sexta-feira, 11 de junho de 2010

VOO 1776 UMA HISTÓRIA DO DR.FANTÁSTICO.





Jorge Mariano

Alf.Mil. Eng.Quimº.
Coimbra



Caros Amigos
Peço desculpa desta ausência mas estive a tentar decifrar o significado do Filme o Dr Fantastico, mas quando descobri fiquei muito honrado pela distinção que o Victor Sotero me arranjou.
Isto claro é desculpa…mas atenção todos os dias passo pela “linha da frente” a ver o movimento e está a aumentar a olhos visto…
Penso que não seria mau o comando pensar em reservar um espaço (não sei como se diz na gíria aeronáutica) no futuro?! …próximo aeroporto de Alcochete, pois de certeza já esgotamos os movimentos possíveis no “Figo Maduro” e por nossa causa já começaram a chamar-lhe “Figo Seco”.
Fiquei emocionado ao ver as fotos do Pierre, que recordo perfeitamente, bem como do nosso Comandante Moura Pinto e Ten Cor Almeida Brito.
Hoje envio a estoria da minha viagem para a Guiné e dos momentos caricatos que revestiu.

Legenda:Da Esq/Dirª(vou ajudar-te Jorge...) o 5º Cap.Pilav.Pedroso de Almeida 9ºFur.Pil Cabanelas,15ºJorgeMariano e o 16º Ten.Pilav Matos. Os outros...
Foto:Jorge Mariano

Legenda:Mais uma ajuda Jorge,da Esq/Dir.Jorge Mariano,Ten MMARME Serafim e depois só reconheço o calvo,que é o Ten.Pilav Mota.
Foto: Jorge Mariano(direitos reservados)

E para amenizar enviava duas fotos de “comemorações” … pode acontecer que esteja por aí alguém á escuta e se acuse eu nunca mais vi ninguém nem sei os nomes de ninguém.
Trechos do discurso do António Barreto no ultimo 10 de Julho mereciam ser divulgados. Conseguiu emocionar-me…

Abraço

Jorge Mariano


A minha partida á quarta tentativa num DC6 da FA


Depois da emoção natural da despedida familiar, nessa data além de mulher tinha dois filhos, parti de Coimbra de Comboio para apanhar o avião em Figo Maduro no dia 25 de Janeiro de 1971 pelas 21h00.
Chegados após as verificações entregues as bagagens, após uma longa espera fomos informados que por avaria técnica o voo ficava adiado 24 horas. Que fazer? ficar em Lisboa regressar a Coimbra…
Bom lá fui de táxi até á Av. Dos Estados Unidos da América onde vivia a minha irmã e o meu cunhado que me emprestaram o Datsun 1200 e lá fui para Coimbra, no dia seguinte á mesma hora depois de mais despedidas lá fui para Figo Maduro. Entramos no Avião, fomos até ao fundo da pista e esperamos longo tempo mas regressamos ao estacionamento havia uma falha de pressurização da cabine. Adiada a partida por vinte e quatro horas.
A mesma cena lá fui ter a casa da minha irmã lá pedi o automóvel e lá fui para Coimbra. No dia seguinte pelas 21h00 levaram-me ao Aeroporto entramos no avião e finalmente descolamos ao meu lado seguia um Tenente também da Força Aérea com cerca de 40 a 45 anos, que eu não conhecia e que não era muito falador. Como é meu hábito fui fazendo o meu filme:- “deve ser um piloto, provavelmente veio de Sargento, deve ser um homem experiente”
Eu não ia muito confiante naquele aparelho era o meu baptismo de voo, aquelas cíclicas entradas em ressonância da estrutura não me agradavam muito.
Deveríamos estar com uma meia hora de voo quando o meu colega do lugar chegado á janela com ar de pânico enorme, me diz o motor dois do meu lado está a largar óleo, olhei não me pareceu óleo mas confiei. A notícia correcta chegou depois, existia uma avaria, estávamos a largar gasolina porque iríamos regressar a Lisboa.
Em casa da minha irmã a cena repetiu-se, já todos se riam quando eu batia á porta pelas 3 da manhã, lá fui de novo para Coimbra e lá regressei no dia seguinte.
Há 4 tentativa foi de vez e lá seguimos para o Sal sempre voando sobre o mar e daí para Bissalanca. A viagem correu sem mais problemas.
Chegado a Bissalanca quando a porta do avião se abriu e saí tive a sensação de alguém tinha destapado uma panela de água a ferver tal era o calor e a humidade fiquei de imediato todo suado. Esperava-me o oficial que eu ia render o Alf. Engº Antunes, que nunca mais encontrei de quem sei apenas que trabalhou na celulose em Vila Velha do Rodão. O Eng Antunes queria regressar no mesmo voo que partia á tarde desse mesmo dia pelo que de imediato arranjou um jeep e levou-me a Bissau para me apresentar ao Major de Contabilidade e Administração, cujo nome já não recordo, de quem dependia. Depois regressado á BA12 arranjou-me quarto, apresentou-me ao pessoal da secção de combustíveis, que ia chefiar: - Sarg Junqueira um cabo e três praças nas bombas auto e os 6 da linha da frente.
Informou-me também nessa altura que existiam também combustíveis diversos locais, espalhados pelo mato, mas recomendou-me: -se alguma vez te quiserem levarão mato não vás. Comigo, dizia ele, também insistiram mas nunca fui é muito perigoso.
Da parte da tarde apresentou-me a toda a gente, Secretaria, Secção Auto, Armamento etc , até ao Batalhão de Pára-quedista me levou, e pelo fim da tarde partiu.
Depois alguém me convidou a ir a Bissau comer uns camarões ali para os lados da Amura. Vesti a farda civil e lá fui.
Aqui faço um parêntesis para enquadrar melhor a cena que se segue.
Eu tinha conhecido muita gente nos últimos anos em Coimbra na Universidade durante 3 anos tinha sido Assistente de uma disciplina comum a todas as Engenharias que tinha 250 alunos por ano, depois fui para Mafra eram mil e tal cadetes, depois estive no Departamento da FA onde se comprava a gasolina mais barata para os carros particulares, ali próximo do Saldanha, dezenas de pessoas por dia, depois fui para a Ota dar aulas onde além de serem muitos o tempo de contacto era pequeno, eu dava ferramentas?! depois naquele dia na BA12 tinham-me apresentado muita gente.
Retomando a historia, entrando eu no tal café dos camarões em Bissau, vejo uma cara conhecida á porta.
Faço uma grande festa, talvez mesmo excessiva, um grande abraço e a pergunta fatídica: Então também por aqui? Onde é que estás?
A resposta caiu-me como uma bomba: - Eu na BA12 sou o seu Sargento!.
Ainda hoje não pergunto a ninguém donde nos conhecemos… A minha imagem junto do Sarg. Junqueira levou meses a consertar!…
É verdade, o colega de banco do avião, que eu julgava um “bravo piloto”, era um tenente da Secretaria tão medroso que nem a Bissau ia com medo das emboscadas.

VB.Olá Jorge,realmente estávamos a estranhar a tua ausência na pista,já fazia algum tempo que não aterravas.
Esta estória que nos contas sobre as avarias do DC 6 eram muito frequentes.Comigo também foram umas três tentativas,agora o vires todos os dias para Coimbra,era obra.
Não te esqueças que temos o encontro no dia 4 de Setembro,conforme o anuncio no blog,vamos lá a inscrever-te.