Victor Sotero Cavaleiro
SargºMor EABT(rEFº)
Damaia
Meu Comandante:
As minhas saudações aeronáuticas a toda a linha da frente e aos "ZÉS ESPECIAIS" que nos "visitam"
Veio-me à lembrança um episódio pitoresco que se passou comigo e com a minha turma de alunos nas aulas regimentais, no primeiro andar do hangar da manutenção do A.B.3-NEGAGE.
Logo que fui colocado nesta unidade, passado pouco tempo, ofereci-me para dar aulas como monitor das aulas regimentais.
-Estava dispensado das formaturas de recolher, da 1ª e 3ª refeições e podia usar traje civil aos Sábados de tarde, Domingos e feriados.Não era para mim o mais importante.
O mais importante, era ensinar a ler e a escrever quem não sabia absolutamente nada.
As aulas eram ministradas no hangar da manutenção, em salas preparadas especialmente para o ensino. Estavam mobiladas com as "carteiras" para duas pessoas, que levantavam uma tampa de cada lado e ao meio tinham um tinteiro em porcelana para tinta permanente.Quem queria, podia utilizar as canetas de madeira com os aparos. Outros, usavam já as famosas esferográficas "BIC-LARANJA".
Por volta das cinco da tarde, eu saía da Esquadrilha de Abastecimento e deslocava-me para o hangar a fim de dar início às aulas.
-Era ao fim de uma tarde de um dia muito "trovejado"!
Viam-se relâmpagos, trovejava e chovia por tudo quanto era sítio.
A sala, mesmo que iluminada, tornou-se muito escura parecendo já noite.
Respirava-se dentro da sala um certo clima de apreensão pelo respeito que a enorme trovoada nos impunha.
Para tentar desanuviar o ambiente, lembrei-me que dentro da minha pasta tinha um desenho a tinta da china que fiz passar pelas carteiras a fim de ser visto pelos alunos.
Tendo perguntado se alguém sabia o que era, ninguém me soube dizer.
Então, porque tinha confiança com o Álvaro, (rapaz a quem por diversas vezes já lhe tinha escrito aerogramas para a família), pedi-lhe que olhasse por instantes para a "imagem" que estava dentro do circulo preto e que não pestanejasse, mesmo quando olhasse para a parede.
Passados alguns momentos, digo-lhe para olhar para a parede sem pestanejar. Haveria de ver uma "roda" amarelada e depois...
Ao mesmo tempo que olhava para a parede, e começa a "ver"..., a sala iluminou-se com um intenso clarão de um relâmpago logo seguido de enorme ribombada de trovões.
Todos ficaram assustados, mas o Álvaro, aos gritos, saltou da carteira, abriu a porta da sala de aulas e correndo escadas abaixo, atravessando o hangar, sempre a correr, foi para a placa sem ninguém o poder ter tido parado.
Os nossos "ZÉS" que ainda estavam no hangar de volta de um DO-27, ao verem tal "espectáculo", gritavam: -Está cacimbado!
Quiseram saber o que se tinha passado.Então, mostrei-lhes o desenho que tinha comigo. Era uma espécie de "negativo" fotográfico que a nossa visão transforma em imagem de Cristo.O Álvaro, naquele fim de tarde tinha visto Jesus Cristo na parede da sala, no meio de uma enorme trovoada.
No dia seguinte, alguns "ZÉS ESPECIAIS" andavam com o desenho na mão e a olhar para o Céu.
Impressionaste: -Viam a imagem de Jesus Cristo no Céu!
Ao Comando, a toda esta magnifica Linha da Frente, as minhas saudações aeronáuticas.
Sotero
Nota.:-Atrasado mas comungando dos aniversários dos nossos Comandantes, desejo que mais um ano seja de inteira felicidade.
Peço desculpa pelo atraso.
VB: Bom Dia,Sotero.
Realmente estávamos a estranhar a ausência dos teus voos.
Quero,em meu nome pessoal e do Augusto,agradecer-te os parabéns que nos desejas-te,nunca é tarde para os verdadeiros amigos manifestarem os seus sentimentos.
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