagem", impedido a entrada de insectos para o seu interior.

O mais curioso do rádio é que o sintonizador rotativo estava naquele caso particular (não posso garantir que fosse em todos) colado na frequência do Pifas, o que impedia a sintonia do aparelho noutras emissões menos favoráveis às nossas cores...

Claro que isso não é contrariedade para "português desenrasca" pelo que rapidamente esse bloqueamento foi desfeito e, no regresso a Lisboa, lá fomos ouvindo as emissões que por aí atravessavam o éter... em onda média, claro...

O tempo se encarregou de fazer esquecer a presença do rádio, calmamente no seu poleiro. As memórias que me retornaram nestes últimos tempos levaram-me a retirá-lo do seu descanso, tirar-lhe umas fotografias e mandá-lo limpar - na verdade o seu estado de saúde é muito razoável, o que pressagia que ele possa rapidamente regressar às lides. E, enquanto houver pilhas grandes e emissoras de onda média, lá iremos de vez em quando matar saudades do tempo em que o rádio era um elemento importante para mantermos a saúde mental por aqueles lados.

Miguel Pessoa

VB: Lembram-se do nome do apresentador do programa? Se a memória não me atraiçoa,era o João Paulo Dinis.
E aquele mítico ouvinte que pedia um disco assim:
-Di Cátio Camara Jaló pede o disco do Gianni Morandi, "Não só digni de bó!".